Camille Dumas construiu sua carreira no jornalismo esportivo sem nunca misturar o pessoal com o profissional. Sua regra é clara: pilotos s?o assunto para suas matérias, n?o para sua vida.
Mas tudo isso é colocado à prova quando Max Verstappen decide...
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O calor seco do Texas bateu no rosto de Camille assim que ela deixou o aeroporto. Ainda era manhã, mas o ar já vibrava com a antecipação típica de uma cidade que acolhia a Fórmula 1 com entusiasmo quase exagerado. Banners, outdoors e até letreiros digitais exibiam o nome de Max Verstappen ao lado de Hamilton, como se a temporada se resumisse àquela rivalidade inflamável. E, de certo modo, talvez se resumisse mesmo.
Camille ajustou os óculos escuros no rosto e respirou fundo. Não por causa da temperatura, mas pela sensação constante de aperto no peito que a acompanhava há dias.
Ela ainda não havia feito nenhum teste.
Mas os sintomas... estavam se acumulando.
Ainda no avião, uma leve náusea veio com o cheiro da refeição servida. O perfume exagerado da mulher ao lado a fez prender a respiração por minutos. E, por mais que tentasse manter o foco no trabalho, a mente insistia em vagar por possibilidades que ela não estava pronta para enfrentar.
Ela chegou ao hotel junto com Sophie e Alberto. Sorriu, respondeu o que precisava, mas manteve a postura reservada. Sophie, como sempre, tagarelava sobre o trabalho que faria naquele fim de semana, sobre a expectativa da corrida nos Estados Unidos, e sobre como alguém precisava convencer Camille a sair à noite e aproveitar pelo menos um pouco.
— Você está tão... pálida — Sophie comentou enquanto esperavam os quartos serem liberados na recepção. — Está dormindo direito?
— Tô, sim. — Camille forçou um sorriso. — É só o fuso. E eu detesto ar-condicionado de avião.
Sophie arqueou uma sobrancelha, desconfiada, mas não insistiu. A verdade era que Camille não sabia mais quantas desculpas já tinha inventado para explicar o cansaço, a oscilação de humor, o leve desconforto no estômago. Tudo podia ser estresse. Podia ser só a loucura da temporada.
Podia.
Mas... e se não fosse?
Ela subiu para o quarto assim que teve a chave em mãos. Deixou a mala largada no canto e se jogou na cama, sem nem tirar os tênis. Fechou os olhos por alguns segundos, tentando organizar os próprios pensamentos.
Monza parecia tão longe — e ao mesmo tempo, tão presente. A forma como Max a procurou. A intensidade daquela noite. A ausência de proteção. O gosto de álcool no beijo dele. O desespero nos toques. E, no dia seguinte, o vazio.
O sumiço.
A matéria que ela escreveu — crítica, racional, feroz — não foi só uma forma de distanciamento. Foi autodefesa. Um lembrete para si mesma de que aquilo tudo tinha que ter um limite. De que ela ainda era dona da própria narrativa. De que ninguém — nem mesmo Max — podia atropelar o que ela construiu com tanto esforço.
Mas a verdade era que... ela sentia falta dele.
E, mais do que isso, sentia falta do que ele a fazia sentir. Mesmo quando tudo parecia um erro prestes a acontecer.