Joong tinha autorizado, com muito custo, a entrada do Dr. Thawan.— Só pra confirmar. Só pra ver que tem filhote. Mas SEM encostar errado. SEM olhar torto. SEM ideia maligna.
Dunk estava deitado na cama, de moletom largo e cara de quem já tinha desistido da própria dignidade.
O Dr. Thawan, a raposa vermelha mais premiada da ciência híbrida, tremia discretamente ao abrir sua maleta.
— Muito bem, vamos fazer só um ultrassom, simples, rápido…Ele ligou o aparelho. Pôs as luvas.
Olhou pro Dunk. Sorriu.— Dunk, vou abaixar um pouco a blusa e passar o gel aqui na barriga, tudo bem?
Silêncio.
Barulho de patas.
Barulho de pantera gigante em forma animal subindo na cama.
ROSNADO BAIXO.
Dunk olhou pro lado, exausto.
— Joong, não. Ele é o médico.
A pantera encostou o focinho no pescoço do doutor.
Grunhido. Respiração pesada. Presas.
O Dr. Thawan suou.
— Joong… por favor… só estou… fazendo um exame de rotina…
GRRRRRR.
— Joong. Ele precisa encostar. Senão como é que ele vai ver se eu tô grávido ou não?
A pantera bufou. Mas não saiu do lugar.
Ao contrário.
Se aproximou mais.
Agora estava literalmente encostada no ombro do doutor, a cabeça pesando mais que um monitor cardíaco, os olhos dourados fixos em cada movimento da mão enluvada.
— Relaxa… — o Dr. Thawan sussurrou, mais pra si mesmo — vai dar tudo certo… só não morre… só não morre…
Ele passou o gel, tremendo.
Dunk tentou descontrair.
— Sabe… até que tá geladinho, heh…
ROSNADO DE ADVERTÊNCIA.
Joong não gostava de geladinho na fêmea.
O doutor respirou fundo e passou o aparelho sobre a barriga do coelho, tentando não fazer movimentos bruscos.
— …Hum.
— Hum o quê? — Dunk se esticou um pouco pra ver a tela.
O Dr. olhou.
Olhou de novo.
Ajustou o aparelho.
— Senhor Dunk. O senhor está de três meses.
Dunk congelou.
— Perdão?
— Três meses. O cio veio normalmente porque a gestação inicial não causou interrupção hormonal. Isso ocorre em híbridos com sistemas mistos: o corpo mantém o ciclo, mesmo já havendo fecundação. É raro, mas documentado.
Joong se transformou de volta pra forma humana, nu, molhado de gel e mais possessivo do que nunca.
— Ele tem filhote?
— Sim. Ou melhor… filhotes.
O doutor apontou na tela.
— Aqui… um… dois… e esse aqui… escondidinho… três.
Dunk ficou pálido.
— T-três?
— Saudáveis. Tamanho e batimento compatíveis. Aparentemente, gêmeos bivitelinos e um terceiro separado. Provável que dois sejam do último cio, um de um anterior, mas todos se fixaram bem.
Joong parecia prestes a desmaiar. Ou explodir de orgulho. Ou quebrar a cama pra fazer um ninho.
— Três filhotes. Três.
Ele se abaixou até a barriga de Dunk, encostando a testa ali como se fosse um altar sagrado.
— Você é perfeita. Incrível. Divina. Meu ninho tá fértil. MINHA fêmea. MINHA.
Dunk piscou lentamente, o caos emocional se infiltrando no cérebro.
— Três. Três. Eu não sei nem cuidar de mim, Joong.
— Eu cuido.
— Você não sabe usar uma toalha sem destruir a casa.
— Eu destruo com amor.
O Dr. Akhan pigarreou.
— Vou deixar instruções e vitaminas na mesa. Parabéns pela gestação. E… boa sorte. Com tudo isso.
Antes de sair, ele olhou para Joong.
— E considere terapia de casal. A possessividade pode ser instintiva, mas o equilíbrio é uma construção.
Joong respondeu, sem piscar:
— Eu construo sobre cadáveres.
A porta se fechou.
Dunk encarou o teto.
— Joong… três filhotes. Você tem ideia?
Joong deitou com a cabeça na barriga dele.
— Sim. E já amo todos. Mesmo que um derrube as coisas. Ou chore. Ou cave buracos.
— Todos vão chorar. Todos vão cavar.
— Família perfeita.
— Eu vou precisar de ajuda. E paz. E talvez um padre.
Joong ronronou, emocionado.
— Eu posso ser padre.
— Você é uma pantera.
— Pantera padre.
Dunk fechou os olhos.
— Senhor… me dá paciência. Ou um berçário anti-instinto selvagem. Tô aceitando qualquer coisa.
Joong sorriu, com a bochecha na barriga.
— Meu berçáriozinho…

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Joong, Manual de Uso Proibido
Fanfiction"Joong, Manual de Uso Proibido" ?Um guia n?o autorizado de coelhos desesperados? Quando Dunk, um híbrido de coelho apaixonado por regras, livros e ambientes controlados, viaja até a Amaz?nia para uma pesquisa acadêmica, ele n?o esperava voltar para...