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Eu sou a partida

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— Sabe, Sara .Apesar da dor, você não enxerga o quão sortuda é. Porque você amou, e foi amada de verdade, algumas pessoas nunca encontram isso na vida. Algumas pessoas encontram a obsessão, a rejeição, a ilusão, mas nunca o amor em sua mais pura versão. — Eleanor diz com o peso do corpo de Sara em seu colo, enrolando em seus dedos os cachos da prima.

—- Como você sabe que foi amor, Eleanor? — Questiona Sara, distante.

— Porque o sacrifício é a maior prova de amor que há. E ele matou o velho Joseph Carvalho, por você. E também porque, com base na icônica Adele:"Às vezes o amor dura e às vezes ele fere". Espero que você entenda, que ainda existem muitos amores, algumas pessoas os rotulam como "primeiro amor", "amor jovem", "amor de verão", "amor épico", "amor da minha vida". Mas para mim, existe apenas o imutável amor, se manifestando de todas as formas, molécula por molécula. — Sara se levanta para observar as expressões faciais feitas pela prima.

— Você disse que ainda existem muitos amores... Está apaixonada Eleanor? — Questiona Sara.

— Ainda não sei se estou, mas se eu estiver, se eu viver um amor, você vai saber.

Mais uma semana sem notícias a respeito da partida de Joseph. E pela primeira vez Sara sentia a dor se afastar aos poucos de seu peito. Seus amigos se esforçaram para isso, ainda doía, ela pensava se ia doer para sempre, e em todas vezes alguma voz soava dentro de sua mente dizendo um audível:"sim". Mas era uma estrada longa e tortuosa, se não se esforçasse para progredir nunca chegaria ao fim.

Era uma das noites mais quentes em Portugal em meio ao inverno que o assolava. Marisa, Murilo e Eleanor a fizeram ir a uma festa. E ela se rendeu, gentilmente. Não poderia atrapalhar aquele momento, principalmente pela presença de Murilo que estava conhecendo o país. Vestiu o vestido menos casual que encontrou, deixou o cabelo cacheado solto, volumoso e selvagem, secretamente ela se sentia mais bonita quando estava vestida assim.

Descendo as escadas, os seus três grandes amigos a esperavam ansiosos, como se estivessem assistindo um evento lunar. Eles sorriem para ela, e ela se sente na obrigação de retribuir. E então, eles seguem para festa. A batida alta não a distanciava dos seus pensamentos ,mas tornava-se ainda mais fácil encontrar uma maneira de abrigá-los. As letras cantadas criavam um cenário perfeito, se misturando em seu contexto. Seu corpo balançava sutilmente, não poderia ser a única naquela festa sem se mover .

Mesmo vivendo dentro de sua cabeça , ainda ouvia as conversas paralelas. Podia ver Murilo interagir com Marisa,os olhos brilhantes e os sorrisos constantes. Havia uma afetuosidade ali. Mas qualquer constatação que Sara fez nesse momento viria a cair por terra. Uma música pop agitada invadiu o ambiente, todos se aproximaram, tornando o clima quente, Murilo agora dançava com Sara, e então a música animada passou a ser lenta, os vocais se dissolvem como algodão doce, e sobre a luz azul daquela casa, que seria de algum amigo de Eleanor, Sara viu suas duas amigas se beijarem.

Em um momento singelo, a esperança voou como uma borboleta saindo do casulo, e pousou em seu ombro. Ainda existe muito amor para ser vivido. O olhar que Eleanor dá para Marisa quando se distanciam é prova que aquilo é bem mais do que afeto, aquilo é real. As duas vêm até Sara, apreensivas.

— Olha prima, simplesmente aconteceu, nos aproximamos enquanto tentávamos te animar e...— Sara interrompe Eleanor.

— Vocês merecem ser felizes, e o fato de eu não conseguir ser , não deve impedi-las. Estou muito contente por vê-las juntas, é a prova que minha vinda a Portugal não foi tão inútil, eu as uni de alguma forma. — Sara esboça um sorriso no canto dos lábios.

—- Eu te amo, Sara. — Marisa a abraça.

Em seguida, Eleanor e Murilo. Então os quatro ficam ali, em um abraço em grupo em uma pista de dança na casa de um desconhecido.

A noite em que eu soube o seu nomeOnde histórias criam vida. Descubra agora