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By MabeleBlackSnow

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By MabeleBlackSnow

                                          ☼ ☽ ༄

Quando as Asas se Encontram.

                                       Helaena.

A princesa nunca soube ao certo quando seus sonhos começaram. Não havia um ponto de partida, um instante claro que pudesse marcar o momento em que sua mente passou a ser invadida por visões. Era como se sempre estivessem lá, à espreita, esperando o momento certo para se revelarem. No início, ela acreditava que eram apenas pesadelos – horríveis, sim, mas nada além de frutos da imaginação de uma menina assustada: sangue, morte, exércitos sem rostos marchando em silêncio e dragões rugindo ao longe, com suas sombras gigantescas cobrindo terras devastadas.

Cada vez que ela fechava os olhos, uma muralha de horrores se erguia diante dela, impenetrável. A princípio, ela rezava, murmurando orações para qualquer deus que estivesse ouvindo. Implorava por noites sem sonhos, por momentos de silêncio dentro de sua própria mente. Mas, com o tempo, compreendeu que os deuses não a ouviam. Ou, se ouviam, escolhiam ignorá-la.

Entre todos os pesadelos, havia um sonho recorrente – o mais estranho de todos: um dragão prateado. Sempre ele. A criatura, bela e majestosa, surgia em meio ao caos, como um facho de luz cortando a escuridão. No início, ela não entendia. Pensou que fosse um símbolo, talvez uma ilusão criada por sua mente atormentada. Mas os sonhos persistiram, e o dragão prateado continuou aparecendo, cada vez mais nítido, cada vez mais real.

Foi apenas quando conheceu Visenya que tudo fez sentido.

A revelação a atingiu como um golpe. A menina, com seus cabelos da cor da lua e olhos em tons de lilás, era a própria encarnação do dragão que tanto povoava seus sonhos. E o choque não veio apenas pela descoberta, mas pelo fato de quem Visenya realmente era – a filha de sua meia-irmã, Rhaenyra.

Helaena lembrava-se do momento em que soube a verdade. Sua mente girou, incapaz de compreender como Rhaenyra havia conseguido abandonar uma criança tão doce, tão cheia de vida. Como ela teve coragem de esconder esse segredo da corte, de todos eles, de seu pai? A imagem de sua irmã, altiva e determinada, sempre pairava sobre sua memória, mas agora estava manchada por uma dúvida amarga. Como alguém poderia rejeitar seu próprio sangue?

Mas o que mais a assombrava não era o segredo em si – era o futuro. A princesa tinha medo. Medo da reação de Visenya ao descobrir sua verdadeira origem. Medo de que a menina, ao saber de sua mãe, rejeitasse Rhaenyra e tudo o que ela representava. Principalmente porque Helaena conhecia Aemond. Sabia que seu irmão odiava Rhaenyra e seus filhos com uma intensidade feroz, uma chama que só crescia com o passar dos anos. E o temor mais profundo em seu coração era que Aemond já estivesse manipulando Visenya – ou que logo o faria – envenenando sua mente contra sua própria mãe e sua família.

A única filha da rainha se lembrou de um jantar logo após Aemond e Visenya partirem para Pedra do Dragão. O rei Viserys, em um raro momento de lucidez, havia mencionado a menina como sendo "forte e espirituosa". Ele disse, com um brilho nostálgico nos olhos: "Visenya lembra-me de minha querida mãe, a princesa Alyssa."

Essas palavras ecoaram na mente de Helaena desde então: Alyssa Targaryen, uma mulher de grande coragem e determinação, cujo espírito ardia como fogo vivo. Se Visenya realmente carregava algo daquela mulher, a princesa só podia esperar que essa força fosse suficiente para resistir às sombras que a cercavam – e aos dragões que rugiam tanto dentro quanto fora dela.

Helaena também se perguntava o que seu pai teria sentido se soubesse que aquela menina era, de fato, sua neta.

Então, uma risada cortou os céus.

A sonhadora piscou, afastando os pensamentos como quem espanta uma sombra. A risada era de Visenya – leve, solta ao vento, ecoando pela vastidão do céu.

Elas voavam lado a lado: Helaena em Dreamfyre, seu belo dragão azul e prateado, e Visenya em Silverwing, brilhando como uma estrela cadente. Era uma visão magnífica, uma que a princesa nunca pensou que testemunharia.

A última vez que voara com Dreamfyre... ela nem lembrava direito. Acreditava que fora antes do nascimento dos gêmeos, Jaehaerys e Jaehaera. Mesmo após vincular-se ao dragão aos doze anos, Helaena raramente voava. Sua mãe, a rainha Alicent, constantemente a proibia de sair da Fortaleza Vermelha para voar ou fazer qualquer outra coisa que não fosse apropriado para uma dama. Ser uma cavaleira de dragão não parecia algo digno para ela – pelo menos, não aos olhos de sua mãe.

