抖阴社区

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𝐓ô 𝐛𝐨𝐚𝐳𝐢𝐧𝐡𝐚, 𝐩𝐨𝐬𝐭𝐞𝐢 𝐥𝐨𝐠𝐨 𝐝𝐨𝐢𝐬 𝐜𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨𝐬! 𝐄𝐧𝐭ã𝐨 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐚𝐣𝐚𝐦 𝐛𝐚𝐬𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞, 𝐯𝐢𝐮? 𝐄 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞𝐦 𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐭ã𝐨 𝐚𝐜𝐡𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐨 𝐥𝐢𝐯𝐫𝐨: 𝐬𝐞 𝐭á 𝐢𝐧𝐝𝐨 𝐫á𝐩𝐢𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐞 𝐭𝐚𝐥𝐬... 𝐃𝐞𝐢𝐱𝐞𝐦 𝐚 𝐨𝐩𝐢𝐧𝐢ã𝐨 𝐝𝐞 𝐯𝐨𝐜ê𝐬!



Borges


A luz do sol batia forte lá fora, refletindo no vidro da varanda e deixando o quarto meio dourado. Fiquei só olhando o Natan dormir, espalhado no lençol, com a respiração tranquila. Ali, sem ninguém por perto, sem cobrança, sem pressão… ele parecia até mais novo. Mais leve.

Levantei devagar, fiz um café, botei duas fatias de pão na torradeira e chamei ele baixinho.

— Acorda, preguiça… fiz um bagulho pra gente.

Ele veio com o cabelo todo bagunçado, rindo de canto, sentou na varanda e pegou a xícara que eu passei. Ficamos um tempo só ouvindo o barulho da cidade lá embaixo, o vento passando entre os prédios, e o som das ondas quebrando distante.

— Tu vem muito pra cá? — ele perguntou, tomando um gole.

— Às vezes… quando a cabeça tá cheia. Aqui é o único canto onde ninguém me enche o saco — falei, encostando no encosto da cadeira. — Minha mãe tá em Portugal. E meu pai… morreu quando eu ainda era pivete. Quase nem lembro da cara dele.

Natan abaixou o olhar, pensativo.

— A minha mãe me largou com meu pai quando eu era moleque. Tipo, bebê mermo. Nunca mais tive notícia dela… já tentei procurar, mas nada. O pai… — ele soltou um riso seco — me largou com minha avó quando eu tinha uns cinco anos. Hoje mora na Penha com a mulher dele. A gente nem se fala direito.

— E tua avó?

— É quem me criou. É braba, mas é o amor da minha vida — ele respondeu com um sorriso meio triste.

Fiquei olhando pra ele, e foi como se cada palavra dele encaixasse com um pedaço do que eu também sentia. Um monte de ferida antiga, só que agora, com alguém ali pra ouvir.

Estendi a mão, entrelacei meus dedos nos dele.

— É por isso que tu é tão marrento, né?

— É, mas também é por isso que eu amo quando tu me trata diferente.

Ficamos ali, de boa, sem falar mais nada. Só sentindo.

***

Mais tarde, já de banho tomado e roupa trocada, a gente desceu no elevador pra procurar alguma coisa pra comer lá embaixo. Tava com aquele clima bom — céu meio nublado, vento leve, fim de tarde preguiçoso.

O silêncio tava tranquilo, só o barulhinho do elevador descendo. Natan mexia no celular, encostado na parede espelhada, com uma blusa branca colada no corpo e o cabelo ainda meio úmido. E foi aí que a porta abriu no terceiro andar, e uma garota entrou.

Atra??o fatal Onde histórias criam vida. Descubra agora