— Você não está tomando remédio controlado, Lalisa? — Nayeon pergunta quando viro a terceira garrafinha de cerveja na boca e a encaro sem o mínimo de paciência.
— Foda-se, Nayeon.
— Só estou perguntando, filha da puta — ela me entrega outra garrafinha e senta do meu lado, olhando para cima enquanto reflete. — qual a brisa de ser internada?
— Porra, sério mesmo? Muda o disco.
— Caralho, de um dia para o outro você estava em uma clínica psiquiátrica, quero saber qual a brisa — ela sorri, completamente chapada. Fico olhando pra ela sem a mínima paciência, mas aqui é o único lugar onde eu posso beber em paz, se eu fosse no QG, as meninas descobririam e me tirariam de lá.
Empurro o quadril pra frente e relaxo o corpo no sofá que parece ter puxado as medidas da minha silhueta, de tanto que já fiquei aqui bebendo. A casa está silenciosa pela primeira vez na vida, não há ninguém além de nós, é um milagre Nayeon estar sozinha em casa, ela nunca fica sozinha, está sempre com alguém aqui dentro porque detesta ficar sozinha. Eu a entendo de certa forma, quando fico sozinha, meus pensamentos nem um pouco amigáveis me atacam e eu entro em surto.
— Não é brisa nenhuma, Nayeon, é um inferno. Tive sorte que a enfermeira me deixou assinar minha própria alta, porque se dependesse dos meus pais, eu ficaria lá até meus oitenta anos.
— É tão podre assim?
— Horrível, não tem nem janela, eu estava ficando maluca lá dentro.
— Que merda. Os merdinhas da faculdade calaram a boca? Posso resolver se você quiser.
— A Jennie conversou com o imbecil e ele fez um comunicado geral pedindo para que parassem de falar sobre esse assunto, como se ele falar fosse adiantar alguma merda — reviro os olhos e encosto a cabeça no sofá — tô cansada daquele lugar.
— Já cansei faz tempo — ela ri e ergue um cigarro até a boca — faculdade só faz mal.
Ela olha em direção a porta e, quando faço o mesmo que ela, vejo algumas meninas entrando com várias sacolas de bebidas nas mãos. Volto a encostar a cabeça no sofá e tomo o resto da cerveja antes que esquente.
— E aí — uma das meninas sorri ao se sentar do meu lado, e olhando para ela, ela não me parece estranha. Talvez eu tenha ficado com ela em alguma festa, sei lá.
Aceno com a cabeça, sem paciência para cumprimentar todo mundo que chegou. Puxo uma garrafa de cerveja de dentro do baldinho com gelo que Nayeon trouxe para a sala e abro com o dente antes de dar uma golada no líquido congelante que desce curando toda minha inhaca. Estou podre de cansaço hoje, queria cair na cama e dormir um pouco, mas não vou voltar pra casa agora.
Puxo o celular do bolso, notando as diversas ligações perdidas da Jennie e da Rosé e pressiono a conversa com a Jennie para ler as mensagens que ela enviou. Ela está me mandando mensagem desde as cinco da tarde, agora já são quase onze da noite. Respiro fundo e começo a ler.
Empurro o celular na barriga, esfrego ambas as mãos no rosto e me inclino para me levantar, mas Nayeon põem a mão no meu colo e me impede.
— Onde você vai? Eu mandei as meninas virem com as bebidas por sua causa e você vai vazar assim do nada?
— Me deixa, Nayeon.
— Não, qual é — ela pressiona um copinho de dose na minha mão e joga vodka dentro até quase vazar pelas bordas. Respiro fundo, ergo o copinho e engulo todo o líquido antes de me deitar no sofá outra vez, espatifada — isso aí, para de graça e fica quieta.
— A Jennie...
— Foda-se a Jennie, Lalisa! Sempre tive certeza que ela e a Rosé tinham alguma coisa, Rosé nunca parava de falar sobre a Jennie, mesmo quando estava comigo. Isso me tirava do sério.
— Elas não tem porra nenhuma!
— Você que pensa! Sua irmã é apaixonada nela, eu tenho a absoluta certeza.
Meu estômago revira e imediatamente sinto algo horrível no peito, como se eu estivesse acabando com tudo. O sentimento me consome inteira em questão de segundos enquanto escuto Nayeon falando sobre isso.
— Eu não...
