抖阴社区

                                    

Duzentos não era apenas “um pouco” abaixo do mercado – não estava nem no mesmo universo do mercado.

— O anúncio nem tem foto. – argumentei. – Outro sinal de que tem alguma coisa errada. É melhor ignorar e continuar procurando.

Porque, sim, eu ia ter que ir ao tribunal na semana seguinte se não me mudasse antes; e, sim, morar em um apartamento tão barato me ajudaria a ter algum controle sobre minha vida e talvez até me impedisse de terminar na mesmíssima situação em questão de meses. Mas já fazia mais de dez anos que eu morava na região de Chicago. Era impossível que uma oportunidade tão boa em Lincoln Park não fosse a maior cilada.

— Chae. – O tom de Tzuyu era calmo e paciente, e mais do que um pouco condescendente. Precisei me lembrar de que ela só estava tentando ajudar, de um jeito bem Tzuyu, e me contive. – A localização do apartamento é ótima. Você não vai ter dificuldade para pagar. E fica perto o bastante do metrô pra você chegar rapidinho nos seus trabalhos. E, se as janelas forem mesmo grandes, deve entrar bastante luz natural.

Arregalei os olhos. Não tinha pensado na iluminação quando li o anúncio. Mas, se o lugar tinha mesmo janelões dando para o lago, Tzuyu devia estar certa.

— Talvez eu consiga voltar a criar de casa. – comentei.

Fazia quase dois anos que não morava em um lugar com uma iluminação boa o suficiente para trabalhar nas minhas obras. E sentia mais falta disso do que gostaria de admitir.

Tzuyu sorriu, parecendo aliviada.

— Exatamente.
— Tá. – cedi. – Vou pelo menos pedir mais informações.

Tzuyu apoiou a mão no meu ombro. Seu toque caloroso e firme me acalmou, como sempre acontecera todas as vezes que eu precisara desde que éramos crianças. O nó de ansiedade que parecia ter se instalado permanentemente na boca do meu estômago naquelas duas semanas começou a afrouxar.
Pela primeira vez em um tempão, senti que conseguia respirar outra vez.

— Vamos ver o apartamento e conhecer a pessoa antes de tomar uma decisão, lógico. – disse ela, rápida. – Posso até negociar, se você não quiser se comprometer em ficar um tempo mínimo. Assim, se for péssimo mesmo, você pode ir embora sem quebrar outro contrato.

O que significaria que eu não precisaria me preocupar com a possibilidade de ser arrastada para o tribunal por outro proprietário furioso.

Sinceramente, seria ótimo. Se a pessoa se revelasse um assassino com um machado, um membro do Partido Libertário ou qualquer outra coisa terrível, um acordo sem tempo mínimo de locação me permitiria ir embora a qualquer momento, sem nada que me prendesse.

— Você faria isso por mim? – perguntei.
Novamente, me senti mal por minha falta de paciência com ela.
— Pra que serve meu diploma de direito?
— Bom, poderia servir pra ganhar uma porrada de dinheiro pro seu escritório, em vez de pra ajudar pessoas que não param de fazer cagada, como eu.
— Já estou ganhando uma porrada de dinheiro pro meu escritório. – garantiu ela, sorrindo. – Mas como você não quer um empréstimo…
— Não quero mesmo. – insisti.

Tinha sido escolha minha fazer pós-graduação em algo que não dava dinheiro e acabar soterrada em dívidas de financiamento estudantil e com poucas perspectivas de emprego. Não ia tornar aquilo problema de mais ninguém.
Tzuyu suspirou.

Morando com uma Vampira - MichaengOnde histórias criam vida. Descubra agora