抖阴社区

                                        

Aquelas palavras caíram sobre Penélope como uma bomba. Era como se todo o ar tivesse sido sugado de seus pulmões. Ela o encarou, incrédula, tentando assimilar o que acabara de ouvir. A escolha que ele lhe impunha era cruel e injusta, uma traição ao próprio amor que ele dizia sentir.

O peso da decisão parecia esmagar seu coração. Como poderia escolher entre a sua identidade, o que a havia definido e a apoiado por tanto tempo, e o homem que amava mais do que tudo?

— Então é isso? — Penélope perguntou, a voz vacilando enquanto tentava conter a raiva e a mágoa que ameaçavam transbordar. — Você me ama, mas só se eu me encaixar no molde que você considera aceitável? Só se eu abandonar uma parte essencial de mim mesma?

Colin apertou os lábios, o peso das palavras dela reverberando em seu interior. Apesar da dor e da tristeza que via refletidas nela, ele se manteve firme em sua posição, determinado a não ceder, mesmo que isso significasse enfrentar o coração partido de Penélope e o próprio sofrimento que acompanhava essa decisão.

— Não é isso, Penélope. Eu só quero te proteger. Mas se escolher Lady Whistledown, não sei se conseguirei continuar a te apoiar.

Penélope recuou, como se tivesse levado um tapa. Ela sabia que ele estava agindo por preocupação, mas a agonia em ouvir aquilo era avassaladora. Como ele não conseguia enxergar que Lady Whistledown era mais do que um disfarce ou uma ocupação perigosa? Era sua voz, sua maneira de existir em um mundo que tantas vezes a ignorava.

— Eu não posso acreditar que você está me pedindo isso — disse ela, a voz embargada. — Eu... eu pensei que me conhecesse, Colin. Achei que entendesse. Mas, claramente, estava enganada.

— Penélope, por favor, entenda. Eu te amo e não posso... não posso perder você. E, se continuar desse jeito, isso vai acontecer, de uma forma ou de outra.

— Chega, Colin — a voz dela era firme, mas os olhos brilhavam com lágrimas. — Estou cansada de sempre ter que justificar quem sou, de ter que lutar para ser reconhecida e respeitada. Achei que você, de todas as pessoas, me entenderia — declarou ela, decidida. — É melhor eu ir embora. E não se preocupe, não precisará mais incomodar-se com os riscos que eu corro.

Colin sentiu o chão sumir debaixo de seus pés. A ideia de Penélope saindo de sua vida, de alguma forma, era insuportável. Ele sabia que ela estava machucada, sabia que a tinha pressionado demais, mas como convencê-la a ficar? A única coisa que ele conseguiu fazer foi pensar em mantê-la segura, ao menos naquela noite.

— Penélope, a carruagem... eu a mandei embora — ele disse, quase num sussurro.

Ela parou, olhando para ele com uma expressão que misturava incredulidade e exasperação. Por um breve momento, o ar entre eles ficou carregado com um silêncio opressivo, como se o espaço ao redor estivesse retido em um suspense doloroso. As palavras não ditas pairavam pesadamente, e o entendimento mútuo parecia estar à beira de se romper.

— Você... o quê? — perguntou, a voz quase falhando de tanto espanto.

Colin engoliu em seco, tentando explicar, mas a expressão dela o impediu. Ele apenas assentiu com a cabeça, confirmando suas ações.

— Ótimo — Penélope respondeu, cruzando os braços, a raiva transparecendo em cada palavra. — Perfeito. Agora vou ter que voltar com você.

Ela olhou para a escuridão ao redor e depois para Colin, o coração apertado pelo desgosto. O conflito dentro dela era esmagador; amava-o mais do que qualquer coisa neste mundo, mas a dor de sua desaprovação a corroía por dentro. Parte dela queria se afastar, construir uma barreira que a protegesse do sofrimento que ele involuntariamente causava. No entanto, outra parte, mais profunda e desesperada, desejava abraçá-lo com toda a alma, encontrar conforto em seus braços e deixar que todo o ressentimento se dissipasse. O amor que sentia por ele era como uma chama ardente, impossível de extinguir.

