Coralie estava entediada na festa de boas-vindas para o príncipe, ela estava em uma das rodas de conversa das milhares de mulheres que haviam ali, bebeu mais um pouco do vinho que lhe foi oferecido e tentou prestar atenção na conversa onde uma mulher se gabava de sua casa recém reformada.
- Pois é, a lareira foi feita por um dos melhores escultores de Paris. - Ela falava de nariz em pé, Coralie revirou os olhos e se concentrou em outro ponto do salão, onde o príncipe e a princesa dançavam juntos.
A loira sorriu, ela sentia falta de seu irmão mais velho, que, graças ao pai dos dois foi para outro país em busca de uma esposa.
Coralie começou a andar pelo salão, observando as pessoas dançarem muito bem, não tão bem como ela, claro, mas muito bem. A Vangeance estava em Paris para conhecer seu noivo, o qual seu pai havia prometido sua mão sem ela saber, obviamente Coralie tinha ficado com muita raiva, havia soltado umas poucas e boas para o pai, mas depois do Duque ter batido nela, Coralie não o dirigiu a palavra até hoje.
Ao andar pelo salão, Coralie acabou trombando com a pessoa que menos queria falar: o filho do Conde de Clermont, Louis II, também conhecido como seu futuro marido.
- Coralie. - Louis a cumprimentou cordialmente. - Estive a sua procura desde o início da festa.
- Ora, conseguiu me achar. - Ela sorriu minimamente.
- Quer dançar comigo? - Ele estendeu sua mão para ela, Louis suava frio, seu pai encarava ele o deixando nervoso.
- Claro. - Respondeu desanimada, por mais que amasse dançar, não queria dançar com ele.
Os dois caminharam até a pista de dança quando uma nova música começou a tocar. Louis colocou sua mão direita na cintura de Coralie e com a esquerda segurou a mão dela, Coralie colocou a mão esquerda no ombro de Louis e ambos começaram a dançar. A melodia da música era agradável aos ouvidos e Coralie estava adorando o som.
- Sei que mal nos conhecemos, - Louis começou. - mas quero que isso dê certo, podemos aprender a nos amar.
Por um instante, Coralie sentiu pena do menino, mas não era culpa dele que ela não gostava de homens. O silêncio dela deixava Louis mais nervoso do que já estava, por isso o menino mal notou o pai deixar o salão.
- Podemos tentar. - Ela mentiu e Louis suspirou aliviado.
- Graças a Deus, eu estava começando a ficar preocupado. - Ele disse e sorriu fazendo Coralie se sentir uma pessoa pior ainda.
Ela sorriu pra ele forçadamente mas Louis pareceu não notar e começou a tagarelar sobre os mosqueteiros.
A alguns metros de Coralie e Louis, Katherine e Charles ainda dançavam enquanto conversavam.
- Aprendi diversas coisas nos outros países, - Charles falava, Katherine o encarava curiosa, ela queria saber de tudo sobre a vida do irmão. - você ficaria encantada com as técnicas para manusear uma espada que eu aprendi.
- Talvez você poderia me ensinar. - Ela sugeriu com um sorriso de orelha a orelha, seu irmão lhe ergueu uma sobrancelha . - Também aprendi diversas coisas enquanto você estava fora.
- Tipo o que? A maneira correta de como segurar um garfo? - Ele zombou e ela fechou a cara. - Desculpe, foi apenas uma brincadeira.
- De muito mal gosto, devo dizer. - Katherine falou. - Aprendi a cavalgar, usar espadas e arco e flecha, também sei fazer curativos para machucados com meus próprios vestidos, fora algumas outras coisas.
- Me impressionou agora, Liz. - Chuck estava mesmo impressionado com sua irmã, mas também estava triste por ter perdido tudo isso enquanto estava fora, sua irmã havia crescido e ele não estava por perto para acompanhar isso. - Como foram as coisas depois que eu sai do palácio? - Perguntou preocupado.
- Os primeiros dias foram difíceis, admito. - Katherine falou tristemente. - Papai parecia ter ficado mais furioso que o normal. - Chuck prendeu a respiração. - Mas depois do primeiro ano as coisas pareciam ter voltado ao normal.
- Mas? - Ele insistiu.
- Podemos falar disso depois? Aqui não é um lugar muito apropriado para esse assunto. - Katherine olhou para o chão.
Chuck, notando que isso parecia ser um assunto delicado para sua irmã, assentiu. Katherine o largou na pista de dança e subiu as escadarias, ela queria ficar sozinha.
Ao passar pelo corredor onde estava os tronos do rei e da rainha, Katherine ouviu uma voz, ela conhecia essa voz mas não lembrava muito bem.
- Falei com meus homens hoje e eles concordaram com seus termos. - A primeira voz falou.