— Qual é, Lalisa — ela ri e enche meu copinho com outra dose de vodka, e dessa vez não titubeio, engulo tudo rapidamente e preencho o copinho outra vez, engolindo de novo. — se ela não fosse apaixonada pela Jennie, não teria a beijado no banheiro da minha festa aquele dia. É assim que a vida funciona, sempre tem um filho da puta que nos dá rasteira quando gostamos de alguém, e nesse caso a filha da puta é você.
Ela ri outra vez. Meu corpo se arrepia inteiro. Tomo a garrafa da mão dela e viro na boca, engolindo o líquido amargo que me deixa completamente zonza. Levanto-me do sofá, pego as chaves da moto e saio andando sem dar satisfações a ninguém.
A moto está na frente da casa dela, mas sinto que está tão longe enquanto ando que quase caio ao finalmente chegar nela. Visto o casaco de couro, subo na moto e dou partida, sentindo o vento gelado batendo no meu rosto enquanto piloto até minha casa. As duas estão escorregadias, durante o trajeto eu quase tombo a moto por uma ou duas vezes, não sei, mas também não ligo.
A essa altura cair de moto não chegaria nem perto do que eu estou sentindo em fazer isso com a minha irmã. E se ela realmente gosta da Jennie e só está fazendo isso por mim? Só está afastada por minha causa? Eu sou tão otaria. Rosé seria a pessoa ideal pra Jennie, ela é psicologicamente estável e uma pessoa incrível.
Quando chego em casa, minha cabeça já está fritando tanto com o efeito do álcool que só consigo jogar a moto na neve ao descer, não tenho força para segurar, então a deixo ali e entro cambaleando em casa a procura da Rosé, já que sei que Jennie provavelmente está no dormitório dela.
Apoiada nos corrimões, subo me arrastando nas escadas, sentindo uma dor estranha no peito a cada vez que me aproximo mais do quarto da minha irmã, e assim que abro a porta e com meus próprios olhos vejo Rosé abraçada na Jennie enquanto as duas dormem, meu estômago embrulha e corro para o meu banheiro o mais rápido possível, tendo tempo apenas de abrir a tampa do vaso antes que toda a bebida que ingeri nas últimas horas saia.
Apoio ambas as mãos no vaso e tento respirar fundo enquanto essa sensação horrível me domina por inteiro, consumindo meu estômago e meu coração que acelera tanto que parece prestes a voar pela minha boca.
Levanto-me, apoio as mãos na pia e lavo a boca na torneira, respirando rápido até demais. Mas tudo piora ainda mais quando escuto uma voz baixa atrás de mim e vejo minha irmã pelo reflexo do espelho me encarando com um olhar preocupado e sonolento.
— Onde você estava? — ela questiona, e apesar da preocupação, sinto um pouquinho de raiva em sua voz também.
Sei que fiz merda em sair sem avisar nada, as duas ficaram comigo esse tempo todo naquele hospital sem reclamar porque queriam meu bem, e de repente dei um sumiço em ambas... mas eu precisava respirar um pouco longe de toda essa merda melancólica, não estava mais aguentando sobreviver de remédios, parei de tomar ontem, estava virando uma zumbi.
— Na casa da Nayeon — respondo um pouco rouca, sem coragem nenhuma de olhar para ela depois do que Nayeon falou sobre ela gostar da Jennie.
É claro que ela gosta da Jennie, as duas são grudadas desde crianças, como ela poderia não gostar de uma pessoa incrível como a Jen? As duas combinam, o único empecilho sou eu.
— Bebendo, né? Eu deveria imaginar — ela coça a cabeça e fica olhando pra mim enquanto escovo os dentes — por que você faz isso, Lisa? Eu juro que não consigo entender o que se passa na sua cabeça.
— Então pare de tentar entender — coloco a escova de dente no suporte e saio do banheiro ainda sem olhar para ela, andando até minha cama onde, ainda de costas, tiro a roupa pesada e me deito só de camiseta e calcinha. Rosé continua parada no meio do quarto, e apesar de eu não estar olhando para ela, sinto seu olhar em mim — vai dormir, Rosé.
— Por que estava vomitando?
— Porque eu bebi, você mesma disse.
— Lalisa, eu só quero...
