Após alguns anos estudando no colégio Owls, Ayla percebe um garoto.
Isaac Willian, o cara mais inteligente do colégio Olws, um exemplo de aluno e filho, sonho de toda m?e, educado, bonito, inteligente e focado em seu futuro. Tem uma inteligência ún...
Resolvemos nos encontrar amanhã num parque, já que é sábado e estou livre. Malcolm prometeu me manter informada sobre o Layam.
O jantar está insuportável. Só Alice fala alguma coisa, tagarelando sobre a escola, os trabalhos de casa e uma professora nova que ela odeia. Todos estão próximos à mesa, em sintonia forçada... menos eu. Eu pareço um satélite quebrado girando longe do resto da órbita, completamente ausente. Finjo mexer na comida, mas minha cabeça está longe, girando numa espiral sufocante.
Será que ele levou ela pra cama também?
Só de pensar no Isaac tocando aquela garota como me tocou, meu estômago embrulha. Odeio essa sensação. Odeio a forma como minha mente pinta cenas que não quero ver. Isaac sorrindo, ela rindo, os dois entre lençóis brancos. Eu quase engasgo com a raiva e a angústia. Não quero que ele tenha sido obrigado a isso. Não ele. Não com ela.
Ainda não tive coragem de confessar o que sinto. Porque se ele reagir como reagiu com a Tiffany... se me afastar também... eu não vou aguentar.
— Onde estava? — a voz grave do meu pai quebra o silêncio da minha mente.
Continuo encarando o prato como se ele fosse mais interessante que tudo na mesa.
— Com o Malcolm. — minha voz sai baixa, mas firme.
— O diretor ligou. Disse que você desmaiou um garoto hoje.
— Foi. — dou de ombros. Só vou aceitar essa merda para tentar evitar diálogos.
— Foi? — ele repete com desprezo, a voz subindo o tom. Finalmente o encaro, irritada. — O que eu já disse sobre se meter em brigas?
— Ele me bateu primeiro. Eu só devolvi. Não foi assim que me ensinaram? Se te baterem, bata de volta.
Ele fecha os olhos por um segundo, respirando fundo, tentando conter a fúria.
— Sua mesada está cortada. E o cartão também. Talvez assim aprenda a ter modos.
— Queria que eu deixasse ele me socar? Ótimo. Tira tudo. Nunca pedi essa porra de dinheiro mesmo.
— OLHA A BOCA! — minha mãe rosna entre os dentes, os olhos semicerrados. — Cadê os modos? Estamos à mesa!
— Enfiei no cu do presidente. — digo antes de rir alto, sarcástica, debochada, até as mãos do meu pai baterem com força na mesa, fazendo os talheres saltarem e o silêncio implodir.
— O que deu em você, garota? — ele rosna, os olhos flamejando. — Está se tornando outra pessoa.
— Vocês que estão me transformando nisso.
— A gente? — ele aponta o dedo pro próprio peito, como se a culpa fosse um absurdo. — Você que está fora de controle. E aposto que isso tudo é culpa daquele seu amigo loiro idiota.
— NÃO coloca o Ryan nisso! — bato a mão na mesa também, fazendo o prato tremer. — Isso tudo é culpa de vocês! A porra dessa merda toda é de vocês dois! Vocês fizeram merda, esconderam merda, e agora querem pagar de santos?
— JÁ CHEGA! — ele se levanta, empurrando a cadeira pra trás com violência, derrubando copos e pratos. — JÁ ESTOU FARTO! Você só sabe apontar dedo! Só sabe julgar, Ayla! Eu SEI que errei! Eu sei que meu passado é podre, porra!
— ENTÃO POR QUE CONTINUA? — me levanto também, o peito arfando. — Está mesmo tentando descobrir quem está atrás da gente? Que engraçado... Eu descobri com metade do esforço que vocês dizem fazer!
Ele me encara, surpreso. A máscara de raiva vacila por um instante.
— Vocês não querem justiça. Querem manter a imagem dessa família perfeita. Sabe o que mais? Me deserde. Eu não pedi pra nascer aqui.
— Você é uma ingrata. Rebelde, mimada, não tem respeito por ninguém! Dei tudo pra você, do bom e do melhor, e o que recebo? Desprezo!
— Eu queria amor, pai! Não presentes! Não silêncios, não castigos, não regras de merda! Só queria um pedido de desculpas! Mas vocês são orgulhosos demais pra isso. Acham que um colar resolve tudo. Acham que dinheiro é afeto!
— Me diz logo quem é esse desgraçado e eu resolvo. No outro dia, tudo volta ao normal. Ninguém vai mais ameaçar nossa família.
— E os próximos? — minha voz treme, mas eu sustento o olhar. — Se esse veio por vingança, mais virão. Quantas famílias vocês destruíram por causa de "regras"?
— São princípios antigos, Ayla — minha mãe entra, com a voz embargada — A gente não pode quebrá-los.
— FODA-SE, DAIANA! — grito tão alto que sinto minha garganta arranhar. — Essas regras podres são uma desculpa pra matar gente inocente. Isso é doença, mãe. VOCÊ é doente!
Ela me olha com aqueles olhos vazios... frios... como se o que eu dissesse não fosse nada. E é por isso que dói tanto. Não é raiva, é o vazio. É a indiferença.
Então, de repente, sem aviso... o tapa vem.
A mão do meu pai atravessa o ar com uma força animalesca, me pegando na bochecha e me jogando no chão com o impacto.
A dor explode como uma onda quente, latejando. Meu ouvido zune. O gosto metálico de sangue enche minha boca. Lágrimas escorrem antes que eu consiga impedir. Eu... eu nunca tinha apanhado dele antes. E agora... tudo mudou.
Fico no chão por um segundo. Os olhos marejados, a alma estilhaçada. Mas não vou chorar na frente dele. Não vou dar esse prazer.
Me ergo devagar, limpando os lábios, com dignidade.
— Tá feliz, Rafael? — minha voz sai trêmula, mas firme. — Se sente mais homem agora?
Ele me encara. O rosto pálido, o arrependimento começando a surgir atrás da máscara de raiva. O silêncio é pesado... cortante... até o choro de Alice preencher a sala.
Me viro para minha mãe. Pela primeira vez, vejo a expressão de puro horror nela. Lágrimas descendo por aquele rosto antes sempre tão impenetrável. Mas agora é tarde. Eles me perderam.
Caminho até a porta. Cada passo é uma sentença. Não olho pra trás. Quando a porta se fecha com um estrondo, parece que estou enterrando tudo o que um dia chamei de "família".
Continua...
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Como eu disse em alguns capítulos atrás quando uma briga aconteceu, foi certo ela falar isso?
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