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A Calmaria Antes da Névoa

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O sol nascente pintava de dourado o céu acima da sede dos Caçadores de Demônios. O vento balançava os galhos das árvores e trazia consigo o cheiro fresco da manhã, o que parecia acalmar até os mais inquietos corvos de entrega de missões.

Tanjiro Kamado caminhava com passos leves pelo corredor de madeira polida, suas mãos segurando uma bandeja de chá. Seus olhos brilhavam com serenidade, mas atentos, como sempre. Ele se aproximava do quarto onde Inosuke, pela primeira vez em semanas, dormia tranquilamente — sem a máscara, com a respiração profunda e os cabelos rebeldes espalhados pelo travesseiro.

Tanjiro sorriu ao vê-lo. Havia algo de pacífico naquela cena que o fazia hesitar em acordá-lo, mesmo sabendo que Inosuke o chamaria de idiota sentimental por isso.

— Inosuke… o café da manhã já está pronto — disse baixo, ajoelhando-se ao lado do futon.

Inosuke abriu um olho, ainda sonolento, e o encarou por um momento, até franzir o nariz como um animal selvagem farejando algo no ar.

— Tem carne?

— Tem — riu Tanjiro, colocando a bandeja ao lado. — Mas só se você se levantar agora. Não vou dar na boca.

— Hah! Como se eu quisesse isso! — grunhiu, mas seu rosto corou levemente antes de ele se levantar de um salto exagerado. — Onde está o Zenitsu? Quero ver a cara dele quando eu pegar a maior parte da carne!

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Na sala de refeições, Zenitsu já estava sentado ao lado de Nezuko. O loiro tentava (sem sucesso) encantar a irmã de Tanjiro com elogios exagerados.

— Nezuko-chaaaan, sua beleza hoje ofusca até o sol! Você é um anjo, uma deusa! Eu juro que se alguém ousar olhar para você, eu—

— Cala a boca — disse Inosuke, entrando como um furacão e se jogando ao lado deles. — Você vai assustar a comida.

Nezuko riu baixinho, escondendo a boca atrás da manga. Tanjiro apenas suspirou, sentando-se ao lado dela.

— Vamos manter a calma. Hoje talvez recebamos novas ordens da Oyakata-sama.

Zenitsu estremeceu só de ouvir. — Não diga isso com tanta leveza! Eu só queria um dia de paz! E se for uma missão cheia de demônios de novo?

— É para isso que estamos aqui, Zenitsu — comentou Giyuu, entrando silenciosamente na sala, com sua expressão neutra habitual. — Não somos civis.

— Ainda assim, seria bom um descanso — comentou Sanemi, surgindo logo atrás, braços cruzados, e olhos lançando faíscas para Giyuu. — Embora alguns aqui pareçam gostar de se fingir de mortos para evitar trabalho.

— Não tenho tempo para brigas inúteis — respondeu Giyuu sem emoção, mas Sanemi parecia sorrir provocativamente, como se aquele comentário fosse exatamente o que queria ouvir.

Genya e Muichiro, por sua vez, já estavam sentados um pouco afastados, quase invisíveis na sala movimentada. Muichiro olhava para fora da janela, olhos perdidos, enquanto Genya comia em silêncio, mas lançava olhares curtos ao amigo com frequência, como se buscasse coragem para iniciar uma conversa.

— Ei — murmurou Genya, finalmente. — Você… dormiu bem?

Muichiro piscou, voltando à realidade como se tivesse sido puxado de um sonho. Ele olhou para Genya por um segundo e respondeu:

— Hm. Sonhei com nuvens em forma de raposa.

Genya não sabia exatamente o que responder, então apenas assentiu, meio envergonhado.

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A reunião convocada pelo Oyakata-sama veio pouco depois do almoço. Todos os espadachins estavam presentes. O clima era respeitoso, tenso — como sempre que o líder falava.

— Uma névoa incomum foi avistada na região montanhosa de Yukimoto — disse o Oyakata-sama com sua voz gentil. — Há indícios de desaparecimentos. Sentimos uma presença demoníaca… forte, mas instável.

— Soa como um nichirin quebrado — comentou Muichiro, sua mente já começando a construir hipóteses.

— Vocês, Tanjiro, Inosuke, Zenitsu e Nezuko, irão investigar — continuou o Oyakata. — Giyuu e Sanemi os acompanharão discretamente para avaliar o comportamento dos demônios locais. Genya e Muichiro, se posicionem nas rotas de evacuação. Os moradores já foram alertados, mas ainda há famílias na área.

Todos assentiram. Era uma missão simples à primeira vista, mas o ar parecia pesado. O tipo de silêncio que antecede uma tempestade.

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Ao cair da tarde, o grupo se preparava para partir. Zenitsu tentava se convencer de que tudo daria certo, agarrado ao braço de Nezuko que, com um sorriso calmo, parecia confiar plenamente em seu irmão e nos outros.

Tanjiro checou a lâmina. Inosuke esticava os músculos como um animal antes da caçada.

— Você está nervoso? — perguntou Tanjiro, vendo o jeito inquieto do amigo.

— Nervoso? Eu? Eu tô animado! Esse cheiro de névoa me dá coceira no nariz, mas quero ver que tipo de demônio se esconde atrás disso!

— Vamos ter cuidado. Sempre juntos — disse Tanjiro, com o sorriso firme de quem acredita nas palavras que diz.

Inosuke olhou para ele por um momento. Seus olhos perderam um pouco do selvagem — e por um breve instante, algo ali pareceu diferente. Uma chama pequena, mas queimada com intensidade.

— Juntos, então.

E, sem que percebessem, o primeiro passo em direção ao queimar de novos sentimentos foi dado — no mesmo ritmo das chamas que envolvem suas espadas.




















Cora??es Queimam Como L?minas - Inotan-Onde histórias criam vida. Descubra agora