— Só quer meu bem, já entendi essa parte — puxo o cobertor e permaneço de costas para ela, temendo que ela veja meu rosto coberto por lágrimas que não consigo controlar. Fungo baixinho, mantendo meu rosto afundado no tecido do cobertor para que ela não escute — volte para o seu quarto e vai dormir, Rosé. Amanhã você tem aula.
— E você não?
— Sim, por isso estou tentando dormir se não percebeu.
Silêncio. Eu não consigo controlar a minha maldita raiva quando estou assim. Não estou com raiva da minha irmã, estou com raiva de mim mesma por ser tão idiota o tempo todo. No fim meus pais sempre tiveram razão, eu sou a porra de um empecilho gigantesco na vida de todo mundo. Eles sempre deixaram bem claro que eu não deveria atrapalhar a vida da minha irmã, e olha só o que aconteceu? Cá estou eu, jurando que algum dia mereci o carinho e a atenção de uma pessoa como a Jennie. Eu não mereço nada disso, absolutamente nada.
Chega a ser engraçado. Eu sou a pessoa mais fodida do mundo, jamais permitiria a Jennie de chegar perto do meu corpo nojento, definitivamente não, ela não merece passar por isso. Jennie merece alguém a altura dela, e esse alguém pode ser a Rosé.
Eu me sinto imunda todos os dias. É uma sensação tão podre... eu sinceramente odeio ter que entrar no banho e lidar com meu próprio corpo, é como se ainda houvessem vestígios... sempre há vestígios...
Soluço baixinho contra o cobertor quando meu corpo entra em estado de choque com meus pensamentos. Meu corpo sempre trava quando penso nisso. Sempre.
— Vai mesmo voltar a ser uma idiota?
— Sai — falo o mais alto que consigo antes de afundar o rosto no cobertor outra vez, tremendo de tanto chorar. O quarto se torna silencioso e, ao escutar a porta fechar, empurro o cobertor para longe, sentindo meu corpo superaquecido e fico olhando para o teto enquanto choro.
Qual a merda comigo? Essa dor nunca acaba... ela nunca some... ela nunca me deixa em paz. Essa porra só vai parar quando tudo acabar. Eu sei que sim.
Não consigo pensar direito enquanto choro, e de tão grogue e cansada que estou, desmaio após tanto chorar.
07:33h
Estou terminando um copo de água com os malditos remédios dopantes quando vejo Jennie entrar na cozinha e surpreender-se com a minha presença. Olho para ela, mas ela rapidamente desvia o olhar e segue até a mesa para pegar um pão de dentro do pacote. Abaixo a cabeça.
Fecho a geladeira, reúno minhas forças e saio de casa sozinha, ignorando o fato da moto estar atolada na neve, deixo ela lá e vou andando até a faculdade, deixando o vento frio me corroer. Vai ser melhor assim.
Minha cabeça já deixou de funcionar direito a muito tempo atrás. Amar alguém não estava nos meus planos, isso só serviu para me foder ainda mais psicologicamente, eu não consigo mais viver sem pensar nela a cada segundo que passa. Não consigo. É exatamente sobre o que falei para a enfermeira... Jennie é meu único motivo de esperança.
Era.
Agora eu a magoei outra vez e não posso voltar atrás porque sei que é melhor pra ela se for assim. Jennie vai entender um dia o por que de eu ser uma vadia. Eu quero que ela seja feliz.
— Bom dia!
— Que susto, imbecil — empurro a porta do armário sem me importar se irá pegar na Lily ou não. Sigo andando com os livros na mão até a sala de aula e me sento na última cadeira, enquanto Lily senta bem na minha frente e fica me olhando — que merda você quer?
— Só vim saber se você está bem, mas pelo jeito sim, já voltou a ser uma idiota.
— Tô bem. Agora vaza.
— Eu posso sentar onde eu quiser, se você não sabe, a sala é pública.
— Vai se foder.
Meus olhos automaticamente são guiados para frente quando vejo Jennie entrando na sala de cabeça baixa e com fones de ouvido na orelha, ignorando tudo ao redor. Respiro fundo. Eu odeio magoa-la, isso me machuca demais.
— Quer um balde? — Lily sorri, olho feio para ela e ela ri baixinho — só falta latir quando vê essa menina. Qual a brisa dela? Ela é tão sem gracinha.
— Porra, some daqui — repito, perdendo o único fio de paciência que me restou ontem à noite — sai daqui, Lily. Pelo amor de Deus.
