Wicked | JENLISA

Estou deitada no chão da sala da casa das meninas estudando com os livros da Rosé quando escuto um barulho e de repente alguém monta em cima de mim, afunda o rosto em meu pescoço e me faz perder completamente as forças, fazendo-me ir direto para o chão com uma gargalhada enquanto eu sei exatamente quem distribui beijos em minha bochecha e me faz ter um solavanco quando pressiona os dedos na minha barriga, fazendo-me rir.

O cheiro super específico de Rosé invade meus sentidos, e não demoro a ver seu cabelo loiro caindo ao meu redor, cobrindo todo meu rosto. Rosé tem esses ataques de loucura de vez em quando, mas não nego que gosto muito da nossa proximidade, Rosé é a criatura mais carinhosa que existe no mundo, sempre foi. Gosto muito de estar com ela.

— Quer comer alguma coisa? Você está aí desde as oito da manhã — ela rola para o lado e me encara, sorrindo como sempre. Minha melhor amiga é a coisinha mais linda e preciosa desse mundo.

Lalisa ainda não acordou, ela continuou dormindo profundamente quando sai do quarto dela por volta das sete e meia da manhã, e eu não a acordei porque sei que acordar cedo quando se pode dormir até tarde é quase um crime... mas eu infelizmente não consigo dormir até mais tarde, são raros os dias que consigo ficar na cama até as oito, bem raros.

Eu preciso estar completamente exausta para conseguir dormir tanto assim, mas Lalisa tem uma facilidade enorme de dormir até tarde, fico impressionada que ela acorda quase onze horas da manhã quando não temos aula. Quem me dera ter esse dom.

— Tô bem, Rosie. Eu comi o bolinho que você me deu, agora estou sem fome nenhuma — olho para o lado ao escutar um barulho — sua irmã acordou?

— Não que eu saiba.

— Hum...

— Vocês estão bem amigas... né? — ela pergunta em uma entonação feliz.

É... de fato sim, e eu admito que a proximidade da Lisa tem me deixado bem. Não sei como ela se sente em relação a mim, talvez eu seja o tipo de pessoa grudenta que ela detesta, dá pra ver de longe que Lisa odeia grude, mas eu não consigo estar perto e ao mesmo tempo longe. Desde pequena minha forma de demonstrar carinho sempre foi toque, eu preciso encostar nas pessoas ou me sinto longe delas. Lalisa é o meu contrário, e creio que chegará um dia que ela me chutará longe de tanto grude.

— Uhm... nem acredito nisso, mas sim — sorrio, um pouco tímida.

Rosé mais do que ninguém sabe o quanto eu lutei na infância para conseguir me aproximar da Lisa, mas ela nunca permitiu, e por ser uma pessoa extremamente sensível eu me sentia muito mal por ela me tratar daquele jeito cruel. Confesso que até hoje tenho um pouco de medo de do nada ela se transformar naquela versão fria e quebrar meu coração outra vez. Eu não sei como lidaria com a frieza dela hoje em dia.

— Ela está bem melhor, sabia? Acho que sua amizade opera milagres, nunca vi Lalisa daquele jeito. Ela nunca deixou ninguém entrar no quarto dela, Jen — Rosé afasta os cabelos do meu rosto, acariciando minha bochecha enquanto nos olhamos — nunca vi ela tão disposta em ter alguém perto como é com você.