— Ela é rápida! — Visenya gritou através do vento, com o sorriso estampado no rosto enquanto Silverwing deslizava pelas correntes de ar.

Helaena riu baixinho, sentindo a adrenalina pulsar em suas veias.

— Dreamfyre é ainda mais rápida — respondeu, com a voz carregada pela brisa.

Visenya arqueou uma sobrancelha, desafiadora.

— É mesmo? — provocou. — Então vamos ver qual das duas chega primeiro à Baía da Água Negra.

Antes que a princesa pudesse responder, Silverwing mergulhou, cortando o céu como uma flecha prateada. Dreamfyre rugiu, como se aceitasse o desafio por conta própria, e Helaena segurou as rédeas, um sorriso – genuíno e puro – florescendo em seus lábios.

Elas voaram. Rápidas, livres, como duas faíscas de luz atravessando o firmamento. Por um momento, não havia sonhos, visões ou profecias. Não havia medo.

Só havia o vento, as asas dos dragões batendo em sincronia e a risada de duas jovens que, por breves segundos, não eram princesas ou ladies da corte para seguirem regras – eram apenas garotas, voando rumo à liberdade.

E Helaena amava essa sensação de liberdade.

☼ ☽ ༄

Visenya.

A jovem mantinha Jaehaera aconchegada em seus braços, sentindo o leve peso da criança contra seu peito, enquanto os olhos adormecidos da menina mal tremulavam sob as pálpebras delicadas. O pátio de treinamento ecoava com o som seco de aço contra aço, a lâmina de Aemond deslizando contra a espada de Sor Criston em golpes calculados e implacáveis. Cada movimento de Aemond era uma dança afiada, uma exibição de força e disciplina que parecia hipnotizar a todos ao redor – exceto Jaehaera, que dormia tranquilamente, alheia ao mundo.

Ao lado de Visenya, Helaena observava em silêncio, com os lábios levemente franzidos, enquanto seus dedos brincavam com o bordado de sua saia.

— Jaehaerys está com Aegon — comentou a princesa de repente, sem desviar os olhos do treino. — Um milagre, na verdade. Meu irmão nunca foi muito presente com nossos filhos... mas ele parece ter um estranho favoritismo por Jaehaerys. Talvez pelo simples fato de ele ser seu herdeiro.

As palavras, embora ditas sem qualquer amargura, fizeram um desconforto gélido rastejar pela espinha de Visenya. Por que os homens Targaryen pareciam obcecados em ter filhos homens? Como se herdeiros fossem meros troféus, pesando mais do que a vida das filhas que traziam ao mundo. O pensamento a perseguiu, sombrio e inquietante, e ela se viu, contra sua vontade, imaginando se Aemond seria igual. Se, um dia, ao dar à luz uma filha, ele torceria para que a próxima criança fosse um filho, como se a menina fosse apenas um passo inacabado para um objetivo maior.

Os sons do treino ecoaram novamente, interrompendo seus pensamentos.

Foi então que percebeu os olhares. Sor Criston, entre um golpe e outro, lançava-lhe olhares discretos – ou talvez nem tão discretos assim. Seus olhos escuros demoravam-se em sua figura por mais tempo do que o necessário, examinando-a de uma maneira que fez a pele de Visenya arrepiar sob as camadas de tecido. Era um olhar predatório, quase despido de qualquer vergonha, que a fez apertar Jaehaera um pouco mais junto a si, como se a menina adormecida pudesse protegê-la daquela sensação repugnante.

Aemond, alheio ao incômodo de Visenya, desferia um golpe final, forçando Sor Criston a recuar um passo, quando uma figura surgiu à beira do pátio. 

— Príncipe Aemond. — A voz suave de Talya, uma das damas de companhia da rainha Alicent, cortou o ar. — A rainha solicita sua presença, e a da princesa Helaena, com a lady Visenya. Os Velaryon chegaram.

Helaena ergue levemente o rosto, com uma expressão vaga em seus olhos claros, enquanto Visenya sentia Jaehaera remexer-se em seus braços. Talya, sem pedir permissão, estendeu os braços para a menina, arrancando-a gentilmente dos braços de Visenya.

— Venha cá, pequenina. — murmurou a dama de companhia.

Jaehaera soltou um resmungo adormecido, com seu nariz enrugando-se antes de se aconchegar no ombro da mulher. Visenya hesitou por um momento, observando a criança ser levada embora, como se uma parte sua quisesse puxá-la de volta para os seus braços.

Aemond aproximou-se, então, com a respiração ainda levemente alterada pelo treino, e Visenya, instintivamente, entrelaçou seu braço ao dele.