Mas é claro que ela não faz isso. Levanto-me disposta a sair da sala, mas assim que ultrapasso a porta, bato de frente com alguém e arregalo os olhos ao ver Monique. A professora de Neuropsicologia com quem eu já transei duas ou três vezes no primeiro ano para conseguir uns pontos. Ela me olha de cima a baixo, abaixa os óculos escuros que sempre utiliza durante as aulas e me fuzila com seus olhos verdes quase cristalinos que parecem enxergar minha alma.
— Licença — tento desviar dela para sair da sala, mas ela apoia o braço no batente e me impede, olhando-me sem paciência nenhuma.
— Onde a senhorita pensa que vai?
— Não é da sua conta — retruco na mesma implicância, ignorando completamente sua tentativa de me prensar. Ela sempre tenta me deixar sem graça, mas isso nunca acontece, ninguém além de uma única pessoa tem esse poder sobre mim — Monique, sai da minha frente.
— Entra na sala, Lalisa.
— Eu não tô afim — olho para ela sem nenhuma paciência — entra logo e me deixa passar.
— Lalisa Manobal, você vai...
— Porra, minha vida não tem absolutamente nada a ver com você. O que eu faço ou deixo de fazer não te interessa, entendeu? — rosno, atraindo um olhar mortífero dela — se quiser me dar zero na sua matéria, fique a vontade. Eu não ligo.
Ela tira o braço da porta, ainda olhando feio para mim.
— Você vai perder ponto se não estiver na sala.
— Foda-se — passo por ela e, quando finalmente consigo respirar longe dela, relaxo os ombros e sigo o corredor vazio até o lado de fora da faculdade, querendo apenas sumir.
Eu não suporto ficar no mesmo cômodo que a Jennie nesse clima. Mesmo ela se sentando do outro lado da sala, eu não consigo, é a mesma coisa se ela estivesse na minha frente e me ignorando. Detesto ficar nesse clima com ela... detesto. Mas é a coisa certa a se fazer, Jennie não precisa sobreviver as minhas loucuras.
— Onde você vai?
Rosé. Olho para ela e acendo um cigarro. Ela está chegando agora.
— Lugar nenhum.
— Lalisa... o que está rolando? Seja sincera. Você...
— Nada, Rosé.
— Como pode não ser nada? Você está tratando todo mundo como se fosse lixo e tem coragem de dizer que não é nada?
— Não é nada.
Sopro a fumaça que se mistura no vento gelado e rapidamente some. Rosé fica olhando para mim cheia de preocupação.
— Nem com a Jennie você está falando.
Dou risada.
— Jennie merece muito mais do que a porra de uma pessoa que trata os outros feito lixo, não acha? — olho bem para ela, notando o incômodo — não vou acabar com a vida da Jennie com a minha merda, Rosé. Ela não merece isso.
— Lisa...
— Quer falar mais alguma coisa ou já entendeu minha resposta?
Sem mais qualquer pergunta, Rosé respira fundo e entra na faculdade em silêncio, deixando-me sozinha. Preciso beber.
•
É tarde da noite quando chego em casa. Passei o dia inteiro no QG, desde as oito da manhã até agora, não faço ideia de que horas seja, mas lá fora está super escuro e gelado, então imagino que já tenha passado da meia noite.
Estou me arrumando pra deitar quando escuto um barulho na porta, e por sentir um cheiro extremamente específico, paraliso enquanto seguro o cobertor e respiro fundo.
— Sai, Jennie — finjo desinteresse quando ela entra no meu quarto. É horrível falar assim com ela.
— Lalisa...
— Me deixa aqui sozinha, eu não quero companhia.
Ela imediatamente para de andar e fica parada no meio do quarto, olhando para mim com os olhos marejados e o rosto até um pouco vermelho.
— O que você tem?
— Jennie...
— Não, Lalisa. Eu quero escutar da sua boca que o que você me falou no hospital era mentira, porque não faz sentido pra mim que você tenha se transformado em uma idiota de novo depois daquilo.
Não, por favor não.
— Não vem com essa...
— Fala, Lalisa. Se você disser, eu nunca mais te pergunto nada, nem mesmo direciono uma única palavra a você. Mas...
