A VINGAN?A DE DOM

Um vestido vermelho rendado, com alguns detalhes em pedrarias, os cabelos loiros soltos e cacheados, uma maquiagem discreta, um dos pés com um salto e o outro com uma bota ortopédica.

- Vai ficar tudo bem- Murmurava.
Era um mantra, algo que eu desejava sempre.

- Querida- Papai chamou- Está linda- Disse.

- Obrigada- Mordi o canto do lábio.
Estava nervosa, e ele sabia disso.

- Não precisa ir, não se não quiser- Falou- Não precisa de sacrificar....

- Ei- Interrompi- Estou fazendo isso por nós dois, Dimitri Petrov, é um bom aliado, apesar de tudo, ele vai nos ajudar. Acha que ele aceitara papai?- Perguntei- Minhas condições.

- Meu bem, você deveria dar uma chance...

- Papai, já conversamos sobre isso. Você mesmo propôs, você concordou.

Ele suspirou em resposta.
Papai me entregou a chave do carro, não estava aceitando outros motoristas depois de Samuel e Jonas, a dor ainda lateja sobre o peito, com a lembrança de ambos.

Estava em frente ao teatro, alguns casais aguardavam na fila animados, as crianças pareciam em êxtase com a experiência.

Isso era reconfortante, de uma alguma forma.

- Você está linda- Dimitri sussurrou.
Ele caminhou lentamente até o meu lado.
A calça jeans, uma camiseta social com o colarinho aberto, os cabelos negros jogados de lado.

- Obrigada- Apertei a bolsa de mão.

- Vamos?- Ele esticou uma das mãos.
Tão diferente da primeira vez que o vi.
Era cavalheiro e delicado.
Quem o visse, não imaginava o tamanho das atrocidades que era capaz de fazer.

O segurança assentiu e nós guiou até onde ficaríamos, ele reservou um dos camarotes.
Somente para nós dois.

Romântico? Não.
Egocêntrico? Sim.

- Você está tensa- Acariciou meus ombros- Tudo bem?

- Estou- Me mexi incomodada- Ficaria melhor, se você se sentasse aqui- Apontei- Ficaria mas relaxada.

- Claro- Balançou a cabeça constrangido.

A apresentação estava inciando, alguns gritos eram ouvidos.
Alguém ali estava feliz.
Olhei de canto, Dimitri parecia entretido, ele assistia a tudo em silêncio.

- Certo- Gargalhei- Não imaginei que veria essa cena.

- Eu- Corou- Só estou vendo como as pessoas são inocentes, quem acreditaria que um homem poderia se transformar em monstro- Balançou a cabeça- A vida real é bem diferente.

- A história da Bela e a Fera traz a poderosa lição de que a verdadeira beleza vai além das aparências, e o amor verdadeiro consegue transformar até mesmo as situações mais sombrias em contos cheios de encanto e felicidade- Murmurei- Tem razão, é bem diferente da vida real, esse conto, ao menos pode ter um final feliz. Bela escolhe quem realmente ela ama, ela luta para isso.

Ele me olhou com curiosidade, brincou com os dedos.
Isso de certa forma, me incomodou.

- Porque decidiu se casar?- Perguntou- Eu sei que não era uma opção na sua lista.

- Não era- Afirmei- Sinto muito, por ter lhe dado essa notícia, perante aqueles... Aqueles homens- Revirei os olhos- Não lhe dei a chance de escolher.

- Eu quero isso- Disse- Quero me casar com você.

Casar, uma palavra tão pequena.

- Não estou fazendo isso por te amar- Suspirei- Eu nem ao menos gosto de você.

- Isso é reconfortante- Seu tom de voz era de frustração- E porque está fazendo isso?

- Por negócios, papai precisa se afastar- Balancei a cabeça- Por um tempo, e eu não consigo gerenciar, essa coisa toda- Gesticulo- Sozinha. Preciso de uma pessoa que me ajude, me guie. Você seria beneficiado, dinheiro, poder, respeito.

- Tenho todo o dinheiro que preciso...

- Escute a minha proposta- Interrompi- Você sentaria sobre aquelas cadeiras, com duas casas para governar. Não precisa ficar casado comigo, para o resto da sua vida- Ri- Isso seria uma tortura...

- Tortura?- Negou- Seria isso para você?

- Eu bem- Me ajeitei sobre a cadeira- Estou querendo dizer, que isso não seria para sempre. Assim como a maldição da fera, possuiu um tempo, nosso casamento também teria. Não precisamos dormir no mesmo quarto, poderia ter a sua liberdade. Não vou ser uma mulher ciumenta- Arqueei os ombros- Não precisa se preocupar com isso, você é homem, tem necessidades. Eu só preciso- Respirei fundo- Ter a minha liberdade, em troca disso tudo.

- Liberdade?- Exclamou- Se relacionar com outros homens, ter uma vida, um casamento de fachada. Não vou viver isso- Analisei sua expressão- Durante muito tempo, tudo que eu quis era ter alguém me esperando em casa, ter alguém com quem eu possa dividir os meus problemas.

- Posso te indicar os melhores psicólogos e terapeutas de Londres- Desdenhei.

- Não aceito esse tipo de casamento- Se levantou- Não vou ser esse tipo de marido. Eu quero mais Julia- Se ajoelhou- Quero ter a minha bela, a mulher que eu desejo passar o restante da minha vida.

Eu senti o meu coração acelerar, e se por alguns milésimos de segundos, tudo isso fosse verdade?
Eu tivesse o conhecido em uma festa, apresentação... Tivéssemos saído em um primeiro encontro, e nossas brincadeiras fossem relacionadas aos dramas coreanos.

Mas não era.
Aquilo era a vida real.

- Você matou um dos meus melhores amigos- Acariciei seu rosto- Toda vez que eu te olho, eu vejo o semblante de Samuel, a agonia em seus olhos ao tentar me salvar. E Jonas? Eu nem ao menos sei, se ele está vivo- Neguei- E você me jogou dentro de uma cela suja- Gesticulei- Me tratando como um de seus inimigos. Então não venha, com algumas palavras meigas e bonitas- Segurei em uma de suas mãos- Isso é tudo que eu tenho a propor para você.

- Você precisa ao menos me dar a chance, eu sou diferente...

- Diferente?- Ri baixinho- Você me quer como esposa, e ainda utiliza a aliança do seu antigo casamento.

Ele empalideceu, não era a sua intenção.
Ele só estava acostumado.

- Eu posso tirar...- Fez menção.

- Tudo bem- Murmurei- Só pense na proposta ao qual eu lhe fiz- Toquei em suas bochechas.
Sua pele era macia, os lábios carnudos.

Céus a quanto tempo eu não tinha contato físico com um homem?
A muito, muito tempo.

- Gosto de você- Sua declaração pareceu sincera- Não importa o quanto eu tenha que esperar.

- Porque justamente eu?- Me encarava.
Ele não soube o que responder.

Uma obsessão, um prazer, uma luxúria.

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Estou acompanhando os comentários, e ficando encantada que estão gostando.