Após alguns anos estudando no colégio Owls, Ayla percebe um garoto.
Isaac Willian, o cara mais inteligente do colégio Olws, um exemplo de aluno e filho, sonho de toda m?e, educado, bonito, inteligente e focado em seu futuro. Tem uma inteligência ún...
Meu pai começa a bufar, inflando o peito como se estivesse prestes a explodir. E tudo isso por causa das minhas notas? Sério? Como se isso fosse mudar alguma coisa. Não importa o que eu faça, no fim das contas, vão me empurrar direto pra essa maldita máfia de qualquer jeito.
— Deixa eu ser mais claro — ele ajusta o colarinho do sobretudo com um gesto rígido, e gira o corpo devagar até me encarar. Seus olhos cravados nos meus — Eu e sua mãe decidimos que não vamos mais forçar você a seguir os passos da família Miller.
Por um instante, um alívio real escapa pelo meu rosto. Um sorriso tímido começa a nascer, mas se desfaz rápido quando ele endurece o olhar.
— Porém... — sua voz pesa, carregada — você vai tirar notas excelentes. Boas o suficiente pra entrar numa faculdade de prestígio, fazer um curso decente e ter um maldito futuro. Você tem só esse último ano. Se não conseguir... não importa o que diga, o que chore, o que implore: vai assumir o comando da máfia. Está entendido?
— Mas eu tenho poucos meses... — minha voz sai quase num sussurro.
— Se vira. — ele se joga contra o encosto do banco, exausto — E chega de sumir à noite, de boate, bebida, cigarro. Se repetir isso, vou colocar seguranças atrás de você vinte e quatro horas por dia.
— Pai!
— Ayla! — ele ergue o tom, firme como aço — Você não tem direito de reclamar de nada. Está tendo uma chance, então aproveita.
Ele não precisa dizer em voz alta que sabe o quanto eu odeio essa vida. Ele também sabe que jamais aceitarei esse legado podre, nem que tenha que passar fome na rua. E por isso, está me dando essa última saída. Uma aposta cruel.
— Quando chegarmos em casa, evita cruzar com sua mãe. Sobe direto pro quarto. Tranca a porta. — sua voz baixa um tom, como quem fala de uma fera prestes a devorar tudo — Ela está furiosa... e você sabe o que isso significa.
Eu assinto, engolindo seco. Minha mãe em fúria é como fogo em um galão de gasolina.
— Ah, mais uma coisa — ele me encara de lado, os olhos ainda carregados — Se receber outra suspensão ou detenção por causa de brigas, eu cancelo seu cartão, limpo suas contas e corto todas as suas distrações. Netflix, festas, amigos, tudo.
Abro a boca para protestar, mas ele só ergue o dedo indicador.
Fecho na hora.
Suspiro, virando o rosto para a janela. Tá tudo apertando no meu peito, mas eu não vou desistir. Por um único motivo: Isaac.
Ele é inteligente pra caramba, talvez o único capaz de me ajudar a melhorar minhas notas em tão pouco tempo. Mas eu não posso contar a verdade. Ele não sabe que minha família é dona de metade da máfia dessa cidade — e ninguém pode saber. Todos acham que meus pais são empresários sérios, gente elegante. Falso pra caramba.
Talvez... se eu disser que meus pais estão me forçando a mudar de país caso eu não passe, pode convencer. Vou fazer um drama, inventar umas desculpas, apelar. Tudo o que for preciso. E, de quebra, me aproximo ainda mais dele. Dois coelhos, um tiro.
***
No dia seguinte.
Respiro fundo, parada em frente à porta do clube de literatura. Ele está lá dentro. Falta pouco. Meu coração está acelerado, o estômago revirando de nervoso. Mantenha o foco, Ayla. Você precisa disso.
A porta se abre, e os alunos começam a sair. Me arrumo na parede, tentando parecer despreocupada, mas meus olhos escaneiam cada rosto. Quando ele aparece, é como se o tempo travasse. Os olhos dele encontram os meus, e ele suspira, já cansado antes mesmo da conversa começar.
— Posso falar com você?
— Não. — ele responde seco, já se virando pra seguir pelo corredor.
Corro pra acompanhá-lo.
— Ei! Não vai demorar. Eu juro!
— Tô ocupado. — ele nem me olha.
— É só um favorzinho... por favor! — acelero o passo, quase tropeço — Isaac!
Ele para de repente e me obriga a frear com tudo. Meu coração dispara.
— Um minuto. — ele ergue a sobrancelha, impaciente.
— Eu... eu queria sua ajuda com os estudos. Preciso tirar notas boas esse ano ou meus pais vão me mandar pra outro país. Eu não posso sair de Seattle, Isaac, não agora. Tenho amigos aqui, uma vida. Começar tudo do zero seria um desastre.
— Às vezes, começar do zero é o melhor que pode acontecer. — ele sorri, mas é um sorriso cortante. Confere o relógio no pulso — Trinta segundos.
O quê? Nem se passou dez segundos. Ele tá cortando o tempo.
— Por favor! Você é o único inteligente o suficiente pra me ajudar. Eu pago, sério! Dinheiro em mãos.
— Então contrata um tutor. — ele não tira os olhos do relógio — Dez segundos.
— Porra, garoto! — perco a paciência — Eu tô pedindo ajuda pra estudar, não pra roubar um banco!
— Cinco segundos.
— Me ajuda, cacete! — solto, frustrada, antes que ele se vire e vá embora sem olhar pra trás.
— Seu tempo acabou. — ele responde por cima do ombro, com um sorriso sarcástico que me dá vontade de socar uma parede.
— ISAAC!
Mas ele continua andando. Alto, com os ombros largos, impenetrável. E, agora, fora da minha vista.
Fico ali parada, sozinha, com a cara de idiota. Eu realmente achei que ele aceitaria? Idiota. Que droga!
Mas não vou desistir. Nem fudendo.
Se ele acha que me ignorar vai me fazer recuar, tá muito enganado.
Volto a caminhar, seguindo o mesmo caminho que ele fez. Dane-se se ele foi pra sala. Vou atrás. Vou entrar e ficar do lado dele. Ele vai aceitar, mesmo que seja só pra parar de me ver no pé dele.
A porta da sala onde ele entrou está semiaberta. Respiro fundo, empurro com a mão e... pronto. Todo mundo olha. O barulho para. A professora me encara como se eu tivesse invadido um templo.
— Você não é dessa sala!
— Agora eu sou. — sorrio com cinismo e sigo até Isaac.
Ele me olha de cima a baixo, claramente irritado.
Puxo uma cadeira e me sento bem ao lado dele, cruzando as pernas com elegância ensaiada e fingindo mexer nas unhas.
— Pode continuar, professora. — digo, sem tirar os olhos do nada.
— Você tem que sair!
— Só saio se o Isaac sair primeiro. — dou um sorriso doce e apoio o queixo na mão.
Toda a sala está em silêncio. Todos. Literalmente todos estão me encarando.
Mas eu não me importo. Ele vai me ouvir. Nem que seja pela força da minha teimosia.
Continua...
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