— Eu estava mentindo — falo rapidamente, sentindo a dor irradiar em meu peito quando uma lágrima escorre no rosto dela e pinga em sua roupa, molhando a camiseta cinza que está usando. — feliz com isso? Agora sai, Jennie.
— Eu não acredito em você.
— Jennie.
— Olha nos meus olhos e repete outra vez, Lisa.
Ela se aproxima tão rápido que não consigo me afastar quando suas mãos alcançam meu rosto e me forçam a olhar no fundo de seus olhos castanhos. Meu estômago embrulha de uma vez quando as lágrimas continuam descendo em seu rosto inchado, se derramando em sua camiseta. Prendo a respiração, porque sei que sentir o cheiro dela pioraria ainda mais a minha situação.
— Por que você está fazendo isso comigo, hein? Que porra eu fiz pra merecer isso, Lalisa? Eu te magoei? Juro que não entendo... estava tudo bem e do nada você virou a chave.
— Jennie, sai... — tento afastar as mãos dela, mas a sensação de tocar sua pele quente com meus dedos frios me deixa tão em choque que eu travo.
— Você me odeia, né?
Não... não... não...
— Jen...
— Por favor, me deixa saber o que está acontecendo, Lalisa... por favor. — Ela chora ainda mais enquanto acaricia meu rosto com os polegares. — por favor.
— Jennie, eu... eu...
— Eu sei que há algo incomodando você, me deixe te ajudar, Lisa... eu não aguento mais isso.
Há muita coisa me incomodando, Jen... se você soubesse...
Sem mais aguentar, fecho os olhos e puxo Jennie para o meu colo, abraçando-a tao forte que sinto sua dificuldade para respirar. Minhas lágrimas escorrem no pescoço dela e os dedos dela afundam em minha nuca, puxando tão forte meus cabelos que sinto seu desespero em querer me manter perto da mesma forma que eu faço com ela. Sento-me na cama ainda com ela no colo e toda a angústia das últimas horas é colocada para fora em forma de lágrimas enquanto a abraço. Eu queria me afundar nela até me sentir em segurança.
Jennie afasta o abraço, olha bem para mim e, com os lábios vermelhos inchados de tanto chorar, ela pressiona a boca na minha e me faz perder as forças. Caio de costas na cama, permitindo-me senti-la enquanto sua língua esfrega na minha e me causa choques por todo o corpo. Puxo os cabelos dela nos dedos e gemo baixinho quando seu quadril roça no meu.
Eu nunca... é... nunca senti prazer sem ser com ela. Nunca. Mesmo sem me tocar, os beijos dela são o bastante para me deixarem arrepiada dos pés a cabeça.
Meu corpo entra em combustão quando ela empurra mais para baixo e me beija com mais intensidade, mantendo as mãos ao lado da minha cabeça. Subo os dedos através de sua bunda e aperto com força, fazendo-a gemer baixinho na minha boca, e isso acaba comigo.
As lágrimas continuam pingando de seus olhos, como se de alguma forma os sentimentos dela ainda estivessem lutando para serem absorvidos.
— A gente precisa conversar... — ela sussurra, mas não dou tanta atenção a isso.
— Depois.
Mergulho as mãos por dentro do shorts de pijama que ela está usando e quase infarto ao perceber que ela está sem calcinha. Minhas mãos amassam a bunda dela com leveza e guio uma mão através de sua barriga macia até sua boceta molhada, mergulhando dois dedos de surpresa em sua entrada. Jennie choraminga em minha boca, mas continua me beijando enquanto rebola devagar em meus dedos, me enlouquecendo de tal forma que sinto uma necessidade que nunca senti antes.
Eu nunca fiz nada com ninguém além do meu próprio comando, nunca quis que ninguém encostasse em mim, e também nunca me toquei... nunca. Mas acho que no fundo sempre tive muito receio de tudo isso... medo de me machucar outra vez.
— Lisa...
Puxo o lábio dela com os dentes e afundo a boca em seu pescoço perfumado, beijando a sua pele úmida das lágrimas enquanto trabalho os dedos dentro dela. Jennie perde a força dos braços e praticamente deita por cima de mim, mas seu quadril continua mexendo.
A boceta dela é tão gostosa e quente, tão molhada e eu não consigo me controlar o suficiente da sensação que isso me causa enquanto eu a fodo com meus dedos, sentindo como seu corpo responde lindamente ao meu. Eu estou encharcada também, posso sentir minha própria calcinha absolutamente molhada. Isso não é normal.
