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VII

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 Shane Walsh

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Shane Walsh.

Luana mastigava a bala de café fazendo aquele barulho crocante que, por alguma razão, eu achava engraçado. Ela estava economizando suas balas como se fossem ouro há dias, guardando-as como um tesouro raro, e isso sempre me divertia. Estávamos deitados na parte de fora da cabana, próximos à fogueira, observando o céu estrelado enquanto nos cobriamos com mantas quentinhas. O frio do inverno já havia se acomodado na floresta, mas a fogueira e as mantas nos protegiam o suficiente para que pudéssemos desfrutar daquele raro momento de paz.

— É homem? — Perguntei, curioso, quebrando o silêncio.

— Sim. — Ela assentiu, com um sorriso que parecia esconder algo.

— Qual é, me dá mais uma dica! — Bufei, frustrado.

Luana riu de leve, sua risada suave se misturando ao crepitar do fogo. Estávamos brincando de adivinhar, algo para passar o tempo já que nenhum de nós estava com sono o suficiente para dormir.

— Okay, yes... — Ela disse, com aquele tom brincalhão que eu já estava começando a reconhecer. — Pode ser considerado um herói.

Lhe lancei um olhar entediado, como se aquela dica não fosse suficiente.

— Isso não ajuda muito. — Murmurei, revirando os olhos.

Ela riu novamente, mas dessa vez com um brilho diferente nos olhos.

— Ele é muito bom em perdoar... Se sacrificou por todos, até mesmo pelos caras maus.

Imediatamente, estreitei os olhos para ela.

— Lá vem você... — Falei, com um sorriso meio desconfiado.

Ela soltou uma risadinha, e logo respondeu, como se esperasse que eu adivinhasse:

— Jesus...

— Ah, claro... — Suspirei, balançando a cabeça, rindo. — Você e sua fé.

— Isso mesmo! — Ela comemorou, com um sorriso largo. — Ele é meu herói.

Eu ri com a resposta dela, mas a curiosidade não me deixou parar por aí. Me virei para ela, observando seu rosto iluminado pela luz suave da fogueira.

— Como você pode ter tanta fé em algo que não vê? — Perguntei, genuinamente curioso.

Ela me olhou, seus olhos castanhos encontrando os meus, e então se virou de lado, de frente para mim.

— Você pode ver o ar? — Perguntou, de forma tranquila.

— É diferente... — Respondi, meio desconcertado com a simplicidade da resposta.

— Não, não é. — Ela riu, balançando a cabeça. — Olha... Quando tudo isso começou, eu perdi a esperança, fiquei confusa com minha fé, pensei que Deus realmente não existisse, pensei que ele jamais poderia deixar algo assim acontecer. Eu vi coisas acontecerem e não pude ajudar... Então eu fugi. Fiquei sozinha por dias, sem saber me defender, sem nada além da minha Bíblia. — Ela fez uma pausa, como se estivesse revisitando memórias dolorosas. — Passei por muitos momentos difíceis, mas sobrevivi... Como? — Ergue as sobrancelhas. — Uma grávida, vagando por ai sozinha, como você acha que consegui sobreviver por quase nove meses sozinha, se não pela misericórdia de Deus? — Ela faz um segundo de silêncio. Eu penso no que dizer, mas nada parece ser o suficiente. — E naquele dia, no mercado, eu orei pedindo ajuda... Você apareceu. Eu pedi ajuda, e você veio, Shane. Naquele dia, voltei a acreditar, porque percebi que mesmo assim, nesse mundo morto... Ele não me abandonou.

Redemption | Shane WalshOnde histórias criam vida. Descubra agora