Don't Forget Me ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ

By bughcitou

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Lili sempre teve a vida dos sonhos de todas as garotas. Uma família amorosa, um status social favorável, amig... More

Cast
SINGULARIDADE
Details - part 1 - Singularidade
01 - Singularidade
02 - Singularidade
03 - Singularidade
04 - Singularidade
05 - Singularidade
06 - Singularidade
07 - Singularidade
08 - Singularidade
09 - Singularidade
10 - Singularidade
COLAPSO
Details - part 2 - Colapso
11 - Colapso
12 - Colapso
13 - Colapso
14 - Colapso
15 - Colapso
16 - Colapso
ٱշÊ
Details - part 3 - Divergência
18 - Divergência
19 - Divergência
20 - Divergência
21 - Divergência
22 - Divergência
23 - Divergência
24 - Divergência
25 - Divergência
26 - Divergência
27 - Divergência
28 - Divergência
29 - Divergência
30 - Divergência
31 - Divergência
32 - Divergência
33 - Divergência
34 - Divergência
35 - Divergência
36 - Divergência
37 - Divergência
38 - Divergência
39 - Divergência
40 - Divergência
41 - Divergência

17 - Colapso

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By bughcitou

📍Boa leitura!

★ ★ ★

Lili.

Quem abre a porta é a Melanie. Não sei o que esperava ver quando a reencontrasse, mas não sinto nenhuma surpresa ao notar o quanto ela parece mais magra e pálida. Assim como o Matthew, seu envelhecimento parece mais culpa do peso da vida do que do passar dos anos. E quando ela me encara, é como se estivesse vendo um fantasma.

— Lili. — meu nome sai sussurrado de sua boca.

— Desculpe. Deve estar tarde. Eu acordei vocês?

— Não está tão tarde, são só nove horas. Não estávamos dormindo. — ela parece hesitar enquanto segura a gola de seu suéter de um jeito muito desconfortável. — Posso ajudar?

Ela não queria me ver, consigo perceber isso por causa da forma como está agindo. O Matthew pareceu feliz quando o vi mais cedo, mas ela sequer consegue me olhar nos olhos por mais de dois segundos antes de desviar o olhar.

— Eu realmente não quero te incomodar, mas eu preciso de uma coisa. — puxo o ar para os meus pulmões e solto um longo suspiro. — Eu posso ver o quarto do Cole? Prometo que vai ser rápido.

Ela abre e fecha a boca algumas vezes. Sei que provavelmente não quer que eu entre, muito menos que suba até o quarto dele, mas eu já extrapolei demais essa noite para me importar muito com o espaço de alguém.

— Eu mereço isso. — digo apelando para a sua compaixão.

Seus ombros cedem e ela assente positivamente a contragosto, afastando-se da porta para que eu possa entrar. Não olho para ela e nem digo mais nada, apenas vou na direção das escadas e subo até o andar de cima.

Abro a porta do quarto e entro no breu do cômodo. Acendo a luz e me deparo com uma cena que me parte o coração. Tem caixas no chão com todas as coisas dele. Seus troféus, suas fotos, algumas poucas roupas... Noto que não está tudo aqui, eles devem ter se livrado do que podiam, deixando só o mínimo para se livrar depois.

Sento no chão e abro a caixa com os itens pessoais. Todas as fotos polaroid que ele tinha em um mural na parede estão aqui dentro. Não acredito que eles foram capazes de desmontar tudo dessa forma! Cada canto desse quarto tinha a alma dele, porque ele fez questão de decorar e preencher com coisas sobre sua vida. E aí ele morre e sua vida não vale mais a pena ser mostrada? Preferem mostrar a parte do luto? A forma como as outras pessoas o viam? Por que não deixar de pé a forma como ele se via?

Passo as fotos uma por uma. A maioria são com os nossos amigos, mas tem muitas só de nós dois. A que eu mais gosto é a da gente comendo um mesmo pedaço de pizza, cada um mordendo uma ponta. Abro um sorriso triste para a imagem e acaricio o rosto dele ali.

Continuo a passar e encontro uma foto que nunca tinha visto antes. É uma foto minha. Estou sentada nos degraus da varanda da minha casa com um caderno aberto no colo enquanto mordo a ponta de um lápis. Devo estar pensando em alguma das minhas antigas histórias quando ele tirou isso sem que eu nem percebesse. Tem um coração desenhado com caneta na base da foto, e quando a viro vejo algo escrito no verso.