- Vamos falar em outro lugar, essas paredes tem ouvidos. - A segunda voz disse.
Katherine ouviu sons de passos e rapidamente se escondeu atrás de uma cortina, os passos foram ficando mais perto e logo depois mais longe. Katy espiou e observou os dois homens no meio do corredor.
Ela contraiu os lábios e começou a segui-los, mas os sapatos que Dominique colocou em seus pés estava fazendo um pequeno eco, sua sorte foi que os homens não escutaram, Katherine tirou seus sapatos e continuou a segui-los.
Os homens, ainda desconhecidos para ela, pararam em frente a uma parede e enquanto um deles ficou parado, o outro tocou por um tempo a parede até um dos blocos ir para trás junto com o movimento da mão, os dois se afastaram observando a parede tremer e começar a se abrir ao meio.
Katherine não ficou tão chocada, na verdade, sabia sobre essas passagens desde que completara seus doze anos, havia ficado perdida uma vez e nunca mais entrou nelas. Depois que a passagem se fechou, Katy correu até a parede e ficou a apalpando tentando encontrar o tijolo, não demorou muito para a parede se abrir, mostrando um corredor que só era iluminado por tochas.
Katherine entrou no mesmo e foi andando reto, analisando o corredor inteiro, havia teias de aranha e algumas marcas nas paredes para indicar qual caminho ir. A princesa continuou a seguir o corredor até se deparar com uma enorme máquina em sua frente, curiosa, ela entrou na máquina e observou as diversas engrenagens que a faziam funcionar, Katy puxou uma alavanca e a tal máquina começou a descer lentamente. A garota ficou assustada e se segurou em uma das barras que tinha ali, quando a porta se abriu, Katy saiu de dentro daquilo e já iria andar mais um pouco quando ouviu as mesmas vozes de antes.
- ...Vai ocorrer na semana da coroação, iremos sequestrar o príncipe e trabalho feito. - A primeira voz dizia.
- Ótimo, Francis, irá receber o resto do pagamento depois que o trabalho estiver completo. - A segunda voz falou.
Katherine os ouviu se afastarem e colocou a cabeça um pouco para fora para ver, eles tinham ido. Ela andou até onde os homens estavam, parecia um tipo de hall de entrada que levava para quatro diferentes corredores. Ela escolheu o terceiro e andou até encontrar uma porta, tentou a abrir mas estava trancada, Katherine se afastou um pouco e chutou a porta com toda a sua força, não abriu, tentou novamente e nada, em seu terceiro chute a porta se abriu fazendo um enorme estrondo.
Katy sentiu o pé doer mas tentou ignorar e entrou na sala, as janelas enormes eram a única coisa que iluminava a sala, havia armas como espadas e bestas, bonecos de madeira, uma lareira, colchões finos em um canto e teias de aranha em todo lugar.
Katy se aproximou das armas que estavam na parede e tocou em uma espada com o cabo dourado fazendo a plataforma girar, Katy se segurou na parede e quando sentiu a plataforma parar de girar a princesa sentiu um cheiro estranho, como se houvesse veneno no ar. Ela se virou para ver um tipo de estoque na parede, tinha uma mesa ao lado com vários potes de medidas e uma coisa de vidro que ela não conseguiu reconhecer.
A princesa se aproximou da mesa e pegou um dos potes de medidas que havia um líquido dentro, aproximou-o do rosto e cheirou o conteúdo, veneno, ela concluiu.
Andou pela sala que era um pouco menor que a outra e parou em frente a um quadro, havia cinco pessoas nele, todas com a roupa de mosqueteiros, mas, ao invés de azul, aquela era preta e havia uma mulher ao lado deles, ela estava com um vestido preto, luvas e um avental.
Katherine iria pegar o quadro, mas parecia preso na parede, segurou o quadro com mais força e o puxou, a parede se abriu como se fosse uma porta e a princesa pulou para trás assustada. Katy observou a passagem e, sabendo que já estava perdida, arriscou.
Ela começou a andar novamente, suas pernas já estavam doendo e seu pé latejando, mas iria continuar.
Depois de andar pelo que parecia uma hora, Katy encontrou uma porta, forçou a mesma até ela abrir e saiu. Katherine notou que estava perto da cozinha, ela foi para a direção de seu quarto, mas acabou notando uma guarda indo para a cozinha e se lembrou do motivo de estar nas passagens.
- Guarda Amber. - A chamou.
- Princesa. - Amber disse e iria fazer uma reverência, mas a princesa não deixou. - O que foi majestade? Parece nervosa.
- Podemos conversar em outro lugar? - Perguntou olhando para os lados.
- O que houve, princesa? - Perguntou, mas vendo o rosto tenso da princesa assentiu. - Vamos.
╔═════ ࿇ ═════╗
As coisas vão ficar um pouquinho mais interessantes rs