CORRA
Arthur continuava descendo o morro em disparada, e eu mal conseguia acompanhar o que estava acontecendo. Cada movimento dele parecia um golpe direto nas costelas.
As criaturas não estavam longe; o som dos grunhidos e passos chegavam em meus ouvidos como uma música de terror.– Elas estão ganhando terreno! – Gritei.
– Então segura firme, Lauane!
Ele desviou de um tronco caído, saltando sobre ele com agilidade, mas o impacto do pouso quase me fez perder o fôlego de novo. Quase como um instinto, fechei os olhos e me agarrei à camisa dele, sentindo o tecido suado sob os dedos.
Eu senti quando a adrenalina começou a ceder, substituída por um peso no estômago que parecia um aviso. O cheiro de suor e o pânico, misturado ao movimento constante enquanto Arthur me carregava, não ajudava. Ele desviou de mais um tronco caído, saltando sobre ele. Quando aterrissou, o impacto fez meu estômago dar uma cambalhota.
Algo subiu rapidamente pela minha garganta. Meu corpo travou.
– Arthur... – Murmurei, tampando a boca com a mão livre.
– O quê? – Ele continuou correndo, nem ao menos diminuindo o ritmo.
– Eu vou vomitar – Soltei, abafada.
Ele hesitou por uma fração de segundo, mas logo retomou a corrida.
– Segura firme. Não dá pra parar agora.
– Arthur!. Se você não me colocar no chão agora, vai levar vômito.
Ele resmungou algo que eu não consegui entender, mas, em vez de parar, fez algo que me deixou ainda mais atordoada. Arthur ajustou os braços que me seguravam e me virou, posicionando meu corpo para a frente, como se fosse um saco de mantimentos sendo reorganizado.
Senti as minhas pernas sendo postas no ar, enquanto ele me segurava pelas axilas e meu corpo balançava no mesmo ritmo da corrida. Era desconfortável e estranho, mas, milagrosamente, ele me firmou ali como se fosse algo que fazia todo dia.
– Pronto. Agora você tá em pé – Disse, ainda correndo. – Se prepara pra correr.
– O quê?!.
– Não vou parar pra você descer. Vou te colocar no chão correndo, então firma as pernas e movimenta elas pra frente. Não se preocupa, eu te seguro.
– Você tá maluco! – Eu protestei, tentando entender como ele esperava que isso funcionasse.
– Tô com cara de quem tá brincando? – Ele respondeu, a voz seca, os olhos fixos na trilha à frente.
Respirei fundo, tentando ignorar o enjoo crescente, e ajustei minhas pernas como ele disse, pronta para o pior.
– Vai, Lauane! – Ele gritou, me soltando em movimento.
A aterrissagem no chão doeu, uma dor enérgica pelo solado que subiu pelas minhas pernas, mas, surpreendentemente, ele estava lá, firme, me segurando pelo braço e me puxando para frente enquanto nossas pernas se moviam em sincronia.
– Só corre! – Ele ordenou, e eu obedeci.
Enquanto corríamos, vi pelo canto do olho, Arthur tirar o intercomunicador do bolso com a mão livre, a voz visivelmente tremendo de urgência.
– Paulo!. Não venham pra cá!. Entendeu? Não venham até nós de jeito nenhum! – Ele gritou, a respiração ofegante entre as palavras.
Do outro lado, a estática era ensurdecedora, seguida por uma voz confusa e ansiosa. Antes que qualquer resposta se formasse completamente, tudo aconteceu rápido demais. O ar e o ambiente pareceram mudar completamente, ficando estranho e irreal, e foi como se o mundo à nossa volta se contraísse por um instante. Um som grave e úmido chegou em nós, estalo de folhas secas e galhos quebrando.

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A COBAIA X
HorrorZUMBI | +18 ? 2024 Lyra Martins. Todos os direitos reservados. A ciência criou o futuro... mas quem realmente está no controle?. Em um mundo onde experimentos prometem curar doen?as e prolongar a vida, algo inesperado aconteceu. A Cobaia X, projetad...