抖阴社区

CAP?TULO 8

202 28 29
                                        


"Ai, me perdi de novo
Me perdi e não consigo me encontrar
Acho que posso desmoronar
Me perdi de novo e me sinto insegura..."

Breathe Me – Sia

POV CAROL

Os primeiros raios de sol começam a invadir o quarto pelas frestas da cortina, desenhando linhas nos lençóis amassados. Sinto uma leve dorzinha na cabeça e um frio chato. As lembranças da noite passada vêm com tudo, junto com um sorriso bobo no rosto. Ontem foi simplesmente incrível. Fazia tempo que eu não vivia algo assim.

Desde que cheguei em Paris, minha vida virou uma rotina meio solitária só eu, meus sonhos e a correria pra tentar alcançá-los. É sempre trabalhar, voltar pra casa e repetir. Me divertir? Raridade. Fazer algo sem compromisso? Mais raro ainda. Até que um doido me atropelou e me levou para um jantar.

Foi uma das noites mais leves que eu vivi nos últimos tempos. E o mais impressionante ele é tão simples, tão pé no chão. Não tinha aquela ar de "estrela inalcançável", sabe? Pelo contrário. Ele falava olhando nos olhos, ria alto, fazia piada com ele mesmo... parecia só um cara comum querendo viver um pouco Só espero que a Alia nunca descubra isso...

Tem algo nele que mexeu comigo de um jeito estranho. Nem sei explicar. É como se... sei lá, fosse algo diferente, que me tirasse do eixo. Mas não posso me dar ao luxo de deixar alguém entrar assim na minha vida agora. Então, engaveto esse sentimento, respiro fundo, levanto da cama e vou direto pro banheiro.

Depois de cuidar das necessidades básicas, bate a fome. Já que acordei tarde demais, o café virou almoço. Vou pra cozinha improvisar alguma coisa. Por sorte, hoje é sábado não costumo trabalhar na cafeteria nos fins de semana, só se estiver bombando mesmo. Então, meu plano é simples me jogar no sofá, maratonar minha série favorita e aproveitar esse dia do jeitinho que eu gosto.

O fim de semana passou num piscar de olhos. Desde então, não falei mais com o Taehyung. No fundo, rola uma pontinha de decepção, mas nada de ilusão eu sabia que não ia virar um conto de fadas. Ainda assim, uma parte de mim achou que ele ia mandar alguma mensagem... Mas deixei esse pensamento pra trás assim que entrei na cafeteria.

Eu amo esse lugar. Mesmo não estando na área em que me formei e dediquei anos da minha vida, me sinto bem aqui. Me sinto acolhida.Paris sempre teve esse efeito em mim, desde que cheguei como uma recém-formada, sem falar uma palavra de francês e com o currículo mais vazio que geladeira de estudante. Mas aí veio a dona Marta que me estendeu a mão e resolveu me dar uma chance.

Meu sonho de trabalhar com psicologia não acabou. Ele continua vivo em mim, como uma chama que insiste em não se apagar mesmo nas noites mais escuras. E talvez, justamente por tudo que passei, eu tenha algo a oferecer. Uma escuta sensível, um olhar compreensivo, uma presença real

Desde muito nova, eu aprendi a conviver com o silêncio. Não aquele silêncio calmo, que traz paz... mas um silêncio pesado, que grita dentro da gente. Passei por dores que não soube nomear, sentimentos que me sufocavam e que ninguém parecia notar. Com o tempo, fui construindo um muro em volta de mim não por querer afastar o mundo, mas por não conseguir encontrar alguém que realmente me escutasse

A psicologia, desde que a conheci, foi como uma luz tímida entrando por uma fresta. Me encantava a ideia de alguém se sentar diante de outra pessoa e, sem julgamentos, dizer: "eu estou aqui pra te ouvir". Me parecia mágico. Eu via nisso uma forma de cura. Algo que eu mesma sempre procurei e nunca soube pedir

Talvez seja por isso que esse sonho ainda mora em mim. Porque sei o valor que tem uma palavra dita na hora certa. Sei o que é precisar de apoio e não encontrar. E, mais do que tudo, sei o quanto um coração machucado deseja ser compreendido, mesmo quando não sabe como falar

Meus pensamentos são interrompidos por uma batida na porta. Já de uniforme, murmuro um "pode entrar", e a Alia surge com um mini buquê de rosas brancas. Franzo a testa antes de perguntar...

