抖阴社区

? Capítulo 70 - A Entrevista Selvagem

27 10 0
                                        

Joong entrou no prédio como se estivesse invadindo o território de outro alfa.

O terno já estava suado. A gravata tinha sumido no caminho — ele disse que “tentou caçar, mas ela fugiu”.
Na recepção, a moça do crachá olhou para ele como quem encara um leão no zoológico sem grade.

— Bom dia. Nome?

Joong estufou o peito.

Joong. Macho. Vim fazer o trambolho.

A recepcionista hesitou.

— A entrevista?

— Isso. Isso mesmo. Trambolho pra pegar moedas. Pra cuidar da minha fêmea grávida.

Ela sorriu nervosa e apontou pra porta da sala de entrevistas.

— É… ali. Boa… sorte.

Joong entrou na sala como se fosse caçar.
Literalmente cheirando o ar.
O gerente, um híbrido de flamingo com cara de quem só queria chegar vivo até o almoço, travou quando viu dois metros de pantera musculoso invadindo sua salinha de vidro com carpete bege.

— É… senhor Joong?

— Isso. Sou eu. Pantera. Vim trambolhar.

— Certo… pode se sentar.

Joong olhou pra cadeira. Giratória. Rodinhas.

Desconfiada.

Sentou devagar, com o mesmo cuidado de quem se equilibra em um galho suspeito. A cadeira rangeu. O gerente suou.

— Então… por que deseja essa vaga?

Joong puxou a ficha amassada que Dunk escreveu, abriu e leu com dificuldade.

— Minha fêmea está prenha. Três filhotes. Preciso moedas. Geladeira com pudim. Também berço. E amor. Quero dar amor.

— Isso é… fofo. E… você tem experiência com… tarefas administrativas?

— Se isso for passar aspirador, já fiz. Mas só se o aspirador não tentar morder primeiro.

— …ok. Você tem habilidades com tecnologia? Planilhas? Computador?

Joong pensou.

— Já vi um notebook. Ele me viu de volta. Estamos em paz.

— Certo. E... você lida bem com pessoas?

Joong sorriu.

Aquele sorriso. O das presas.

O gerente arregalou os olhos.

— Digo... você costuma manter a calma?

— Só se ninguém olhar pro meu coelhinho.

— Perdão?

— Minha fêmea. Pequena. Orelhuda. Olhou, eu rosno. Instinto.

O gerente respirou fundo.

— Ok. Senhor Joong. Vamos… fazer uma simulação. Imagine que um cliente ligou irritado porque a encomenda atrasou. O que você faria?

Joong pensou. Muito. Franziu o cenho. Depois respondeu:

— Eu localizaria o território do cliente.

— Certo...

— Me aproximaria sem ser visto.

— Hm...

— E quando ele menos esperasse... ATAQUE SILENCIOSO. PELA TRÁS. PÁ. Fim do problema.

O gerente travou.

— Isso não é exatamente... resolução pacífica de conflitos.

— Mas é rápida.

Silêncio.

Joong olhou em volta.

— Onde vocês escondem o ninho aqui?

— O quê?

— O ninho. Onde os machos mais velhos fazem seus ronrons e escondem seus filhotes enquanto trambolham.

— Ah… você quer dizer a sala de descanso?

— Talvez.

O gerente engoliu em seco.

— Senhor Joong… talvez essa vaga não seja… o ideal pra você.

Joong se levantou, desapontado, mas com dignidade.

— Entendo. Não sou bom em trambolho de escritório. Mas sou bom em fazer café. E manter ninhos quentinhos. E fazer fêmeas sorrirem.

— Tenho certeza que sim.

Joong estendeu a mão.

— Se mudar de ideia… pode me chamar. Ou seguir meu cheiro. É forte. Difícil de esquecer.

O gerente hesitou, depois apertou a mão, tenso como uma presa.

Joong saiu da sala com a cabeça erguida.

O terno estava torto. O orgulho intacto.

E o celular vibrando com uma mensagem do Dunk:

“Amor, conseguiu? Tô com desejo de pudim.”

Joong sorriu.

Aquele sorriso felino, selvagem e apaixonado.

Não consegui moedas. Mas vou caçar um mercado. E conseguir pudim. Com ou sem senha.

E lá foi ele.

Pantera desempregada. Mas dedicada.

Joong, Manual de Uso ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora