•Maya Salvatore•
𝐿𝑜𝑛𝑑𝑟𝑒𝑠, 𝑡𝑒𝑟𝑐̧𝑎-𝑓𝑒𝑖𝑟𝑎 10:45
Ontem, o professor não apareceu, e ficamos sem aulas. Fui para casa mais cedo, aliviada, mas agora estou aqui, esperando que ele apareça, já que perdi a aula de ontem.
Gustavo não veio hoje, e isso me deixou completamente sozinha. Olhando em volta, percebo que as meninas da faculdade simplesmente não conversam comigo, como se houvesse uma barreira invisível entre nós. Meus amigos são todos homens, e embora eu me sinta confortável com eles, às vezes sinto falta de ter amigas para compartilhar certas coisas.
Enquanto espero, minha mente divaga. Penso na mensagem que recebi e em como essa situação me deixou ainda mais ansiosa. Ninguém aparece para me distrair ou conversar; só o silêncio da sala vazia e o som da caneta arranhando o papel.
Decido tirar meu celular da mochila novamente e ver se houve alguma resposta. O coração acelera ao ver que não há nada novo.
— Que chato! — murmuro para mim mesma.
Acho que vou precisar encontrar uma maneira de me distrair até o professor chegar. Talvez eu possa começar a revisar algumas matérias ou até mesmo tentar fazer amizade com algumas das meninas mais tarde.
— E aí, futura ganhadora da Fórmula 1! — Matheus disse, com aquele sorriso maroto que sempre me faz rir. Ele adorava me zoar por eu ser fascinada em carros.
— Nunca fiquei tão feliz em te ver! — respondi, enquanto o via se sentar ao meu lado.
— Por que? Tava solitária? — ele perguntou, com um tom brincalhão.
— Diferente de você, não sou popular — sorri, tentando não parecer muito afetada pela solidão.
Matheus riu e balançou a cabeça.
— Ah, para com isso! Você é muito legal para ficar sozinha. Além disso, quem precisa de popularidade quando se tem paixão por carros?
Ele sempre sabia como me animar. A conversa fluiu naturalmente, e logo estávamos falando sobre as últimas corridas e os modelos de carros que mais gostávamos.
— Você viu o novo modelo da Ferrari? — perguntei, empolgada.
— Claro! E você viu o tempo que eles fizeram na última corrida? Impressionante! — Matheus respondeu, animado.
Enquanto conversávamos, a sala parecia menos vazia e mais acolhedora. Matheus tinha esse efeito sobre mim; ele conseguia transformar qualquer momento em algo divertido.
— Mas, mudando de assunto... — Matheus sorriu. — Ficou sabendo?
— Sobre? — perguntei, curiosa.
— O nosso novo professor — ele respondeu, com um ar de mistério.
— Então o Whesley não está mais dando aula pra gente? — falei em choque, tentando processar a informação.
Matheus assentiu, parecendo satisfeito com minha reação.
— Pois é! Ele saiu e um novo professor vai começar na próxima semana, ou hoje. Dizem que é bem rigoroso — comentou, com um olhar divertido.
— Ai, meu Deus! — exclamei. — E agora? Será que vamos ter que nos adaptar a outro estilo de ensino?
Matheus deu de ombros.
— Pode ser que seja bom! Quem sabe ele traga algumas novas ideias para as aulas?
Eu não estava tão certa disso. O Whesley tinha seu jeito peculiar de ensinar, e eu estava acostumada ao seu estilo. A ideia de ter que me adaptar a outra pessoa me deixou um pouco apreensiva.
