Vestiu um vestido leve, branco, deixado sobre a poltrona — provavelmente pela governanta. Era bonito. Delicado. Inofensivo. Mas ela se sentia como uma boneca. Frágil por fora, mas com uma bomba no peito.
Desceu as escadas da mansão devagar, os degraus imensos parecendo colinas. Os corredores longos demais. Cada detalhe dourado das molduras e quadros parecia zombar dela. "Olha como você é especial, filha de um rei podre."
Na sala de jantar, a mesa estava posta com frutas frescas, pães, queijos, café fumegante, sucos em jarras de cristal. Tudo brilhava.
Menos ela.
Sentado à cabeceira, o homem que dizia ser seu pai — Park, o detetive fardado de líder mafioso — folheava um jornal como se nada estivesse acontecendo.
Ao lado, Jimin, com aquele meio sorriso sempre presente, misturava o café calmamente, como se estivesse em um brunch qualquer.
— Bom dia, minha filha. — disse Park, sem erguer os olhos. — Espero que tenha dormido bem. Tem torradas com geleia de damasco, sua preferida... a governanta leu seu histórico médico. Dissemos que você precisava se alimentar melhor.
Ada sentou-se em silêncio, o olhar perdido.
— Uma princesa em seu castelo. — Jimin disse, sorrindo com falsa doçura. — Só falta o príncipe. Ah... esqueci. Os dois estão presos.
Ela apertou o guardanapo no colo com força, os olhos marejando, mas se manteve firme.
— Isso aqui não é um castelo. — murmurou. — É um cemitério disfarçado.
Park ergueu os olhos do jornal. Os dele eram iguais aos de Jimin. Iguais aos dela. E isso doía.
— Você ainda vai entender. A guerra está só começando, Ada. E todo mundo quer você no tabuleiro.
Ela encarou o pai. A voz saiu firme, fria:
— Eu não sou peça de ninguém.
— Ainda não... — ele respondeu, tomando um gole de café. — Mas logo você vai ser rainha.
[...]
O café da manhã seguia. Ao fundo, música clássica tocava em volume baixo, preenchendo o ambiente com um requinte quase teatral.
Ada não tocou na comida. O suco de laranja intacto. As frutas ignoradas. A única coisa que ela mexia era o guardanapo no colo — dobrando e amassando, como se o tecido fosse responsável pelo nó em sua garganta.
Ela ergueu os olhos, respirando fundo.
— Onde eles estão? — perguntou, firme. — Yoongi e Jeon. Quero saber.
Park pousou lentamente a xícara sobre o pires. O gesto foi elegante demais para o que viria a seguir.
— Eu gosto quando você vai direto ao ponto. — disse, com um pequeno sorriso. — Mas, infelizmente, informação custa caro nessa casa, minha filha.
— Você os prendeu. Ou mandou prender. E agora quer o quê? Que eu sorria e diga obrigada?
Jimin riu, de canto, mordendo um pedaço de croissant.
— Eles estão vivos. Por enquanto. — disse, casual. — Mas... sabe como é, cadeia não é lugar pra amores proibidos.
Park inclinou-se na cadeira, os olhos fixos nela.
— Escuta bem, Ada... Você acha que tá jogando esse jogo. Mas ainda nem aprendeu as regras. Eu conheço homens lá dentro... que matam com uma caneta. Um palito de dente. Um olhar. Se eu quiser, Yoongi não sobrevive ao almoço. E Jeon? Jeon é policial. Ex-policial. Uma isca ambulante. Ele já deve estar contando os minutos.
O coração de Ada afundou no peito. A respiração dela acelerou, mas ela manteve o olhar fixo no dele.
— Você não faria isso.
— Eu já matei o homem que te criou. — disse, seco. — Não me testa, Ada.
Ela se levantou da mesa num salto, a cadeira arrastando no chão de mármore.
— Se encostar um dedo neles... eu juro, eu acabo com você.
— É isso que eu quero ver. — Park se levantou também, agora face a face com ela. — Fogo. Fúria. Mas essa energia precisa ser canalizada. Você tem uma dívida comigo. Com o sangue que corre nas suas veias. Vai me ajudar a eliminar os inimigos... ou vai assistir os únicos dois homens que amou morrerem de forma lenta e suja.
Ada sentiu as lágrimas brotarem, mas segurou. O ódio começava a substituir o medo.
— Você é um monstro.
— Não, minha filha. — ele respondeu, com um sorriso perverso. — Eu sou o arquiteto da sua liberdade. Ou da sua desgraça. Você escolhe.
Ela saiu, os passos rápidos e desajeitados ecoando pelos corredores da mansão.
E o jogo só tinha começado.
Espero muito que estejam gostando deixe seu comentário e sua avaliação.
⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

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Além do crime +18
FanfictionEm uma cidade onde a escurid?o n?o dorme e a justi?a é apenas uma ilus?o bem ensaiada, três destinos colidem em um jogo mortal de segredos, sangue e escolhas impossíveis. Jeon Jungkook é o detetive mais jovem a subir aos escal?es do FBI - inteligent...
Capitulo 31
Come?ar do início