抖阴社区

CAP?TULO 07.

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Não tão distante dali, porém mais próximo do entardecer, Elaric, que havia se encontrado com Gorin, seu fiel amigo de caça e aventuras na floresta, voltam de uma trilha. Eles estão em suas montarias, e o que fazem? Discutem a respeito de Bela, a beldade por quem o convencido caçador está interessado e que a mesma recusou o seu pedido de casamento naquela manhã. Inconformado, o ruivo expressa sua indignação sob confidência com o colega:

— [...] Nem nos meus mais insanos sonhos eu imaginei um desfecho assim, Gorin. — Segue com um olhar descrente para um vazio à frente e, à medida em que os cavalos avançavam, — Como ela pôde me rejeitar daquela forma? Usando como desculpas toda àquela balela sobre se "casar por amor"? E tudo pra quê? Me ridicularizar? Me tratar como um porco no lamassal?! Ahh não... Isso é demais para um homem. — Exclama o rapaz com notória raiva evidente em sua voz.

— É, meu amigo... — Suspira. — Eu bem que te avisei sobre o mal negócio que você iria fazer escolhendo a mais "espinhosa" das "rosas", dentre tantas outras no seu jardim, e que, por sinal, não pensariam duas vezes caso fosse o contrário. — Ele pontua. — E eu lamento que não tenha saído como o planejado. De verdade... Mas, vida que segue. Não é o que dizem?

— Não, Gorin. Eu não... Isso não vai ficar assim. Bela certamente não sabe com quem está lidando. — Retruca o rapazote em tom de recusa. — Ela não sabe. — Enfatiza. — Mas vai saber. Vai sim... E quando menos perceber, será minha esposa. Guarde minha palavras.

— Elaric... O que é aquilo? — Acena com a cabeça o rapaz de cacheadas mechas negras.

De repente, ambos avistam à beira da estrada um homem abatido, caído no chão com muitos ferimentos. O mesmo parece ter sido espancado brutalmente. Coberto de hematomas e roupas rasgadas, o cenário exibe a cena de um ataque à beira da estrada, e a vítima da história, agora está ali, abandonada à própria sorte.

— Ihh... Ele parece mal... Devemos ajudá-lo?

— Outro que faça isso. Não somos os únicos a passarem por essas bandas. Logo alguém irá socorrê-lo. Vamos...

— Mas ele pode morrer se não fizermos nada, não acha? — Insisti Gorin aos questionamentos.

Olhando o pobre sujeito do alto de sua montaria, com um olhar frio que se estendeu por alguns segundos, Elaric dispara:

— Já tenho problemas demais. — Pontua simplesmente, seguindo caminho, sem emitir mais nenhuma palavra dali em diante, apenas avançando com o cavalo para que galopasse mais depressa e para longe dali. Gorin, apesar de relutante, seguiu-o a galope logo atrás, no intuito de alcançá-lo.

Já é a sexta hora do dia quando o sol começa a declinar no horizonte, tingindo o céu em tons dourados, num sinal de boas-vindas à noite que se aproximava. À beira da estrada, vêm Jacques, o bivitelino irmão gêmeo de Elaric, que havia passado por ali mais cedo, a caminho da casa de Maurice. O artesão da aldeia havia feito mais uma entrega de seus valiosos serviços: uma bela mesa de carvalho adornada com intrincados entalhes para a casa do "Chefe dos Ceifeiros".

Ao avistar o sujeito abatido, apressa sua montaria acoplada à charrete e, descendo dela com um cantil envolto ao tronco, foi até o homem socorrendo-o com prontidão:

— Consegue me ouvir? — Questiona num tom de preocupação, colocando-o sob seu colo enquanto ele emite alguns gemidos nos intervalos fracos de outros suspiros. — Calma, calma... — Sob cuidados, ele deu-lhe de beber do próprio cantil, usando dele também para limpar parcialmente os rastros de sangue que encobriam o seu rosto.

— Obrigado... — Balbucia.

— Não me agradeça ainda. Venha. — Com a mesma cautela, ele apanha o homem com a força dos braços e o coloca na charrete, no intuito de conduzi-lo rapidamente até a aldeia para que venha receber os cuidados necessários.

? A FERA SOU EU ?Onde histórias criam vida. Descubra agora