"Sonhando e aprendendo a conquistar os meus sonhos por ela, porque vamos construir uma vida juntos. Espero fazê-la feliz para sempre".

As lágrimas agora estão jorrando e os soluços que eu estou soltando são tão infantis e tão desesperados que eu nem consigo reconhecer o som que está saindo de mim. Deixo as fotos caírem no chão, cubro meu rosto com as mãos e desabo sem nenhum filtro, desejando estar com ele aonde quer que ele esteja agora, porque parece muito melhor do que viver em qualquer outro lugar desse mundo sozinha.

— Lili? — ouço alguém me chamar da entrada do quarto.

É o Mathew, que está me olhando com preocupação. Levanto daquele chão e vou até ele a passos firmes.

— Por que acabaram com o quarto dele!? — grito irritada. — Era a única coisa realmente dele! Como podem ter se livrado disso!? Preferem aquela droga de homenagem no colégio? Ou acham a lápide dele uma memória mais agradável?

Matthew abaixa a cabeça e encara o chão.

— Sinto muito. Não podíamos olhar para isso todos os dias.

— Era a única coisa boa que restava! A única coisa que não gritava ele está morto! Por que fizeram isso!? — o empurro com brusquidão.

— Lili... Você bebeu? — ele tenta segurar os meus braços, mas eu me afasto.

— Vocês não são diferentes dos outros. Não tem respeito por ele!

— Mathew! — Melanie grita da sala. — Manda ela ir embora!

— Por favor, Lili... — ele suspira. — Sabemos que isso não é fácil pra você, mas não significa que não seja difícil pra nós. Era nosso único filho. Agir como se ele ainda estivesse aqui só pioraria as coisas.

— Está falando bobagens! — volto a soluçar, porque parte de mim sabe que ele está certo.

— Vá para casa, ok? Tome um banho, descanse um pouco... Amanhã a gente conversa com mais calma.

Passo por ele esbarrando em seu ombro. Quando desço as escadas, Melanie está em pé no meio da sala e me encara com um semblante sério enquanto eu vou até a porta.

Foda-se. Também não quero vê-los nunca mais. Não vai ter conversa nenhuma, porque eu vou meter o pé daqui assim que eu acordar de manhã, nem que eu tenha que ficar de plantão no aeroporto até conseguir uma passagem de volta para a minha casa. Porque Los Angeles é a minha casa. Velmont é só o inferno que antes costumava ser o meu lar.

Entro na casa dos meus pais tentando não fazer barulho e vou até onde meu pai guarda as chaves das casas para as quais ele está sendo o corretor. Identifico uma chave específica, daquela casa que um dia eu erroneamente achei que seria perfeita para mim. Odeio tanto esta cidade por me fazer sonhar demais que eu poderia sair cuspindo em cada centímetro deste solo por desprezo.

Também pego uma garrafa de uísque da adega e logo depois saio. Bebo enquanto dirijo agradecendo mentalmente por essa cidade ser minúscula e a vigilância ser mínima. Dou goles direto do gargalo e tento enxergar o que posso da rua mesmo com o céu totalmente fechado e os raios que o iluminam vez ou outra. Por que diabos o tempo mudou tão de repente hoje? Será que é um jeito de Deus dizer que está de acordo com o meu mau humor?

Chego ao meu destino e já entro na casa jogando meus saltos para qualquer canto. Continuo bebendo enquanto ando pelos cômodos, olhando as mudanças que fizeram e resmungando comigo mesma sobre como até essa casa consegue me irritar agora.

Fico tão bêbada que perco a noção da minha direção e nem consigo mais raciocinar sobre o meu comportamento. É por isso que quando estou saindo pela janela do sótão direto para o telhado eu me pergunto que merda estou fazendo.

Dá para ficar aqui se eu tomar cuidado, porque não é tão íngreme quanto o telhado de outras casas. Consigo sentar e continuo bebendo enquanto os raios mandam ver no horizonte. Os trovões também estão presentes, mas não me importo com o barulho em meio à escuridão da noite. Fico muito tempo olhando para cima tentando imaginar se existe mesmo um lugar para onde as pessoas vão. Um lugar melhor, o paraíso como todos dizem. E então eu imagino o Cole nesse tipo de lugar aproveitando sua estadia enquanto eu derreto na minha tristeza.

