?QUARTO 32 | (jikook).

|04| trust is a weapon

E não deu outra; mal estacionou à frente de casa, Tae baixou o vidro só para me lançar um olhar bombástico e carregado de julgamento; como eu já era acostumado com as caras e bocas que ele fazia para absolutamente tudo, só abri a porta, entrei e já fui me jogando em cima dele para um beijo, mas fui repelido por uma pegada firme no ombro – na intenção de me afastar.

— O que você pensa que tá fazendo!?

De cara não entendi a pergunta, tanto que minha resposta foi automática:

— Beijando o maior gostoso que eu conheço – falei rindo, mas ele não abriu um sorriso sequer.

— O que foi que você… Mas que merda é essa, Jimin!?

Seu olhar irritado percorreu meu rosto inteiro, e então se fixou no meu cabelo – que eu havia gastado horas arrumando para deixar impecável.

— Gostou, amor? – perguntei na simplicidade enquanto colocava o cinto.

Taehyung abriu a boca, aparentemente descrente da pergunta, e então me questionei internamente sobre aquela reação.

Que não era nova, muito menos incomum.

— Você só pode estar brincando comigo – ele praticamente bufou, ainda com o mesmo olhar rígido. — Falei que era pra se vestir normalmente…

— Mas estou vestido normalmen-

— Porra, e esse cabelo...!? Essa boca cheia de batom?

Me interrompeu de um jeito brusco, e eu o encarei seguido de uma revirada de olhos.

— É hidratante labial, e o cabelo é a surpresa que eu queria te mostrar – soei mais animado do que ele gostaria, percebi pela sua carranca. — Pintei ontem à noite, ficou bom? Vai, me diz, gostoso.

Descobri com o tempo o motivo do meu namorado tanto me chamar de sem noção: eu simplesmente me importava mais com a minha opinião, quase sempre era assim.

E quase sempre isso me trazia inúmeros problemas. Principalmente com ele.

— Tá me perguntando isso mesmo...!?

Assenti, remexendo na minha franja ruiva enquanto o encarava de lado.

Tae riu de descrença, e desceu o olhar por mim, mas sem um resquício sequer de malícia. Ele estava simplesmente me checando inteiro, e eu só entendi a razão do olhar avaliativo quando ele mesmo explicou, curto e direto:

— Você está parecendo uma prostituta barata, Jimin.

Okay, eu até tentei me sentir ofendido com aquilo, mas no fundo, bem no fundo, eu adorei.

Tanto que deixei um sorriso escapar, para infortúnio dele, que me olhava praticamente bufando.

— Vai trocar de roupa, te espero aqui.

— Hm...? – grunhi.

— Falei para ir trocar de roupa, Jimin – disse em tom firme, embora me olhasse com tranquilidade.

Demorei a assimilar o motivo daquilo, e quando finalmente assimilei, descobri que não havia nenhum.

— Por que eu preciso trocar? Estou ótimo assim – respondi.

Taehyung alisou com as pontas dos dedos as próprias vistas, fechando os olhos por alguns segundos e suspirando pesado, como se estivesse em busca de autocontrole.

— É um almoço de família, Jimin – voltou a me olhar sério. — Um almoço, não uma balada, e você está chamativo.

Até então, nenhuma novidade.