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CAP?TULO 13.

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Anya estava na sala, sentada em um dos móveis de assento, os calcanhares calçados batendo freneticamente contra o assoalho, num compasso impaciente. Reclinava o tronco sobre as próprias pernas, as mãos unidas deslizando uma sobre a outra, enquanto os dedos se enredavam em um vaivém inquieto. Ela era a própria definição de:

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— ❝ Sofrer por antecedência... ❞ . —

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Ao longe, o som de galopes rompeu o silêncio, e a claridade do horizonte denunciou a aproximação das silhuetas que ela tanto ansiava. Sem demora, apressou-se para confirmar o que seus olhos já lhe diziam: eram eles. Seu pai e seu irmão.

O primogênito de Maurice desmontou do cavalo com um semblante quase vazio, o olhar perdido em um abismo que só ele via. Anya correu ao seu encontro, os braços envolvendo-o num suspiro de alívio. As mãos pequenas pousaram em seu rosto, certificando-se de que ele estava bem.

Mais atrás, Maurice aproximava-se, trazendo consigo a capa de Bela. Assim que o viu, Anya correu para abraçá-lo, e ele, embora acolhesse o gesto com sinceridade, logo se desvencilhou, em silêncio. Seguiu para a portinhola de entrada, abraçado àquele tecido que ainda guardava o perfume da filha mais moça e amada.

Diante da porta, sua mão sobrepôs-se ao madeiro, os dedos cerraram-se, e um tremor tomou-lhe o punho. A dor transbordava, violenta. Ele bateu, uma, duas, três vezes, até que a força se esgotasse e seus joelhos cedessem, afundando no pó da terra. Agora, apoiado no cercado, chorava.

O pranto que o sufocava rasgava-lhe o peito, e o grito que teimava em sair vinha distorcido, como se sua própria voz não suportasse a dimensão da dor.

Desmoronado...

Seu rosto encontrou o solo, e os dedos comprimiram a terra, transformando o pó em lama salgada por suas lágrimas.

Então, o galo cantou.

Foi nesse instante que Anya e Ulisses trocaram um olhar. Os olhos marejados carregavam o peso da culpa. A dor de um pai que, mais uma vez, via-se condenado à perda era um espelho onde ambos se enxergavam. Eles se lembravam do sorriso, do olhar e das mãos que, outrora, o abraçavam com carinho. Mas e eles? O que tinham para recordar? Que lembranças poderiam calçar seus dias com doçura e consolo?

Aproximaram-se, hesitantes, prontos para ampará-lo. Maurice não resistiu. Não havia forças para lutar contra o peso do próprio luto. Aceitou o amparo dos filhos, deixando-se conduzir para dentro de casa.

Já em seus aposentos, repousado no leito, ele fixava um ponto vazio. Um lugar que não existia, mas que sua mente insistia em tornar real.

Anya entrou na alcova, trazendo uma bandeja de prata com um desjejum disposto sobre ela. Sentou-se à quina da cama e, com delicadeza, buscou a mão do pai.

— Meu pai… — chamou, a voz suave, quase um sussurro. — Precisa comer.

Ele não reagiu. Seus olhos continuaram vazios.

— Olhe, fiz um bolo de especiarias com mel… O seu preferido.

Tentou um sorriso, mas foi em vão.

— Vamos, meu pai… Coma. Bela gostaria que fizesse isso. Não acha?

Maurice piscou lentamente, como se estivesse despertando de um devaneio. Seus lábios tremeram antes de balbuciar:

— Onde Bela está?

? A FERA SOU EU ?Onde histórias criam vida. Descubra agora