«.2.»
A aula terminou mais cedo do que o esperado, a professora não se sentiu bem e dispensou-os 20 minutos antes da hora.Rachel decidiu ir então mais cedo ao hospital, para entregar o presente ao menino de que a avó falara.
Voltou a descer as escadas, para o metro subterrâneo e apanhou o que já estava de partida, comprou o bilhete abordo e manteve-se novamente ,ocupada a observar as pessoas. Aquela hora não eram as mesmas da primeira vez. Agora no lugar da senhora advogada, estava um velho de barba, que levava o seu guarda chuva na mão, embora não estivesse previsto chover. E desta vez, apenas uma das estudantes da Academia de Belas Artes estava sentada num dos acentos, absorta no seu mundo, com os seus fones enfiados nos ouvidos.
Rachel deu um pequeno pulo, quando um vulto passou pela porta de vidro do vagão do lado e pareceu-lhe ver aqueles olhos cinzentos outra vez. Intrigada, caminhou até mais perto da porta e espreitou pelo vidro. Uma senhora com um carrinho de bebe e uma criança com um avô, eram os únicos passageiros ali, não havia sinal dele. Estava a ficar doida certamente, ou então a sua imaginação esta a tomar conta dos seus sentidos.
Ela balançou a cabeça e voltou a sentar-se no seu lugar. Olhou para o embrulho no seu colo. A sua personagem preferida de Alice no Pais das Maravilhas, sempre fora o Gato de Chishire, para a maioria das pessoas esse era talvez o personagem mais sinistro da historia, mas para si não, o gato de sorriso rasgado, que não dizia nem fazia coisa com coisa, era a melhor criação de Carroll.
Os seus pensamentos foram subitamente interrompidos pelo anuncio do altifalante, de que o metro se aproximava da sua paragem. Pegando na mochila, ela olhou uma ultima vez para trás e rindo da própria incoerência saiu para a plataforma.
*
Carregou no botão, para o quarto piso, assim que as portas do elevador se fecharam. Ela sempre se perguntara, qual era o objetivo das musiquinhas do elevador? Servia para quê afinal? Uma pessoa não ia dançar num elevador, certo?As portas abriram, e ela deixou as perguntas existenciais voltarem aos lugares mais recônditos da sua mente. Avançou pelo corredor branco de luzes amareladas e portas azuis. Não compreendia as pessoas com medo de hospitais, aquilo não tinha nada de assustador, só de melancólico. Aproximou-se do balcão que se encontrava no centro da sala. Uma senhora de bata azul e sorriso caloroso deslizou a cadeira até à ponta onde ela se encostou.
- Bom dia – cumprimentou – Veio visitar alguém?
- Bem, mais ao menos – respondeu Rachel, olhando em redor, aquilo ali era meio vazio, era de esperara que um lugar onde crianças estavam internadas tivesse mais vida, não? - Vim trazer uma coisa a um rapaz chamado Reggie.
- Reggie.... - ela deslizou a cadeira para o computador e após alguns segundos soltou uma exclamação – Ah! Sim, o menino novo, ele chama-se Reggie D....
- Chamaram-me? - uma voz alegre soou vinda de um dos quartos. - É uma visita para mim?
Um rapazinho, com mais ou menos, 11 anos saiu a correr de um dos cómodos. Usava um gorro dos Giants, para tapar a sua falta de cabelo e tinha vestido um pijama a combinar. Rachel engoliu em seco, ela não lidava bem com perdas e aquele menino...Céus no que é que a avó a tinha metido? Não, estava ali para entregar o presente e depois iria embora, não tinha como sair ferida.
- Seu mafarrico! quantas vezes já te disse para não andares descalço por ai? - ralhou a enfermeira da receção. Suspirando virou-se para Rachel – Aqui está quem a menina procurava.
- Andavas à minha procura? - perguntou o rapaz aproximando-se dela – Mas eu nem te conheço.
Rachel olhou para ele, sentiu que ia desfalecer a qualquer momento. Respirou fundo e lembrou-se, pessoas doentes não gostam de ser tratadas com pena, isso apenas as faz sentirem-se pior. Por muita pena que tivesse daquela criança, iria trata-la normalmente, afinal a doença que ela tinha não a definia, assim como o seu passado não a definia a ela.

VOC? EST? LENDO
?????? VS ????
Teen Fiction"Aquela era a sua verdadeira família. Por vezes, ela sentia saudades de quem já n?o estava ali, mas apesar disso, ela fazia quest?o de valorizar cada segundo perto dos que ainda permaneciam com ela. Pousou a pasta de lado e pegou no livro, que outro...