Ele é provoca??o. Ela desafio.
Arturo Giordano, um piloto determinado e orgulhoso, acredita que consegue afastar qualquer assistente pessoal que atrapalhe seu caminho. Para isso, ele criou um manual para afastar suas assistentes pessoais, feito sob...
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Não consigo encontrar paz. Minha mente é um caos, um ciclo interminável de pensamentos que sempre termina no mesmo lugar: Kiara. Estou deitado há horas, encarando o teto, como se ele fosse me dar alguma resposta, mas tudo que ele devolve é o silêncio. Desde que decidi me afastar dela, noites como essa têm sido constantes. O sono, que já era complicado nas vésperas de corrida, agora é quase inexistente.
Antes, quando dividíamos o quarto, eu me concentrava no som suave da respiração dela para me acalmar. Não importava o quanto minha mente estivesse agitada ou o quanto a ansiedade apertasse meu peito; aquele som sempre me trazia de volta. Era como uma âncora que me mantinha no presente, longe do turbilhão que costumava me consumir antes das corridas. Mas agora... agora tudo que eu tenho é o silêncio, pesado e vazio, como o espaço que ela ocupava do outro lado do quarto.
Depois do que aconteceu entre nós, do beijo e de tudo que foi dito, o que eu mais quero é tê-la perto de mim de novo. Não só no mesmo quarto, mas ao meu lado, preenchendo esse vazio que se tornou insuportável. A distância que eu criei para protegê-la não me trouxe paz; só me mostrou o quanto ela é essencial.
Me viro na cama pela milésima vez, mas cada movimento parece aumentar a sensação de que algo está faltando. Porque está. Quero ouvir a respiração dela de novo, aquele som que sempre me dava a sensação de que, de alguma forma, tudo ficaria bem. Quero Kiara aqui, perto o suficiente para que eu possa me lembrar de que não estou sozinho nessa, de que ela escolheu ficar, apesar de tudo.
Eu me viro na cama pela milésima vez e, como sempre, o sono me escapa. O celular vibra na mesa de cabeceira, e o som parece alto demais no silêncio absoluto. Estico o braço e pego o aparelho com um suspiro, minha irritação evidente. A luz da tela ilumina o quarto por um segundo, revelando a mensagem.
Em: Giordano, Juro por Deus, eu vou te matar com minhas próprias mãos.
Eu rio baixo, um som rouco que mal quebra o silêncio do quarto, enquanto balanço a cabeça. Emily nunca desiste. Já perdi a conta de quantos sermões ela me deu sobre como estou afastando Kiara, como estou "sabendo estragar tudo de novo", nas palavras dela. Ela sempre foi minha maior crítica — e minha maior defensora. Mas, dessa vez, o riso que escapa de mim é diferente. É quase divertido, quase... leve. Porque, dessa vez, ela está atrasada. Ela não sabe.
Ela não sabe que, depois de todas as voltas, eu finalmente fui honesto com Kiara. Não sabe que cruzei aquela linha que sempre me aterrorizou, mas que, ao mesmo tempo, eu sabia que precisava cruzar. Beijá-la foi como soltar um grito preso por meses. E agora, mesmo com todas as incertezas do que virá depois, sinto algo que não sentia há muito tempo: esperança. Uma sensação de que, pela primeira vez, as coisas estão começando a encontrar o lugar certo.
O celular ainda está na minha mão, a mensagem de Emily brilhando na tela. Eu deveria responder, talvez com um emoji ou um "depois te explico", mas decido ignorar. Ela vai descobrir sozinha, mais cedo ou mais tarde, e, sinceramente, eu prefiro que seja depois. No fundo, quero manter esse momento só para mim por mais um tempo.