抖阴社区

                                        

As lágrimas agora estão jorrando e os soluços que eu estou soltando são tão infantis e tão desesperados que eu nem consigo reconhecer o som que está saindo de mim. Deixo as fotos caírem no chão, cubro meu rosto com as mãos e desabo sem nenhum filtro, desejando estar com ele aonde quer que ele esteja agora, porque parece muito melhor do que viver em qualquer outro lugar desse mundo sozinha.

— Lili? — ouço alguém me chamar da entrada do quarto.

É o Mathew, que está me olhando com preocupação. Levanto daquele chão e vou até ele a passos firmes.

— Por que acabaram com o quarto dele!? — grito irritada. — Era a única coisa realmente dele! Como podem ter se livrado disso!? Preferem aquela droga de homenagem no colégio? Ou acham a lápide dele uma memória mais agradável?

Matthew abaixa a cabeça e encara o chão.

— Sinto muito. Não podíamos olhar para isso todos os dias.

— Era a única coisa boa que restava! A única coisa que não gritava ele está morto! Por que fizeram isso!? — o empurro com brusquidão.

— Lili... Você bebeu? — ele tenta segurar os meus braços, mas eu me afasto.

— Vocês não são diferentes dos outros. Não tem respeito por ele!

— Mathew! — Melanie grita da sala. — Manda ela ir embora!

— Por favor, Lili... — ele suspira. — Sabemos que isso não é fácil pra você, mas não significa que não seja difícil pra nós. Era nosso único filho. Agir como se ele ainda estivesse aqui só pioraria as coisas.

— Está falando bobagens! — volto a soluçar, porque parte de mim sabe que ele está certo.

— Vá para casa, ok? Tome um banho, descanse um pouco... Amanhã a gente conversa com mais calma.

Passo por ele esbarrando em seu ombro. Quando desço as escadas, Melanie está em pé no meio da sala e me encara com um semblante sério enquanto eu vou até a porta.

Foda-se. Também não quero vê-los nunca mais. Não vai ter conversa nenhuma, porque eu vou meter o pé daqui assim que eu acordar de manhã, nem que eu tenha que ficar de plantão no aeroporto até conseguir uma passagem de volta para a minha casa. Porque Los Angeles é a minha casa. Velmont é só o inferno que antes costumava ser o meu lar.

Entro na casa dos meus pais tentando não fazer barulho e vou até onde meu pai guarda as chaves das casas para as quais ele está sendo o corretor. Identifico uma chave específica, daquela casa que um dia eu erroneamente achei que seria perfeita para mim. Odeio tanto esta cidade por me fazer sonhar demais que eu poderia sair cuspindo em cada centímetro deste solo por desprezo.

Também pego uma garrafa de uísque da adega e logo depois saio. Bebo enquanto dirijo agradecendo mentalmente por essa cidade ser minúscula e a vigilância ser mínima. Dou goles direto do gargalo e tento enxergar o que posso da rua mesmo com o céu totalmente fechado e os raios que o iluminam vez ou outra. Por que diabos o tempo mudou tão de repente hoje? Será que é um jeito de Deus dizer que está de acordo com o meu mau humor?

Chego ao meu destino e já entro na casa jogando meus saltos para qualquer canto. Continuo bebendo enquanto ando pelos cômodos, olhando as mudanças que fizeram e resmungando comigo mesma sobre como até essa casa consegue me irritar agora.

Don't Forget Me ???????????Onde histórias criam vida. Descubra agora