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Eu sou a mentira

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" 17 de Dezembro de 2006 , Casa da família Carvalho.

— Filho, está acordado? — A mãe levemente acaricia o rosto quente daquela criança envolta em lençol e travesseiro.

— Mamãe? — O pequeno garoto acorda esforçando-se para ver a figura feminina que o zelava.

— Mamãe, precisa ir ao hospital de novo. — Responde ela referindo-se a si mesma.

— Mas está tão escuro, mamãe. Você volta logo ?

— Meu pequeno Joseph, eu nunca vou deixar você, não importa o quão escuro esteja, não há escuridão que possa nos afastar, sempre vou estar contigo, agora durma, quando o sol iluminar as flores vamos correr pelo jardim.

— Até vermos a luz, mamãe".

— O que faz aqui , Luiz? — Questiona Joseph, dando a si mesmo um espaço para questionar o contexto da situação que presenciava.

O seu primo mais velho está com roupas de banho dentro de uma jacuzzi com sua ex-namorada, garrafa de vinho sobre a mesa, duas taças, uma tábua de queijos e rostos corados pela água quente. Luiz Guimarães Carvalho, vinte e três anos, possuindo um ótimo histórico acadêmico ,para Martim é um administrador e negociador nato, com potencial suficiente para assumir altos cargos em sua empresa, menos aquele reservado para seu filho, Joseph. Luiz tinha dez anos quando foi passar o natal com o tio materno e tornou-se órfão, desde então foi criado como filho por Martim que futuramente viria se tornar seu braço direito e adquirir muitas de suas características, principalmente as mais controversas.

— Joe, calma-te. Eu gosto da sua família , sabes. Algo em vocês me atrai, acredito que seja esse sangue ruim que vocês compartilham. — Paola ri com prazer. Joseph a encara com incredulidade.

— Sabes, nós costumávamos ter um amor bem louco, não é? — Ela sorri. — Acho que eu costumava, na verdade.

— Eu amo você , Paola. Só não és da forma que deseja. — Seus olhos expõe sua tristeza.

— Mas agora temos um probleminha. — Ela ri ironicamente.

— O que o Luiz está a fazer aqui? — Joseph questiona novamente, exaltando-se.

— Sendo o que você nunca foi. Eu tive afeto demais por você, meu querido.No começo havia química em nossa relação, achei que podia contar contigo , que seríamos a dupla perfeita, imbatíveis.Mas você é egoísta demais para ser leal, e ao mesmo tempo piedoso demais para ser ao menos útil, se tornaste muito descartável, você é fraco. Luiz é totalmente o contrário, muito melhor do que você, todos deveriam ter percebido antes, aposto que seu papai aprovaria muito nosso casamento , não é ? — Com essa fala Luiz sorri cinicamente para Paola que acena com um beijo no ar.

— Luiz, de fato têm mais paixão aos negócios de meu pai, de "nosso pai" — Joseph simboliza as aspas com os dedos. — Pois és tão filho dele quanto eu,ele é tudo que eu jamais eu fui, mas não achei que faria parte de todos os acordos. — O português não esconde os seus sentimentos, a traição não era doce, e ironiza sua relação com Paola.

— Não podia recusar priminho, olha só onde estou.Eu não sou filho do seu pai, eu sempre quis ser, e odeio como não valoriza uma vida como essa, uma mulher como esta. — Luiz troca olhares com Paola. — Durante toda a tua vida nunca lhe faltou o dinheiro e poder, e tudo que vê é esse sangue ruim que você reclama tanto de herdado. Eu não quero ser você, eu quero ser o que você não quer ser , Joseph.

— Então, temos problemas agora. — Joseph conclui.

— Não precisam brigar por mim, garotos. — Paola interrompe caminhando até Joseph. — Eu ainda me recordo dos momentos bons, você e eu. Como és triste, não é? Dê uma olhada no que você fez, nos jogou no lixo. Tão complacente, sensível com suas lindas palavras, acredite, seu livro era o meu favorito, compramos um exemplar juntos, se recorda? — Ela gargalha sarcasticamente. — Tão cínico. Tudo para satisfazer os próprios prazeres.

A noite em que eu soube o seu nomeOnde histórias criam vida. Descubra agora