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"Família: Grupo de pessoas que compartilham laços sanguíneos, afetivos, a mesma casa...} Esse não é o meu conceito de família, porque sua principal e única base não é compartilhar, dar e receber, é ter . Ter : Amor, respeito, ter confiança, e honestidade. Pois eu posso morar com quem for, ter o mesmo sangue, ter um laço afetivo significativo, mas não será uma família se não tiver o que antes citei . E como alguém que mente, trai, que negligencia , pode dizer que é minha família?"

— Eu não consegui entender o que você disse. — Sara diz , e logo após engole seco, ficando pálida e decretando seu silêncio.

— Catarina , sua mãe, é minha tia. — A jovem ruiva expõe, sem modular o tom de voz, mostrando seriedade.

— Tereza, eu espero que você tenha uma explicação boa para isso — É a última coisa que Sara diz antes de entrar em uma espécie de transe, para raciocinar a situação.

Lembrou-se de que , Eleanor estava exatamente no mesmo voo que ela, e que também veio para estudar , eram muitas coincidências , a face tão singela estava escondendo uma farsa novamente, os rostos mais doces eram a casca do interior mais amargo.

— Eleanor é filha de Alfredo, o irmão da sua mãe, que administra as nossas empresas em São Paulo. — Tereza diz didaticamente, a fim de ganhar a atenção e a validação de sua neta.

— O irmão de minha mãe, vive no Brasil há quanto tempo? — Sara questiona, com uma mudança de tom evidente na voz.

— Vinte anos, a idade de sua prima — Tereza diz, mais introspectiva em seu receio.

Estava claro para Sara. A neta que era filha de um herdeiro de honra foi assumida no seu posto legítimo, amada e mimada a vida toda pela avó portuguesa. Enquanto, a neta que é filha da herdeira, que ao invés de assumir as empresas casou-se com um cozinheiro e decidiu morar numa ilha, sempre foi uma bastarda sem direito algum a presença ou afeto.

— Meu tio sabe que eu nasci? Calma, tenho uma pergunta melhor. Você soube que eu nasci Tereza? — Sara questiona, com os olhos inundados de lágrimas, mas na cabeça os pensamentos formados e banhados na sua dor, no rancor, e em uma crescente raiva.

— Eu mandei depósitos mensais para o seu pai, mas ele rejeitou a todos. Sim, Sara. Eu soube! — Tereza mobiliza-se pela sala entrando em um estado de nervos.

— Meu pai sabia que eu não podia receber amor por meio do dinheiro , Tereza. Eu só queria uma carta, uma foto, um abraço no meu aniversário. Porque , era o mínimo, se você realmente soube que eu nasci , por que tirou a minha mãe de mim, e me devolveu notas? — Sara caminha lentamente até encarar os olhos da sua avó.

— Se você odeia o dinheiro, por quê está aqui? — Questionou a mulher.

— Para saber o verdadeiro motivo da minha avó ter ajudado a me tornar órfã, do meu pai mentir para mim dizendo não conhecer o paradeiro da minha mãe , e entender a redenção da rainha má que agora oferece espelhos.
— Sara cala sua avó com suas palavras ferinas, que enquanto pronuncia, não ousa gaguejar, ou exitar.

— Você sabia que ela podia ter acabado de ter um bebê, e mesmo assim a mandou deixar tudo para trás, lhe dando a falsa esperança de que meu avô sobreviveria caso a visse. — Sara expõe, e a expressão no rosto de sua avó, murcha cada vez mais, seu olhar se torna melancólico.

— Eu não sabia, mas não sei teria feito diferente se soubesse.Porque eu também encarava o amor de um pai para com uma filha, eles haviam discutido antes de Catarina ir, e o rancor não é algo para se levar consigo até a morte, muito menos a culpa, eu o vi morrer lentamente a espera dela, lutando minuto por minuto para dizer perdão, me desculpe Sara. Porque sim, eu fui cruel com você e a culpa é apenas minha, quando aqui o avião pousou, sua mãe telefonou, falou que tinha planos para voltar, e eu sinto muito que ela não tenha conseguido, tanto dar adeus ao pai, tanto viver por sua filha. Eu sinto muito— Tereza se explica, e Sara consegue sentir um pouco de honestidade vindo dela.

A noite em que eu soube o seu nomeOnde hist¨®rias criam vida. Descubra agora