Mas, no fim, não tinha outra escolha a não ser aceitar a companhia dele, mesmo que tudo dentro dela gritasse para se afastar o máximo possível. Com um suspiro pesado e sem dizer mais nada, Penélope começou a caminhar em direção à carruagem de Colin, e ele a seguiu em silêncio, sentindo-se derrotado.

A tensão entre eles era tão espessa que poderia ser cortada com uma faca. Quando entraram na carruagem, ela se acomodou no assento oposto ao dele, o mais distante possível. Não trocou sequer um olhar com Colin durante todo o trajeto, mantendo-se rígida e de olhar fixo na janela, onde as luzes da cidade passavam rapidamente por seus olhos. O som dos cascos dos cavalos era a única coisa que preenchia o silêncio esmagador entre eles.

Colin, por sua vez, estava imerso em seus próprios pensamentos, uma tormenta de arrependimento e confusão. Questionava-se se havia cometido um erro irreparável. Cada momento na carruagem parecia uma eternidade, e o medo de que Penélope pudesse se afastar dele para sempre era quase insuportável.

Quando finalmente chegaram entre as duas casas, Penélope estava claramente pronta para sair. Antes que Colin pudesse sequer pensar em oferecer ajuda, um empregado já estava no exterior da carruagem, abrindo a porta e estendendo a mão para ela que aceitou o auxílio com um aceno de cabeça, seus movimentos rápidos e decididos, como se desejasse escapar daquele confinamento o mais rapidamente possível. A cena, marcada por uma tensão palpável, destacava o abismo crescente entre eles.
Sem olhar para trás, Penélope desceu da carruagem e avançou em direção à sua casa, seus passos ressoando com um eco solene na quietude da noite. Colin permaneceu onde estava, observando-a se afastar com o coração pesado e apertado. Não houve despedidas, nem palavras finais, nem um último olhar. Ele se sentiu perdido, afundando no vazio que a partida dela deixara.

E embora parecesse egoísta, Colin não se moveu. A vontade de correr atrás dela, de segurá-la e pedir desculpas, gritava alto em seu peito. Mas ele sabia que o amor de Penélope por ele era profundo e duradouro, forte demais para ser deixado de lado tão facilmente. E sabia que, eventualmente, um dos dois teria que ceder — e não seria ele. Por mais que o trabalho como Lady Whistledown tivesse sido brilhante e promissor, estava na hora de Penélope abandonar a pena, tanto pelo bem dela quanto pelo deles. Talvez, com o peso daquele segredo removido, a vida se tornasse mais fácil, menos carregada de tensão e medo.

Enquanto Colin refletia, Penélope caminhava em direção à casa, cada passo mais pesado que o anterior. Quando finalmente cruzou a soleira, uma onda de exaustão a atingiu com força. Suas pernas fraquejaram, mal conseguindo sustentá-la enquanto subia as escadas até seu quarto. Ela sentia como se o peso de toda a situação estivesse comprimindo seu peito, dificultando a respiração.

Assim que entrou no quarto, Penélope desabou na cama sem cerimônias. Um soluço esganiçado escapou de sua garganta, e as lágrimas irromperam com uma intensidade avassaladora. A dor que sentia era profunda, um misto de mágoa, frustração e amor não correspondido da maneira que desejava. Ela amava Colin mais do que qualquer coisa no mundo, mas a ideia de abandonar Whistledown, o que havia sido sua razão de existir por tanto tempo, partia seu coração.

Ao mesmo tempo, Penélope sentia-se dilacerada pela culpa. Sabia que Colin tinha razão em temer pelo futuro deles, em querer protegê-la de possíveis perigos. Mas essa proteção vinha ao custo de sua própria independência, do que havia lutado tanto para construir. As lágrimas escorriam por seu rosto, molhando o travesseiro, enquanto o conflito em seu coração só parecia aumentar. Amava Colin com cada fibra de seu ser, mas sentia-se presa entre o desejo de agradá-lo e a necessidade de manter sua própria identidade.

Ela não sabia o que fazer. Tudo o que podia realizar naquele momento era chorar, derramando a dor e a confusão que a consumiam, esperando que, de alguma forma, o amanhecer trouxesse uma solução.

Unexpected Love ? PolinOnde histórias criam vida. Descubra agora