CITIZENS - Cidad?os do Caos

Parada cardíaca.

O coração de Dysmas no monitor era um zumbido profundo e irritante enquanto minha pulsação martelava forte meus tímpanos, latejando na ponta de meus dedos enquanto eu mantinha certa distância para que Carolyn e seu assistente pudessem trabalhar.

- Carregue em 50. – Disse a doutora ao assistente, que ligou a máquina e a vibração das pás sendo energizadas apareceu. – Afaste-se!

O corpo de Dysmas se arqueou e voltou à cama. O monitor continuava com o som contínuo.

- Carregue em 120. – Pediu novamente. O som agudo da carga retornou. – Afaste-se!

Ela refez mais uma vez, aumentando a potência em 30. A pulsação de Dysmas voltou e eu pude respirar de novo.

- O veneno da Centopeia entrou na circulação sanguínea. Traga o soro antiofídico. – Me apavorei.

- Antiofídico? Para que serve? – Questionei, atordoada.

- Antes da praga, usávamos para picadas de cobras venenosas. A mutação da Centopeia Gigante usa um veneno específico, e existe apenas uma espécie de centopeia em Nova Iorque. – Ela respondeu enquanto estancava o sangramento mais recente. – Eu pretendia aplicar o soro depois da cirurgia, mas os órgãos estão começando a falhar.

Meu pânico cresceu. A respiração fraca não era perda de sangue, era o pulmão de Dysmas parando.

A doutora Carolyn pegou a seringa e aplicou direto na bolsa de soro, deixando ela cair de maneira constante e lentamente. Os batimentos de Dysmas começaram a voltar a um ritmo um pouco melhor, até finalmente estabilizarem em um local seguro.

- Ele pode ter sequelas, e eu... – A mulher olhou nos olhos da garota. – Vou precisar fazer a substituição. Pelo menos alguns órgãos.

Suprimi as lágrimas. Não conseguia pensar, não conseguia me manter racional naquele momento. Depois de um longo instante de hesitação,  acenei para que Carolyn continuasse. Não iria conseguir ficar mais nenhum minuto observando a atrocidade que estava prestes a acontecer com meu amigo.