Ele é provoca??o. Ela desafio.
Arturo Giordano, um piloto determinado e orgulhoso, acredita que consegue afastar qualquer assistente pessoal que atrapalhe seu caminho. Para isso, ele criou um manual para afastar suas assistentes pessoais, feito sob...
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Os treinos livres são uma experiência completamente diferente para mim. Até alguns dias atrás, eu não sabia muitas coisas sobre as corridas, exceto que eram rápidas, barulhentas e, aparentemente, perigosas. Agora, depois da pesquisa para o relatório de Arturo, percebo que observar os carros na pista tem algo de hipnótico. É como se houvesse uma dança acontecendo ali, um balé meticulosamente coreografado onde cada volta combina precisão e velocidade. Pela primeira vez, me pego não apenas assistindo, mas tentando entender os detalhes por trás das performances: a trajetória nas curvas, a importância do tempo nos boxes, até mesmo como o vento parece influenciar cada decisão.
A vibração do autódromo é contagiante. O barulho ensurdecedor dos motores se mistura com os gritos da torcida e as comunicações de rádio, criando uma atmosfera única, eletrizante. O cheiro de borracha queimada e combustível paira no ar é tão intenso que parece grudar na pele. Tudo isso deveria ser esmagador, mas de alguma forma, encontro uma estranha energia aqui. É caótico e, ao mesmo tempo, incrivelmente organizado.
Na pista, Riccardo está consistente, mantendo-se entre os três primeiros com uma regularidade quase monótona. Ele parece flutuar na pista, como se o carro fosse uma extensão dele. Mas Arturo... ele está diferente. Algo no modo como ele guia não parece certo. Eu não saberia explicar exatamente o quê — sou nova demais nesse mundo para captar todos os detalhes técnicos —, mas há algo travado, quase desajeitado. É como se ele estivesse brigando com o carro a cada curva, cada movimento parecendo mais uma luta do que um comando fluido.
Observo tudo atentamente, tentando absorver o máximo possível. Cada volta dele é um reflexo do desconforto que sinto ao vê-lo na pista, como se algo dentro de mim reconhecesse aquela tensão. Quando os treinos finalmente acabam, minha intuição se confirma: Arturo passa pela garagem como uma tempestade prestes a desabar. Ele mal olha para os lados, bufando alto, com o semblante mais fechado que já vi. A raiva e a frustração praticamente emanam dele como um calor invisível. Nem preciso perguntar nada para saber que ele está irritado.
Enquanto isso, Riccardo é o oposto. Ele entra na garagem com o sorriso confiante de quem sabe que teve um bom desempenho, cumprimentando todos ao redor com tapas amistosos nos ombros e uma energia contagiante. A comparação entre os dois é gritante, quase desconfortável.
O humor de Arturo não melhora durante as entrevistas pós-treino. Eu fico ao lado dele o tempo inteiro, como uma sombra silenciosa, mas tensa. Minha única preocupação é que ele mantenha o controle e não decida, em um impulso, esganar algum jornalista. Ele responde às perguntas de forma automática, embora eu saiba que, por dentro, ele está se corroendo. Suas palavras são calculadas, mas os ombros tensos e o maxilar travado revelam o que ele realmente sente.
— Arturo, o que aconteceu na pista hoje? Você parecia ter dificuldades para encontrar o ritmo. — Pergunta um repórter mais ousado.
Eu prendo a respiração. Sei que é uma pergunta legítima, mas, considerando o estado de espírito dele, pode ser o suficiente para desencadear uma explosão.