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Ele riu, entregando-se.

— É, você me pegou. Eu ia pegar doces com meu irmãozinho, mas resolvi deixar ele se divertir sozinho.

Samantha arqueou uma sobrancelha, analisando a resposta dele antes de soltar uma pergunta mais direta.

— Então não veio por causa dela?

Ela apontou discretamente para Nancy, que estava dançando com Steve no meio da multidão.

Jonathan seguiu o olhar dela e, por um breve momento, sua expressão suavizou. Seus olhos pareciam brilhar enquanto observava Nancy, como se estivesse preso naquele instante.

Samantha cruzou os braços, sem paciência para aquele teatro.

— Jonathan, não disfarça. Está na cara que está afim dela.

Ele rapidamente desviou o olhar, voltando-se para Samantha com um sorriso forçado.

— Não, não tem nada a ver. Eu já gostei dela, no passado, não gosto mais.

Samantha ergueu uma sobrancelha, claramente não convencida.

— Então tá. Se prefere mentir para si mesmo, minta à vontade.

Sem esperar mais, ela se virou para sair.

— Vai aonde? — Jonathan perguntou, curioso.

Samantha deu um meio sorriso antes de responder.

— Acha que vim pra cá pra ficar só conversando?

— Achei que não quisesse chamar a atenção.

— E eu não quero. Quem disse que se divertir é chamar a atenção? Preciso agir como uma adolescente comum, como você disse que eu sou. Agora, se eu fosse você, faria o mesmo.

Ela deu uma última olhada para ele antes de sumir na multidão. Jonathan ficou parado por alguns segundos, observando-a se afastar, antes de soltar um suspiro e esfregar a nuca, como se tentasse entender por que, de repente, se sentia tão questionado.

[...]

A música alta vibrava nas paredes da casa, e o cheiro forte de bebida alcoólica misturado com o de doces impregnava o ar. Pessoas dançavam, riam, conversavam alto, mas Samantha não conseguia se sentir parte daquilo. Era como se estivesse deslocada, como se o mundo ao redor fosse um filme no qual ela não se encaixava.

Ela bebeu mais um gole do líquido avermelhado no copo plástico, esperando que aquilo surtisse algum efeito, que ao menos anestesiasse a sensação estranha que a acompanhava há dias. Mas nada. Nem um leve torpor, nem uma tontura, nem mesmo o calor no rosto típico da bebida. Era como se seu corpo tivesse se tornado imune a qualquer tentativa de distração.

Suspirando, ela afundou ainda mais no sofá, observando as pessoas ao seu redor, até que um movimento ao seu lado chamou sua atenção.

Alguém se sentou perto demais. Ela virou o rosto lentamente e encontrou Billy Hargrove, o novo aluno da escola, já conhecido por todos. Seu cabelo bagunçado, o sorriso presunçoso e o olhar intenso faziam dele o centro das atenções onde quer que fosse.

— Por que uma gatinha como você sabe ser tão careta em uma festa assim, hein? — Ele perguntou, inclinando levemente a cabeça.

Samantha revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso cansado.

— Desaprendi a me divertir.

— Se quiser, eu posso te ensinar.

O tom de sua voz, o jeito como seus olhos passeavam por ela, tudo deixava claro que ele estava flertando. Em outra situação, talvez aquilo tivesse efeito sobre ela, mas agora... Agora, ela não queria nem mesmo estar ali.