Wrong Number, Right Fate - Polin

"Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante"
•••

— Pen.

A forma como ele disse aquilo — o apelido saindo de sua boca pela primeira vez, em um tom baixo e quase reverente — fez o estômago dela despencar.

De todas as possibilidades, de todas as imagens que sua mente havia criado sobre ele, nenhum cenário a preparou para a realidade de estar diante dele.

Colin era alto, mais do que ela imaginava. Os cabelos castanhos estavam ligeiramente bagunçados, como se ele tivesse passado as mãos por eles inúmeras vezes. A barba por fazer dava a ele um ar despreocupado, e os lábios...

Deus, os lábios.

Ela piscou rápido, sentindo um calor subir pelo pescoço. Sua garganta estava seca, como se todas as palavras que ela soubesse tivessem sumido de repente.

Colin também parecia estar absorvendo aquele momento, sua expressão alternando entre surpresa e algo que Penelope não soube identificar.

— Você... — ela tentou dizer algo, mas sua voz falhou.

A ficha ainda não tinha caído completamente. Esse tempo todo, todas aquelas conversas, todas as noites trocando mensagens e ligações, sem saber que o destino já os tinha colocado no caminho um do outro muito antes desse encontro.

— É você. — Colin disse, um pequeno sorriso puxando os cantos de sua boca, como se ele finalmente tivesse encontrado algo que nem sabia que estava procurando.

Penelope soltou um riso baixo e incrédulo, passando as mãos pelo rosto antes de cruzar os braços, sentindo o coração disparado dentro do peito.

— Você é o escritor?

Colin assentiu, ainda sem desviar os olhos dela.

— E você é minha editora.

Eles se encararam por mais um instante, um silêncio cheio de emoções não ditas entre os dois.

E, naquele momento, Penelope soube.

Nada entre eles seria igual depois disso.

Colin a observou como se estivesse vendo algo que não deveria existir fora de sua imaginação.

Ela era loira. Os fios caíam em ondas suaves sobre os ombros, capturando a luz que entrava pela janela e criando um brilho quase dourado ao redor dela. Era como se cada detalhe dela tivesse sido desenhado para mexer com ele.

Baixinha. Muito mais do que ele imaginava. E, de algum jeito, parecia que caberia perfeitamente em seus braços, como se o universo tivesse moldado aquele espaço exatamente para ela.

Mas foram os olhos que o prenderam.

Um azul impossível, intenso, parecendo uma lagoa encantada, profunda o suficiente para afogá-lo. Ele sabia que já tinha caído muito antes desse momento, mas agora não tinha mais volta.

E os lábios...

Colin engoliu em seco.

Carnudos, delicadamente rosados, tão absurdamente beijáveis que ele precisou desviar o olhar por um segundo para não cometer a loucura de atravessar aquela sala e descobrir o gosto deles ali mesmo.

Mas então ela sorriu — um sorriso pequeno, confuso, hesitante — e ele sentiu como se seu coração tivesse sido roubado por completo.

E naquele instante, teve certeza.

Ele nunca mais olharia para outra mulher da mesma forma — ou sequer olharia para outra mulher.

O clima na sala mudou, carregado de algo que nenhum dos dois sabia exatamente como lidar.