抖阴社区

                                    

Mina passou os olhos pelo meu corpo, e seu nariz se franziu um pouco quando ela notou minha mão esquerda porcamente enfaixada. Será que ela era capaz de sentir o cheiro do corte ali? Eu não queria pensar a respeito.
Ela franziu a testa.

— O que aconteceu?

Escondi a mão machucada atrás das costas.

— Não é nada. – respondi.

Aquilo era verdade. A visita da tarde ao centro de reciclagem tinha sido produtiva: eu havia encontrado pedaços de sucata grandes que poderiam ser úteis, só precisava voltar para pegá-los quando pudesse usar o carro de Tzuyu. Na saída, no entanto, prendi a mão na parte de baixo de um banco de bicicleta velho. O impacto foi menor do que o de um corte de papel feio, e o machucado parou de sangrar quase imediatamente, mas o funcionário do centro de reciclagem tinha surtado. Começou a tagarelar sobre risco de tétano e imputabilidade e insistiu em enfaixar minha mão antes que eu fosse embora.
A perspectiva do encontro com Mina estava me deixando tão nervosa que eu havia esquecido de tirar a faixa exagerada e trocar por um band-aid de tamanho mais apropriado.

— Não parece que não é nada. – retrucou Mina, ainda me encarando. Ela parecia genuinamente preocupada. – Mostre para mim.

Ela se inclinou para mais perto, e senti o cheiro do xampu que ela devia ter usado antes de vir. Sândalo e lavanda. A lembrança olfativa daquele momento à porta do banheiro – eu só de toalha, pingando – me atingiu com tudo, mandando embora qualquer pensamento racional.
Enfiei as unhas na palma das mãos antes que pudesse fazer alguma idiotice. Como passar os dedos pelo cabelo grosso e sedoso dela em um local público.
Depois de me inclinar para que apenas Mina pudesse me ouvir, eu meio que sussurrei, meio que sibilei:

— Não vou mostrar a uma vampira um machucado que uma hora atrás estava sangrando. – meu tom foi mais duro do que eu pretendia, e ela fez uma leve careta. Me esforcei para ignorar a pontada de culpa que senti. – Só… confia em mim. Está tudo bem. Ok?

Ela baixou os olhos para a mesa.

— Ok.

Olhei para o balcão, onde Katie estava moendo café para a manhã seguinte. Era uma noite tranquila, sem fila.

— Vou pegar um café. – anunciei, apontando para o balcão. – Quer alguma coisa?

Mina balançou a cabeça.

— Não. Sou incapaz de consumir qualquer coisa além de…

Em vez de concluir a frase, ela arqueou uma sobrancelha. O moedor de café voltou à ação, fazendo um barulho alto e abrasivo.

— Ah. – fiquei me perguntando se deveria saber daquilo. Não me lembrava se Spike ou Angel bebiam café em Buffy. – Nunca?
— Seria como se você tentasse consumir metal. – disse ela, baixo. – Meu corpo simplesmente não reconhece nada além de você-sabe-o-que como forma de nutrição.

Eu queria ouvir mais sobre aquele assunto. Mina nunca havia consumido nada além de sangue desde que se tornara vampira? Era difícil conceber aquilo. Para início de conversa, parecia algo incrivelmente ineficiente. Presumindo que as necessidades calóricas dela fossem mais ou menos iguais às de um humano do mesmo tamanho, quanto sangue ela teria que beber todos os dias?
Mais que tudo, no entanto, se alimentar de uma única coisa literalmente para sempre parecia horrível. E um tédio.
No entanto, eu podia deixar minhas outras perguntas em relação a seus hábitos alimentares para depois.

— Posso te acompanhar enquanto você compra sua bebida? – Mina olhou para os outros clientes do Gossamer’s, notando que cada um deles tinha alguma comida ou bebida à sua frente. – Como explicarei em maiores detalhes em breve, preciso me adaptar à sociedade moderna. Faz mais de cem anos que não peço um café. Desconfio que o processo tenha mudado.

Morando com uma Vampira - MichaengOnde histórias criam vida. Descubra agora