Proteção
O significado mais comum de proteção envolve a ideia de preservar alguém de um perigo, um ato de cuidado ou segurança. É também o ato de se resguardar, de se afastar daquilo que representa uma ameaça. Proteger é construir barreiras, erguer muros, isolar-se para evitar feridas — uma ação que envolve mais evitar do que enfrentar.
Mas a verdadeira proteção nem sempre significa distância ou isolamento. Às vezes, proteger exige proximidade, exige quebrar as próprias barreiras e permitir-se envolver em algo que se torna maior do que o medo de se machucar. Proteger alguém pode ser o impulso de estar por perto, de se tornar uma presença silenciosa e constante, uma promessa muda de segurança que não precisa de palavras. Quando alguém passa a ser o motivo pelo qual você desafia seu próprio instinto de afastamento, a ideia de proteção ganha outro significado. Você começa a enxergar as fraquezas, as cicatrizes, e se sente compelido a defender essa pessoa, mesmo que isso signifique confrontar o mundo — ou a si mesmo.
Para Lalisa Manoban, ou como é conhecida: Lisa, a proteção sempre foi um conceito distante. Desde a infância, ela se resguardava em sua própria solidão, mais afastada do que integrada ao mundo ao seu redor e, apesar dos seus pais tentarem achar o motivo disso em um diagnóstico, o motivo já estava na frente deles: alguém de personalidade forte. Lalisa era uma adolescente rebelde de 17 anos, estava sempre fora de casa apesar de sua mãe dar puxões de orelha e sermões sobre a menina ficar até quase meia-noite andando de skate por aí.
O refúgio de Lisa eram as drogas. Mas dentre todas que ela experimentou, a única que ela mantém o hábito é a cannabis, ou como é mais conhecida: a maconha. Os entorpecentes serem seu refúgio não era exatamente algo que ela se orgulhava, porém nós não decidimos o que ou quem se tornará o nosso abrigo e nos levar para a superfície. A maconha ajudava Lalisa a se esquecer dos problemas e a rebeldia de uma adolescente comum, a pressão dos pais quanto às notas da escola, se autoconsiderar a filha odiada; ela dizia que seu irmão de 7 anos, Kawin, era sempre o centro das atenções, que seus pais não estavam nem aí para ela – o que não era uma exata mentira apesar deles se esforçarem para passar o contrário. E muito mais outras coisas. Não podemos dizer que é drama, porque na adolescência, tudo que sentimos vem em dobro, então é comum que as pessoas nessa idade se sintam mais fragilizadas.
Sua mãe, Chittihip Manoban, é a enfermeira chefe do Stanton Territorial Hospital, o principal de Yellowknife. Lalisa é fruto de uma relação de uma noite que sua genitora teve há 17 anos, mas apesar disso, ainda grávida, conheceu Marco Brüschweiler, um chefe de cozinha da Suíça muito bem renomado. O homem assumiu Lisa como sua filha e ele embora não ser o pai biológico da tailandesa, eles têm uma relação de pai e filha. Quando Lalisa completou 10 anos, seu irmão Kawin Manoban Brüschweiler nasceu, ele é um pestinha que adora infernizar a vida da irmã mais velha.
Lisa sempre soubera que seu corpo não era exatamente como o das outras garotas, mas a insegurança sobre quem ela era nunca foi algo fácil de lidar. Quando era mais nova, brincava de esconder o que sentia ser um detalhe estranho, um segredo bem guardado, sempre evitando espelhos e a sensação de desconforto que lhe causava olhar mais de perto para si mesma. Ela sentia que sua diferença poderia ser vista por todos, como uma marca invisível que, no fundo, era impossível de esconder. Aquela sensação de ser menos feminina, de ter algo que não correspondia ao corpo de uma garota, não era algo que ela pudesse compartilhar com qualquer um. Talvez fosse esse medo de ser vista de forma diferente o que a impedia de se abrir, até mesmo para aqueles que pareciam dispostos a aceitá-la. Mas havia momentos, em silêncio, quando ela se perguntava se algum dia seria possível se olhar no espelho e ver, de fato, uma versão de si mesma com a qual pudesse se reconciliar. O seu pênis, que para ela representava uma diferença que ninguém mais parecia perceber, era agora um lembrete constante de sua vulnerabilidade. Ela o observava com uma mistura de desconfiança e desgosto, como se aquilo a separasse ainda mais dos outros. Era como se houvesse algo errado com ela, algo que ela não podia controlar, algo que parecia não corresponder ao que ela esperava ver nos outros. O pensamento de estar com alguém, de se expor, fazia com que sua insegurança se ampliasse. Ela desejava poder mudar aquilo, fazer com que fosse diferente, mas, no fundo, sabia que não tinha o controle. Cada olhar em seu reflexo era um lembrete de que, para ela, ser normal era algo distante demais, algo inalcançável.

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Beneath The Surface - Chaelisa G!P
RomanceEm um colégio na pequena cidade de Yellowknife localizada no Canadá, Roseanne Park, a capit? das líderes de torcida, apesar do sorriso radiante, carrega o peso de um segredo doloroso. Sua vida vira de cabe?a para baixo quando decide ir em busca de r...