抖阴社区

Capítulo 53

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Rafael

A tarde tinha avançado rápido. O sol já começava a mudar de posição atrás das montanhas, dourando tudo com um tom amarelado que fazia cada estrutura da pousada parecer ainda mais viva. Eu devia estar satisfeito — os prazos estavam em dia, os fornecedores alinhados, os trabalhadores em sintonia. Mas a reunião que me restava tirar do caminho prometia ser um teste de paciência.

Encostei na mureta de pedra do deck principal, enquanto observava o jovem que caminhava em minha direção. Com roupas alinhadas, postura de quem se acha mais importante do que realmente é. Era impossível ignorar o contraste gritante com o pai dele — um homem experiente, centrado, profissional de primeira. Com ele, eu trabalharia dez vezes seguidas. Com o filho? Só mesmo por obrigação.

— Rafael! — disse ele, sorrindo com exagero. — Meu pai pediu mil desculpas, não está bem hoje. Teve uma crise de enxaqueca, sabe como é... Então vim no lugar dele.

— Ok! Mário. Cumprimentei com um aperto de mão firme e breve. — Espero que ele melhore logo.

Ele assentiu, mas seus olhos já vagavam, como se estivessem entediados de estar ali.

— Como eu falei com seu pai na última visita, o que eu preciso aqui é de uma estrutura que funcione bem com a paisagem, mas também acomode o volume de hóspedes que vamos receber nos meses de alta temporada. Principalmente aqui, nessa ala próxima às trilhas — apontei para a planta aberta em cima da mesa de apoio. — A fundação precisa ser reforçada, e a fachada deve manter a linguagem arquitetônica original da serra. Isso foi discutido, inclusive...

Parei.

Ele não estava ouvindo.

Estava com o olhar fixo em algum ponto atrás de mim, com aquele sorriso torto que me fez apertar a mandíbula.

— Você está anotando isso, ou pretende fingir que ouviu depois?

Ele piscou, voltando o olhar pra mim como se estivesse acordando de um devaneio.

— O quê? Ah, desculpa, cara... Me distraí por um segundo. O que você tava dizendo mesmo?

Cara? Suspirei...

— Eu estava dizendo que a fundação da ala oeste precisa de reforço, e...

— É que — ele me interrompeu, rindo — sinceramente, tá difícil me concentrar com aquela deusa ali na frente. Que mulher, hein? Deve ser bom trabalhar com uma paisagem dessas.

Segui o olhar dele. E ali estava ela.

Júlia.

De costas, explicando algo para um dos trabalhadores, mostrando referências num tablet. Cabelos presos com aquele coque desalinhado que ela insistia em dizer que era desleixado, mas que eu achava absurdamente bonito. Ela gesticulava com segurança, atenta, cheia de foco.

E aquele idiota estava ali, secando a mulher que eu amava.

Meu sangue começou a ferver de leve. Engoli seco, tentando manter o tom profissional.

— Eu pedi que prestasse atenção — falei, ríspido. — Isso aqui é um ambiente de trabalho.

— Relaxa, Rafael... Só tô admirando. Não posso? Você acha que ela é casada? Porque se não for... Cara, você deve ter muita sorte. Deve pegar tanta mulher gostosa nesses projetos pelo mundo…

Eu não respondi de imediato.

Respirei fundo, buscando toda a compostura que aprendi ao longo dos anos. Sempre tentei ser um líder respeitador. Nunca gostei de criar confusão, principalmente onde outras pessoas estavam observando. Eu sabia o peso da minha posição. Mas ele estava passando dos limites.

Casada com a Solid?o Onde histórias criam vida. Descubra agora