Senti tanta falta dela.
Jennie volta a me beijar quando sente que está perto de gozar, e eu sinto isso junto com ela, a forma que seus mamilos endurecem sobre os meus através do tecido fino de sua blusa me deixa completamente alucinada. Desvio a boca da dela, a faço subir um pouco mais, puxo a camiseta dela para cima e gemo baixinho ao puxar seu mamilo em minha boca, sugando-o.
Eu deslizo outro dedo dentro dela, bombeando em seu núcleo enquanto minha outra mão descansa em sua bunda e aperto sua carne macia. Eu quero ouvir os gemidos dela até o último dia da minha vida. Porra...
Puxo o mamilo dela com os lábios em um estalo e sigo para o outro, dando-lhe a mesma atenção que o outro recebeu. Jennie resmunga quando lambo-o brevemente e me separo, aproximando a boca da orelha dela.
— Quero que você goze na minha boca, linda.
Ela se arrepia inteira quando falo isso, e então dou meia volta no corpo dela e fico por cima. Olho firme para seus olhos castanhos e vou para o meio de suas pernas sem pestanejar. Puxo o shorts e o jogo longe, admirando a visão que tenho de sua boceta molhada esperando minha boca.
Agarro-a nas coxas e mergulho a boca nela, lambendo-a com tanta fome que ela se contorce toda quando alcanço sua entrada. Ela choraminga, seus joelhos se dobram ligeiramente, mas eu deslizo meu braço ao redor de sua cintura e a seguro com força contra o colchão, impedindo-a de se mover. Ela se contorce em meus braços, sua boceta cada vez mais vermelhinha enquanto chupo sua pele. Ela é tão sensível, tão responsiva e eu não consigo parar, é impossível me contentar quando se trata dela, ainda mais porque senti falta disso esse maldito tempo todo.
Sua pele está toda corada, e eu não consigo me cansar disso, vendo ela ofegar tão lindamente e ouvindo seus gemidos gostosos enquanto eu a devoro e sinto seu quadril foder minha língua. Jennie agarra meus cabelos sem muita força e empurra o corpo para fora do colchão, gemendo firme enquanto seu abdômen se retrai diversas vezes e ela goza, mas não paro de lambê-la, minha língua pressiona firme sua pele macia enquanto Jennie resmunga de mil formas diferentes e mais uma vez perde as forças, voltando a se deitar na cama, já com a respiração desregulada e o corpo febril.
Subo a boca para o clítoris dela e chupo devagar, sugando em minha boca enquanto com a língua raspo sobre ele e a sinto tremer.
— Ai meu Deus... — ela ronrona baixinho, sorrio ainda muito ocupada aqui e continuo a lambendo. E dessa vez ela não dura muito tempo, ela ergue o quadril e, assim que penetro nela dois dedos e continuo sugando seu clítoris inchado, ela chega ao limite e cai no colchão outra vez, completamente fraca e ofegante. Subo engatinhando até ela, ainda com meus dedos mergulhados em sua entrada e olho para seus olhos lindos e turvos — Lalisa... me deixa respirar um pouquinho...
Puxo minha mão para cima e lambo cada um de meus dedos, notando como o olhar dela escurece.
— Você é tão gostosa na minha boca... — sussurro baixinho. Jennie me olha tímida, e meu olhar cai para seus mamilos durinhos. Minha boca fica molhada outra vez.
Me deito ao lado dela, e isso me serve como calmante, porque meu coração imediatamente acalma. Jennie suspira baixinho e acaricia meu rosto devagar.
— Lalisa?
— Hm? — olho para cima, mas quando ela tenta abaixar a blusa, não a permito, encosto o rosto em seus seios e a abraço assim, sentindo sua pele quente me esquentar. Fecho os olhos.
— Precisamos conversar.
— Agora não, por favor... — imploro baixinho. Já está sendo difícil lutar contra a vontade de me render a ela, de me render a vontade de sentir isso, mas minha mente não me permite.
Estou constantemente me punindo por sentir vontade de fazer qualquer coisa.
— Tudo bem, mas alguma hora vamos ter que conversar.
Permaneço de olhos fechados, grudada nela. Eu só quero ficar aqui até a dor desaparecer.
100 comentários 👐🏻