抖阴社区

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— Quer realmente saber a verdade? — Luffy perguntou depois de um tempo, o rosto ainda coberto pelo lençol.

Estranhei a pergunta, não esperava isso, pelo menos não agora. Crispei os lábios e cruzei os braços; Todo aquele turbilhão de dúvidas que eu tinha pareceu se acalmar e eu me senti esfriar, como se as dúvidas que eu tinha sobre ele fossem o que deixasse meu interesse aceso. Mas ainda tinha a desconfiança de que ele não poderia me contar tudo ou simplesmente mentir.

— Quero. — Respondi.

Ele levou um tempo até começar a falar e em nenhum momento descobriu seu rosto.

— Meus pais morreram... Há uns sete anos... E então eu e meu irmão viemos morar com meu avô. — Ele suspirou. — O Ace entrou em depressão e começou a usar drogas e acabou fazendo algumas dívidas... Mataram ele há alguns meses... Mas esses caras que me bateram ainda cobram dinheiro de mim, da dívida que ele deixou. É por isso que eles sempre me perseguem.

Fiquei calado, absorvendo a história que ele contou. Como eu pensei, toda aquela tristeza tinha uma explicação maior do que bullying. Luffy fungou debaixo da coberta e continuou.

— A Nami me ajudou muito, principalmente na questão financeira, mas ela começou a ficar sem dinheiro... Então teve um dia que fomos a uma festa e teve um cara... Teve um cara que ficou interessado em mim... — Disse a última frase bem baixinho. — E ela disse a ele que eu ficaria com ele se ele pudesse pagar bem e...

Tudo se encaixou perfeitamente na minha cabeça depois disso. Isso explicava tudo, até mesmo o porquê daquelas fotos. Nami estava usando Luffy, da maneira mais nojenta que alguém poderia usar. Ela estava se aproveitando de alguém que não sabia o que fazer da vida e explorando-o. Cobri a boca com a mão, ainda tentando digerir a história.

Era pior do que eu imaginava. Eu estava enojado, não porque ele se prostituiu, mas pelos motivos que o levaram a fazer isso. Luffy tinha o quê? Dezessete anos? Não era certo. O que me deixava mais enojado e frustrado era que a ruiva não poderia ter toda a culpa disso, afinal, ele também concordou em se vender, então ela não teria nenhum tipo de punição legal.

Ficamos em silêncio por um tempo, eu olhava pro nada e tentava não pensar no que poderiam ter feito com ele. Ouvi Luffy se mexer na cama e olhei pra seu rosto; Não chorava, mas estava bem triste e desconfiado quando olhou pra mim.

— Tem mais uma coisa... — Falou. — E-eu... Naquele dia do hospital... Você me tratou tão... Tão bem... — Suas bochechas estavam coradas e ele desviou o olhar. — Eu acho que... Acho que estou gostando de você...

Levantei uma sobrancelha, surpreso com a confissão. O que era isso, agora?

— Eu venho tentando me matar todo esse tempo... — Continuou, ainda sem olhar pra mim. — Mas você apareceu e... Eu sempre penso em você quando estou triste, então eu fico mais calmo...

Fiquei em silêncio, meu coração batia rápido e eu estava sentindo meu rosto quente. Como alguém poderia ter tanta coragem pra dizer o que sente assim? Ainda mais na nossa posição? Me senti um lixo quando ele falou isso, primeiro por que até mais cedo eu estava só querendo levá-lo pra cama e usá-lo até o diabo dizer chega e depois por tê-lo tratado mal no carro, sendo que eu era o motivo de ele estar vivo agora.

Era uma grande responsabilidade, não poderia brincar com algo tão sério quando a vida de alguém. Mas também não poderia alimentar esperanças dele ficar comigo. Ele era mais novo, meu aluno e, por mais que eu sentisse uma atração por ele, não queria passar mais de uma noite. Era um dilema bem complicado de resolver.

Eu quero cuidar dele. Mas esse sentimento que apareceu agora não me deixaria fazer muita coisa sem ele entender como segundas intenções ou que eu estivesse retribuindo o sentimento dele. Queria ter a mesma coragem que ele teve para explicar como eu me sinto, de uma maneira que eu não o magoasse.

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