Antes de Você

Amy Lancaster

As luzes frias da sala de espera piscavam suavemente enquanto eu tentava controlar a ansiedade. O relógio na parede parecia se arrastar, cada segundo pesando no meu peito.

Logan estava sentado ao meu lado, a perna balançando levemente em um tique nervoso que ele provavelmente nem percebia. De tempos em tempos, seus dedos se entrelaçavam com os meus, apertando de leve, me lembrando que ele também estava ansioso - só escondia melhor.

Mesmo a paisana, alguns soldados paravam na frente de Logan prestando continência e Logan apenas ria me explicando que eram recrutas assustados.

Era estranho estar ali. A maioria das cadeiras estava ocupada por mulheres de militares - a maioria dos homens fardados -, e as paredes exibiam quadros que misturavam patriotismo e cuidados com a saúde. Tudo era formal, arrumado, organizado… tão diferente dos consultórios normais.
Minha ficha estava no colo, mas Logan parecia atento a tudo, observando discretamente cada pessoa na sala, em modo de alerta constante. Era o jeito dele. Sempre seria.

- Amy Belford? - chamou a voz feminina, firme, da recepcionista. Nós dois nos levantamos ao mesmo tempo. Eu apertei mais forte a mão dele, e ele só respondeu com um breve sorriso de canto, aquele que fazia meu coração acelerar.

Seguimos pelo corredor iluminado até uma porta aberta onde uma mulher de jaleco nos esperava, segurando uma prancheta.

- Finalmente! - disse a doutora, sorrindo largo para nós. - É um prazer enorme conhecer o famoso Major Belford! - Ela estendeu a mão para ele, os olhos brilhando com genuíno respeito.

Apesar de trabalhar em um consultório do convênio militar, ela era uma civil, por isso não prestou continência.

Logan ficou meio sem graça, coçando a nuca de leve antes de apertar a mão dela.

- O prazer é meu, doutora. - respondeu ele, a postura automática de militar surgindo, firme, educado, respeitoso.

A doutora se virou para mim, animada:

- Amy me contou muito sobre você durante as consultas! Estávamos esperando ansiosamente por esse dia, Major. - Ela disse, enquanto nos conduzia para dentro da sala de exame. - Bem-vindo oficialmente ao nosso consultório.

O ambiente era acolhedor, ainda que muito militar: tudo extremamente limpo, instrumentos alinhados, e uma bandeira americana discretamente posicionada em um canto. A cadeira de ultrassom estava no centro, coberta com papel descartável novo.

- Pode deitar aqui, Amy. - pediu a médica, sorrindo.

Enquanto eu subia na cadeira, puxando a blusa para cima e abaixando a cintura da calça, Logan ficou ao meu lado, os olhos atentos em cada movimento meu, como se guardasse cada segundo na memória.

A doutora preparou o aparelho, espalhando o gel frio na minha barriga, e Logan segurou minha mão de novo, apertando de leve.

- Vamos ver esse bebê lindo? - disse a médica, ligando a máquina com um apito suave.

Meu coração batia tão forte que eu podia ouvir nos meus próprios ouvidos. Senti Logan segurar a respiração. Quando a imagem apareceu na tela, borrada e depois nítida, eu me virei para ver a expressão dele - e não me decepcionei.

Os olhos do Major durão estavam vidrados, brilhando de emoção pura.

Ele soltou um suspiro entrecortado, como se o mundo inteiro tivesse parado ali.

E eu soube: naquele instante, tudo - absolutamente tudo - havia valido a pena.