抖阴社区

                                    

Respiro fundo e aperto a sua mão na minha, como se estivéssemos selando um contrato importante.

Ficamos presas nesses segundos, com nossas mãos grudadas e nossas atenções fixadas uma na outra. Mas quando reparo, puxo minha mão com rapidez como se sua pele me queimasse.

Ela pigarreia.

‐ Quem começa?

‐ Eu. – Digo colocando todo meu cabelo em um ombro e, finalmente, notando a falta de algo. – Onde estão Bella e Vitor?

‐ Essa vai ser sua primeira pergunta? – Apoia sua cabeça em uma mão com um sorrisinho.

‐ Vai sim.

‐ Certo. – Ela dá de ombros antes de continuar. – Bella queria ir para uma festa, e como Vítor se preocupa, foi junto.

Sorrio ao pensar em como ele é protetor com elas.

Nos poucos momentos que tivemos juntos, percebi que além de carinhoso e amoroso, Bella e Lia são como irmãs para ele. Esses três são um grupo extremamente fofo e cômico, se levar em conta as personalidades diferentes de cada um.

Meu sorriso diminui quando um detalhe ganha foco em minha mente.

‐ Uma festa? Na quarta-feira? – Questiono franzindo o cenho.

‐ É o jeito de Bella, embora ela tenha estado um pouco diferente nos últimos tempos. – Lia comenta, parecendo falar a segunda parte mais para si mesma, até que semicerra os olhos para mim. – Foi mais de uma pergunta.

Sorrio, levantando os ombros e me divertindo com sua expressão.

‐ Minha vez, trapaceira. – Faço um gesto com a mão, incentivando-a a continuar. – Por que se mudou para cá?

‐ Para um recomeço, eu te disse na entrevista.

‐ É, disse. – Ela se inclina para a mesinha e pega uma batata. – Acontece que eu não quero a resposta resumida que dá pra todo mundo.

Aliso minha calça, ajeitando-a e aperto os lábios em uma linha reta.

Me pergunto se devo ou não dizer a verdade. É um assunto que ninguém além de Leila e nossas mães sabem, mas, Lia tem algo que me faz querer confiar nela de olhos fechados.

Ela não me julgaria, né?

Suspiro de maneira profunda.

‐ Minha ex. – Respondo olhando minhas mãos que se tornaram muito interessantes agora. – Eu precisava ficar longe dela e bem… pareceu uma boa ideia.

‐ Imagino como deve ter sido difícil. – Sua voz é baixa, mas é como se se espalhasse por todo o ambiente tornando qualquer outro som inexistente. – Três anos é bastante tempo.

Levanto minha cabeça de forma brusca, em choque por ela se lembrar desse detalhe sobre meu antigo relacionamento.

Quando nossos olhares se encontram, sinto o sentimento se esvaziar, me deixando inebriada e enfeitiçada pela calma em sua expressão.

‐ Foi, mas o relacionamento inteiro foi difícil, apenas descobri tarde demais.

Suas sobrancelhas se franzem e antes que mais palavras saiam de sua boca, me manifesto.

‐ Não era só minha mãe que não gostava dela. – Abaixo a cabeça, olhando para minhas pernas. – Leila e ela não se davam bem.

‐ Por que?

‐ Não sei, imagino que Leila enxergava a verdadeira face manipuladora dela e ela não gostava disso. – Pego uma batatinha da travessa. – Vivia me dizendo que Leila não era uma boa influência.

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