— Por que você tinha que tirar aquele maldito cinto? — questiono entredentes, minha voz claramente alterada pela bebida. — Você por acaso era algum tipo de idiota? Tem noção da merda que você causou por causa disso? E quer saber? Se eu ainda tivesse aquele diário, eu escreveria que te odeio um pouco mais por morrer. E era isso o que eu deveria ter dito no seu velório quando me pediram pra fazer um maldito discurso!

Fico de pé e começo a caminhar naquele pequeno espaço.

— Mas eu fiquei calada, sabe por que? Porque achei que nenhuma palavra poderia descrever o que eu estava sentindo e que nada faria jus à sua memória. Eu estou indignada por todo mundo achar tão simples falar sobre você, sobre como você se foi e sobre como você tinha um futuro promissor. Você levou o meu futuro promissor com você! — aponto furiosa para o céu. — E pra que, merda!? Que lição eu deveria aprender? Tentar ser mais forte!? O caralho que isso dá força a alguém!

De repente, algumas gotas de chuva começam a cair. Se eu não estivesse tão bêbada, talvez isso me fizesse sentir frio, mas tudo o que eu faço é soltar uma risada amarga sem me importar nenhum pouco com a inconveniência climática.

— E o que é isso, uh? Estou sendo mal criada, então está chovendo pra que eu pare? Joga um raio em mim! — berro a última frase e ironicamente a chuva aumenta, com um trovão soando mais alto que os anteriores.

Pego a garrafa de uísque que deixei apoiada no telhado e quase perco o equilíbrio, mas me seguro a tempo e solto outra risadinha. Dou alguns goles naquela bebida que desce quente pela minha garganta. Volto a olhar para o céu, entreabrindo os olhos por causa das gotas grossas de chuva.

— Cole Sprouse, eu nem gostava de você no começo. — continuo. — Por muito tempo, eu só queria que você sumisse. E estava de bom tamanho me sentir assim. Mas você tinha que ir lá e me fazer gostar de você, não é? Você fez eu mudar as minhas convicções, rever meus atos... Você fez com que eu te amasse! E quando eu te amava com toda a minha alma, você foi embora! Que direito você tem de fazer isso comigo!? Que piada de mau gosto!

Estou chorando novamente, com minhas lágrimas se misturando à chuva.

— E se isso foi uma brincadeira, parabéns, você venceu! Mas não me manda te esquecer, porque parece impossível. Que tal você me esquecer? Que tal sair da minha cabeça, Cole? — aperto a garrafa com mais força e até o vento aumenta, fazendo a chuva bater mais forte e eu cambalear um pouco. — Me esquece! — aponto com raiva para o céu. — Me esquece! Me esquece! Me esquece!

Em um momento de pura fúria, eu ergo a garrafa e acabo atirando ela em direção ao quintal da casa. Isso tira ainda mais o meu equilíbrio, que já estava em crise por causa da bebedeira, a chuva forte e o vento. Balanço os meus braços para a frente e para trás e é como se eu dançasse na beirada daquele telhado.

E quando piso na calha, ela cede com o meu peso e eu simplesmente despenco. Tudo acontece muito rápido, mas na minha percepção é em câmera lenta. Sei que assim que atingir o chão, as chances de sobreviver a isso serão mínimas, principalmente se minha cabeça resolver atingir o deck do quintal.

A última coisa que vejo é uma luminosidade no céu. Um raio, percebo. Mas é diferente, porque é roxo. Roxo como as luzes na casa do Gus. E ele desce na minha direção. Quando a luz púrpura toma conta de tudo, quase me cegando, eu fecho os meus olhos com muita força.

Um zumbido ressoa dentro da minha cabeça e eu não consigo saber se foi porque eu a bati no chão, se foi porque um raio me atingiu ou se eu simplesmente estou morta. Tudo o que eu sei é que não consigo sentir o meu corpo, ou ouvir o que tem ao meu redor. É como se minha cabeça fosse o único espaço com o qual eu conseguisse ter contato. E enquanto tento entender o que está acontecendo, sinto um formigamento trazendo de volta a sensação tátil do meu corpo aos poucos, da minha cabeça até as pontas dos dedos dos pés.

E depois desse estado meio caótico, de meio morte, eu sinto tudo relaxar. Ainda não vejo nada, nem o roxo ou qualquer outra coisa. Só sinto sono, um sono profundo que faz minha consciência se entregar a isso como se eu pudesse apenas dormir. Então eu durmo, esquecendo momentaneamente o que aconteceu.

★ ★ ★

— Eita eita eita 👀

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