— Eita, pra quem é isso aí? — falo me aproximando.

— Pra você, sua doida! — ela responde com um sorrisão, e meu coração já dá aquela travada. Será que foi ele? E se foi... o que eu faço? E se... — AMIGAAAA!!!

Levo um susto com o grito da Alia.

— Foi mal, tava viajando aqui — falo, tentando entender o que tá rolando.

— Vou te deixar abrir a carta do boy — e antes que eu diga qualquer coisa, ela já tá saindo e deixa o buquê em cima da mesinha de refeições ao lado.

Me aproximo meio sem saber o que esperar, pego a carta com o coração acelerado. Respiro fundo, tomo coragem... e começo a ler.

"Oi, minha princesa... achou mesmo que poderia se livrar de mim? Que atravessando fronteiras, apagando rastros, eu não a encontraria? Eu esperava mais de você, sinceramente. Achei que fosse mais esperta, princesa.
Sabe, tem uma coisa que nunca saiu da minha cabeça. A promessa que fizemos à sua mãe... lembra? Que nunca nos separaríamos. Mas você quebrou isso. Você rasgou algo que era sagrado.
E agora... agora eu tenho que consertar isso. Não se preocupe, vai ser rápido. Eu sinto sua falta, sabe? Como se fosse do meu próprio sangue. E sangue... sempre encontra um jeito de se reunir.
Estou indo te buscar.
E desta vez, vamos ficar juntos. Para sempre.
Com amor,
M."

Não consigo respirar. Meu peito aperta, minha visão turva. Como ele me achou? Como ele sabe onde estou, onde trabalho? Como ele pode saber da promessa, se minha mãe só falou disso comigo, sussurrando, quando estávamos sozinhas no meu quarto?
Tudo está girando. As paredes parecem se fechar ao meu redor. Minhas mãos tremem, meus pensamentos se atropelam, e eu... eu não sei o que fazer. Estou com medo. Estou perdida. Estou sozinha.
E se ele me encontrar? O que eu vou fazer?

Luto pra controlar minha respiração, como se puxar o ar fosse uma tarefa impossível. Tento me recompor, forçar uma aparência de normalidade, pelo menos o suficiente pra voltar ao trabalho. Guardo a carta na bolsa com os dedos trêmulos e, quase sem olhar, jogo as flores no lixo. Rosas brancas. As preferidas da minha mãe. Ela dizia que traziam paz e esperança. Por um tempo, eu quis acreditar nisso também. Mas agora... Tudo desmoronou. E não há mais paz. Nem esperança. Só esse vazio sufocante.

Volto ao trabalho, fingindo que está tudo bem. Fingindo que consigo seguir em frente. Mas está difícil. Cada som parece mais alto, cada movimento mais pesado. Alia percebe que algo está errado. Mas tenta respeitar meu silêncio. Pergunta com cuidado, mas eu não posso contar. Não posso envolver mais ninguém nisso. Já coloquei gente demais em perigo.

O turno finalmente acaba, e eu vou direto pra casa. Nem tiro os sapatos, só me jogo na cama. As lágrimas vêm antes que eu possa impedir. Elas escorrem quentes, silenciosas, carregadas de tudo que eu não posso dizer em voz alta.
No fundo, eu sempre soube que esse dia podia chegar. Só não achei que seria agora. Não aqui. Eu amo esse lugar. Eu construí algo aqui. Eu queria que fosse diferente. Não queria ter que recomeçar tudo... por causa dele. De novo.

Oi, meus amores!!

Agora me conta quem vocês acham que mandou essas flores pra nossa girl, hein? Tô curiosa pra ver os palpites de vocês!

Eu sei, eu sei... esse capítulo ficou mais curtinho e teve bastante narração (e olha que eu também sou do time que prefere mais ação do que falação kkk), mas foi necessário pra vocês se situarem um pouquinho no que tá passando na cabeça da personagem.
A Carol tá carregando umas coisinhas do passado aí... uns fantasminhas que ainda perturbam.
Prometo que esse começo meio paradinho é só pra preparar o terreno, tá? Lá na frente tudo vai se encaixar e vocês vão entender tudinho. Então, por favorzinho, não desiste de mim não! Vem comigo que o babado ainda vai ficar bom!
💜💜💜

For us [Taehyung] +18Onde histórias criam vida. Descubra agora