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O RESGATE

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Depois do cinema ficamos horas conversando no pátio da escola. Conheci várias crianças e me senti uma professora. Todas me enchiam de perguntas, algumas até difíceis de responder.

– Como é lá fora? – questionou um garotinho um pouco resfriado.

– É... então... – Neste momento Liz as chamou me salvando da pergunta.

Todas se reuniram em volta de Martim, que jogou a bola para o alto as deixando enlouquecidas, corriam para todos os lados. Os professores me chamaram e fomos em direção ao bloco 3: um grande prédio de dois andares onde, no térreo, estava situado o refeitório, uma área que não era fechada nas laterais.

Subindo as escadas, não pude evitar um olhar de uma jovem para mim. Aparentava ter por volta dos dezessete anos, com cabelos longos e negros. Seu olhar era de raiva, o que me deixou assustado. Desfiz o contato visual fingindo não ter percebido e continuei subindo até chegarmos ao segundo andar.

Entramos em um corredor e logo depois em uma sala. Todas pareciam não ter paredes, pois tinham uma visão panorâmica de vidros para todos os lados, nos permitindo uma visão completa da floresta, escondida na escura noite que se alongava a altas horas. Martim nos levou a um equipamento do tamanho de um gerador que possuía vários fios ligados em um controle remoto.

– Veja Liz, as caixas de som parecem não estar funcionando. Tentei ligar, mas não acontece nada.

– Deixe-me tentar. – Ela apertou alguns botões, mas nada aconteceu. – Vou pedir para as crianças seguirem aos seus dormitórios. Se tivermos sorte os gritos não atraíram tantos e poderemos matá-los ao amanhecer. Ava – chamou-me ela –, você também pode ir descansar. Resolveremos isso ao amanhecer.

– Tudo bem – respondi, percebendo que começava a criar laços com aquele lugar. Isso, uma hora ou outra, precisaria ser rompido.

...

Como esperado, os gritos da noite anterior foi o suficiente para atrair vários zumbis para os arredores da escola. Ao amanhecer já batiam nos muros e no portão, provocando o som de somados grunhidos que tanto odiava.

Após tomarmos o café, as crianças receberam ordens para ficarem quietas. Pareciam tão assustadas quanto nós. Porém, entre muitos rostos assustados, havia uma garota que aparentava estar tão calma como em qualquer outro dia: a mesma que me lançou aquele olhar de fúria na noite passada.

– Olha Ava, eu não queria te pedir algo tão cedo, mas preciso que nos ajude – chamou-me Liz. Estávamos em uma pequena torre de observação encostada no muro bem ao lado dos mortos-vivos. – Você é a única adulta além de mim e Martim, e a coisa ficou séria.

– No que precisar eu ajudo – prometi.

– Ótimo. Preciso que atraia os zumbis para longe da entrada. Assim Martim consegue ir até um dos rádios e ligá-lo, talvez identificando o problema.

Um arrepio correu pelo meu corpo. Olhei para baixo e vi os mortos grunhindo, só esperando por algum pedaço de carne.

– E como faremos isso?

– Eu tenho uma ideia, é para funcionar. Me siga.

Martim e eu pegamos duas bicicletas e ficamos preparados, esperando Liz, que estava em um posto de observação um pouco acima de nós, abrir o grande portão verde empurrando uma enferrujada alavanca. Apontando seu arco e flechas, ela aguardou o momento certo enquanto meus batimentos cardíacos só aceleravam.

"É agora".

A garota do olhar furioso apareceu de repente bem atrás de nós quando já estávamos de partida. Sem hesitar, gritou para Liz atrapalhando o momento que entraríamos em ação.

AS ?GUAS VERMELHASOnde histórias criam vida. Descubra agora