抖阴社区

                                        

As palavras de Mim tinham um peso que fazia meu peito apertar. Meus olhos se encheram de lágrimas que não derramei, enquanto ela secava as próprias, sua expressão se enrijecendo com um misto de aceitação e determinação.

— Hoje, pelo jeito, é minha última noite viva — começou ela, tentando manter a voz firme. — E não quero passar essa noite aqui chorando e lamentando.

Respirei fundo e me aproximei dela, apertando meus lábios por um momento antes de dizer:

— O que você quer fazer, Mim? Faremos qualquer coisa. Escolha. Quer voar para Paris? Podemos ir agora. Quer ir para o Japão? Também podemos. Só me diga, Mim. Eu farei qualquer coisa por você.

Ela me olhou, surpresa, com aquele sorriso envergonhado que era completamente dela.

— Qualquer coisa, View?

— Sim. Qualquer coisa, Mim.

Houve um instante de hesitação, e então ela desviou o olhar antes de murmurar, quase como um segredo:

— Tem uma coisa que eu quero fazer...

— Me diga. — Minha voz era calma, mas ansiosa pela resposta.

Mim jogou a cabeça para trás, soltando uma risada nervosa que quase soava como autoironia.

— Ai, meu Deus. Eu sou tão ruim nisso... — disse ela, rindo de si mesma, mas ainda nervosa.

Fiquei a observando por breves segundos, tentando não pressioná-la, até que ela finalmente encontrou coragem para dizer:

— Eu quero passar a noite com você. Deitada. Só nós duas.

O pedido simples e puro me pegou de surpresa. Assenti imediatamente, sem questionar.

— Então, vamos.

Seguimos para o quarto, e em pouco tempo estávamos juntas, deitadas lado a lado na cama, de frente uma para a outra. Mim me olhava com uma melancolia que parecia carregar o peso de tudo o que ainda precisava ser dito – ou feito.

— Está nervosa, Mim? — perguntei, deixando escapar um pequeno sorriso para quebrar a tensão.

— Estou. — A resposta dela foi sincera, sem rodeios, mas sua voz carregava uma nota de fragilidade.

Não resisti a uma leve risada, e perguntei gentilmente:

— Como pode estar nervosa se eu nem sequer posso tocar você?

Os olhos dela brilharam ligeiramente enquanto ela respondia, quase num sussurro:

— É exatamente por isso. Por que você não consegue.

Eu fiquei em silêncio, esperando pelo que vinha a seguir. E então ela continuou, sua voz tão baixa que quase parecia um segredo:

— Lembra no hospital, quando você tocou minha mão? Eu... meio que senti, View. Eu não sei como um espírito consegue sentir essas coisas, mas eu senti algo.

Ergui minhas sobrancelhas, surpresa, mas assenti encorajando-a a continuar.

— Sabe, View... Às vezes eu penso que, talvez, se você pudesse me tocar de verdade... talvez eu acordasse.

Minha respiração vacilou por um momento. Levantei lentamente minha mão na direção do rosto dela. Quando estava prestes a encostar em sua pele, hesitei, minha mão tremendo ao parar no ar. Nossos olhares se encontraram, intensos, quase como se o mundo ao redor não existisse mais.

— Eu estou quase sentindo você, Mim... — murmurei com um sorriso pequeno, sincero.

Ela também sorriu, um brilho de algo próximo ao alívio iluminando seu rosto.

— Eu também, View. Eu também... — Ela suspirou, como se tivesse descoberto algo. — Acho que sei qual é o meu assunto não terminado.

Franzi o cenho, curiosa, inclinando levemente a cabeça para ouvir melhor o que ela tinha a dizer.

— E qual é, Mim? — perguntei, com a voz um pouco trêmula.

Ela me olhou profundamente nos olhos, seu sorriso leve, mas cheio de verdade.

Você. —

O silêncio que se seguiu não era pesado, nem incômodo. Era carregado de significado, como uma conversa que acontecia sem necessidade de palavras. Mim era meu assunto inacabado também, percebi naquele instante.

Eu sabia que nossa jornada ainda não tinha terminado. Mas, ali, naquela noite, com os olhos fixos nos dela e a distância entre nós menor do que jamais imaginei ser possível, percebi que lutaria até o último minuto pelo que tínhamos — por ela.

E Se Fosse Verdade - ViewMim / MilkLoveOnde histórias criam vida. Descubra agora