抖阴社区

cap 33 - n?o tenho culpa

13 1 0
                                        

A semana tinha passado rápido, mas para Nat parecia que o tempo corria num relógio estranho, às vezes acelerado, às vezes parando de vez. Depois daquele beijo nos fundos da locadora e a saída com o grupo de Steve, Robin, Nancy e Jonathan, ela tinha se permitido uma trégua emocional. Mas só uma trégua.

Agora, de pé na porta da casa dos Wheeler, ela respirou fundo antes de bater. A ideia era chamar Nancy para sair, talvez um cinema ou até só bater perna pela cidade. Não esperava encontrar o grupo de amigos de Mike todo reunido.

Assim que Robin abriu a porta, deu aquele sorrisinho cúmplice.

— Ei, você! Chegou cedo.

— Ficar parada na locadora é que eu não ia — respondeu Nat, entrando.

Assim que atravessou a sala, viu de canto de olho Max sentada numa poltrona, os joelhos encolhidos no peito, olhando meio de lado, e Lucas sentado no braço do sofá, os olhos estreitos. Dustin e Mike estavam mais ao fundo, conversando sobre alguma coisa que envolvia D&D, mas pararam ao perceber a tensão.

Nancy apareceu pela cozinha, limpando as mãos no pano de prato.

— Nat! Tá querendo fazer o quê hoje?

— Vim te sequestrar, se estiver de bobeira — respondeu Nat, com aquele sorriso provocador.

Nancy riu, mas antes que pudesse responder, Lucas se levantou, cruzando os braços.

— Dá pra saber qual é a sua?

Nat arqueou a sobrancelha, inclinando levemente a cabeça.

— Como assim?

— Você sabe muito bem — Lucas respondeu, já com a voz mais alta do que precisava.

Max encolheu-se um pouco mais na poltrona, o olhar fixo no tapete.

Robin, que vinha logo atrás de Nancy, parou e olhou de uma pra outra, percebendo o que estava para acontecer, mas preferiu não intervir de cara.

— Relaxe, Sinclair — provocou Nat, cruzando os braços também, sustentando o olhar dele. — Não tenho culpa se você que é o namorado não sabe fazer certo...

Fez uma pausa, se inclinou ligeiramente na direção dele, com o sorriso de canto e os olhos frios.

— ...ce é que me entende.

Foi como jogar gasolina na fogueira.

Lucas perdeu o controle num segundo, empurrou Nat com força, a fazendo bater contra a parede.

— Desgraçada!

Dustin e Mike pularam do sofá, correndo pra segurá-lo antes que fosse pra cima dela de novo.

— Lucas, para! — gritava Mike, tentando segurá-lo pelos braços.

— CALMA, CARA! — Dustin ecoou, mas Lucas estava transtornado.

Nat ficou ali, parada, o corpo pressionado contra a parede, o lábio cortado e um filete fino de sangue escorrendo até o queixo.

Mas não se mexeu.

Não defendeu.

Não revidou.

Só ficou ali, sorrindo. Frio. Quase debochado.

O sangue deixando os dentes manchados, enquanto o olhar cravava direto em Max, que continuava muda, encolhida no canto.

E aí, sem desviar os olhos dela, Nat soltou:

— Sério isso?

A frase caiu como uma bomba no ambiente já saturado.

E então, simplesmente se virou e saiu da casa, deixando Lucas ainda sendo contido pelos amigos.

— Caralho... — murmurou Dustin, olhando a porta bater.

— QUE PORRA FOI ESSA? — explodiu Nancy, indo atrás, seguida de Robin.

As duas alcançaram Nat já na calçada, andando rápido, esfregando o lábio com as costas da mão.

— QUE PORRA FOI AQUILO?! — repetiu Nancy, segurando o braço dela.

Nat parou, olhou pra Nancy, depois pra Robin, que só cruzou os braços e fez um "eu avisei" com a expressão.

— Só... coisas mal resolvidas — disse Nat, como se aquilo explicasse tudo.

— Mal resolvidas? Ele quase te quebrou na porrada! — Nancy exclamou, olhando o sangue secar no canto da boca de Nat.

Robin puxou a camiseta de Nat e deu uma olhada rápida.

— Vai precisar de gelo. E talvez uns pontos.

— Nem fodendo.

— Vem cá — disse Nancy, puxando Nat pelo braço com firmeza, a levando de volta pra dentro, mas não pela porta da frente — deram a volta pela lateral, evitando passar pela sala com o caos.

Chegaram até o quarto de Nancy. Ela pegou a caixinha de primeiros socorros enquanto Robin sentava na escrivaninha, mexendo em umas fitas cassete aleatórias.

— Você podia, sei lá... parar de provocar todo mundo, né? — sugeriu Robin, pegando uma fita e lendo o título. — "The Breakfast Club"? Boa escolha.

Nat soltou um riso abafado enquanto Nancy limpava o corte com algodão e álcool.

— Aiiih!

— Fica quieta, você pediu — respondeu Nancy, focada.

Robin gargalhou. — Doeu?

— Vai se ferrar.

Nancy sorriu de canto e, enquanto passava um curativo no corte, perguntou:

— Por que... você cutucou ele assim?

Nat deu de ombros, olhando pro teto.

— Porque ele me irrita. Porque ele tá comigo desde o começo e nunca entendeu merda nenhuma...

Nancy trocou um olhar com Robin, que só ergueu as sobrancelhas, do tipo "ah, tá explicado".

— Ele tá confuso... — murmurou Nancy.

Nat bufou. — Não me interessa.

Ficou em silêncio, olhando o curativo.

Robin se levantou, pegou uma latinha de refrigerante da mesa e jogou pra Nat.

— Toma, ajuda a desinchar.

— Valeu.

Ficaram ali, um tempo, o quarto silencioso, só o som da fita cassete girando.

— Você vai falar com ela? — perguntou Nancy, quebrando o silêncio.

Nat não respondeu de imediato.

— Não sei. Não sei se consigo.

Nancy colocou a mão no ombro dela, apertando de leve.

— Quando quiser... a gente tá aqui, tá?

Robin assentiu e puxou a mão de Nat, apertando-a.

— Só não arranja mais briga.

Nat riu, fraco.

— Sem promessas.

E ficaram ali, as três, em silêncio confortável.

Mas dentro de Nat, o caos ainda fervia, como sempre.

cicatrizes em movimento- max mayfield and nat rothschildOnde histórias criam vida. Descubra agora