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cap 7 - segredos sob o ch?o

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O relógio marcava quase meio-dia quando Nat, entediada, largou a HQ que lia pela milésima vez. Jogou-se de costas na cama, soltando um suspiro alto. Na prateleira, a guitarra encostada parecia zombar dela, mas nem tocar conseguia naquele dia. Tudo parecia... abafado.

Desceu as escadas devagar, ouvindo o silêncio ecoando pela mansão fria, com os vitrais coloridos espalhando luzes sem calor pelas paredes.

O pai, como sempre, trancado no escritório.

Deu alguns passos pelo corredor até que, pela porta entreaberta, ouviu risadas abafadas. Se esgueirou com aquele instinto curioso que sempre teve.

— Não acredito que conseguiu uma reserva... — uma voz feminina, estranhamente animada.

— Tudo pelo melhor vinho e pela melhor companhia. — a voz inconfundível de Chris Rothschild.

Nat sentiu o estômago revirar.

Seu pai... rindo?

Com alguém?

Observou sem ser notada: Chris, de camisa social impecável, ao telefone, apoiado casualmente na mesa, com um sorriso que há muito tempo Nat não via.

Fechou a porta devagar e recuou, o peito apertado.

A mãe tinha morrido há apenas sete meses.

Sete meses.

Engoliu em seco e foi até a cozinha, onde Casey organizava alguns utensílios com a tranquilidade habitual.

— Tá viva? — perguntou Casey, abrindo um sorriso ao vê-la entrar.

Nat se jogou na cadeira.

— Acho que meu pai tá... namorando. — soltou, com um misto de raiva e incredulidade.

Casey parou, olhando com cuidado, depois se aproximou, se inclinando para o balcão.

— Você ouviu ele com alguém?

Nat assentiu, mexendo em uma pulseira no pulso.

— Ele nem fala comigo. Mal me olha. Mas tá aí... rindo com outra.

Casey respirou fundo e passou a mão no cabelo de Nat, bagunçando de leve.

— Ele tá tentando... do jeito dele. Mas não justifica. Eu sei.

Nat mordeu o lábio, segurando a vontade de chorar.

— Por que todo mundo segue em frente tão rápido? Parece que sou a única parada.

Casey segurou a mão dela com firmeza.

— Não tem tempo certo pra nada disso, Nat. Cada um lida como pode. E você... tá sendo forte. Mais do que imagina.

Nat forçou um sorriso, meio quebrado.

— Não quero ser forte. Queria só... que fosse diferente.

Casey apenas a puxou para um abraço, apertado e silencioso, como sempre fazia quando Nat não conseguia colocar em palavras o que sentia.

Mais tarde, entediada de novo, Nat desceu até o porão, aquele espaço empoeirado e meio esquecido, onde às vezes gostava de mexer nas coisas velhas.

Passou por caixas de enfeites, móveis antigos cobertos por lençóis... até que viu, no canto, algumas caixas com o nome da mãe rabiscado.

Se aproximou devagar.

Começou a remexer. Fotos antigas, cadernos de receitas, discos de vinil.

Até que, ao pisar mais à frente, sentiu o chão... estranho.

cicatrizes em movimento- max mayfield and nat rothschildOnde histórias criam vida. Descubra agora