— Estou apresentável para conhecer os Velaryon? — sua voz saiu baixa, quase tímida.

A resposta do Targaryen veio rápida, sem hesitação.

— Você está perfeita, a mais bela de todas.

O calor subiu ao rosto de Visenya, embora ela não soubesse ao certo se era pelo elogio ou pela tensão latente que se infiltrava em seu peito.

Juntos, seguiram Helaena até a grande entrada do castelo, onde a comitiva Velaryon já os aguardava. A ausência do rei Viserys era notória; no entanto, a rainha Alicent, o lorde mão Otto Hightower e o príncipe Aegon estavam posicionados à frente, prontos para recepcioná-los, com seus semblantes cuidadosamente compostos, embora a tensão pairasse no ar como uma lâmina invisível. O lorde Corlys, imponente como uma tempestade marítima, estava ao lado de sua esposa, a princesa Rhaenys, cujo olhar afiado parecia perscrutar cada canto do salão com uma intensidade felina. Ao lado deles, as netas Baela e Rhaena – a primeira com o queixo erguido e um brilho travesso nos olhos, enquanto a segunda mantinha uma expressão mais reservada, quase tímida.

Quando se aproximaram mais, Aegon inclinou-se ligeiramente para Helaena, sussurrando em seu ouvido com um meio sorriso preguiçoso:

— Deixei Jaehaerys com as amas dele.

A princesa nada respondeu, apenas desviou os olhos por um breve momento, como se o comentário de seu marido não merecesse mais do que um instante de sua atenção, antes de voltar a encarar a comitiva recém-chegada.

Lorde Corlys foi o primeiro a falar, com sua voz grave e ressoante.

— Lady Visenya — cumprimentou ele, com um breve aceno de cabeça. — Ouvi falar da senhorita. É um prazer finalmente conhecê-la.

Ela inclinou levemente a cabeça, com as palavras presas na garganta ao encarar o homem cujo nome era quase tão lendário quanto o de sua esposa.

— Lady Visenya — disse Rhaenys. Seu sorriso era uma linha fina, tão enigmático quanto ela própria. — Eu estava curiosa para conhecê-la... a senhorita aparenta ser... bastante intrigante.

Ela sentiu um leve aperto no estômago, mas manteve a voz firme ao responder.

— Agradeço, princesa Rhaenys. É um prazer conhecê-la, tanto a senhora quanto o lorde Corlys.

De relance, captou o mínimo sorriso de Aemond ao seu lado, discreto, mas carregado de algo que quase parecia orgulho. O silêncio que se seguiu pareceu pesado, carregado de expectativas não ditas.

Baela, impaciente, rompeu o silêncio.

— A viagem foi longa e entediante — declarou. — Gostaria de passear pelos jardins para me livrar desse cansaço. Lady Visenya, você poderia nos acompanhar? Rhaena e eu adoraríamos sua companhia.

Rhaena lançou um olhar quase suplicante para a irmã mais velha, claramente desconfortável em ficar sozinha com os outros Targaryen.

Visenya hesitou por um instante, mas, ao notar o olhar expectante de Baela, assentiu com um leve sorriso.

— Claro. — respondeu suavemente. — Será um prazer.

Antes que pudessem sair, Aemond inclinou-se levemente, com a mão segurando o braço dela em um gesto quase possessivo.

— Não demore — disse ele, com a voz baixa, carregada de uma intensidade velada.

Visenya apenas assentiu, sentindo aquele aperto invisível que sempre a envolvia quando estava sob o olhar atento de Aemond.

                                              {...}

O jardim da Fortaleza Vermelha exalava um perfume suave de lavanda e rosas, enquanto o sol poente tingia o céu de tons dourados e alaranjados. As folhas balançavam suavemente ao ritmo da brisa leve, mas Visenya pouco conseguia apreciar a beleza ao seu redor. Seu coração martelava em seu peito, uma mistura de ansiedade e desconforto, enquanto caminhava ao lado das gêmeas Targaryen.

Baela andava com passos decididos, a postura ereta e o queixo erguido, enquanto Rhaena, ao seu lado, parecia menor, mais contida, com os dedos constantemente brincando com a barra da manga de seu vestido. A diferença entre as irmãs era gritante: Baela carregava um fogo inquieto nos olhos, uma vontade feroz de desafiar o mundo, enquanto Rhaena parecia feita de brisa e seda, suave e cuidadosa em cada gesto.

— Então, lady Visenya. — Baela quebrou o silêncio abruptamente, com os olhos brilhando de curiosidade. — Como você e o príncipe Aemond se conheceram?

A pergunta caiu como uma pedra pesada no estômago de Visenya. Seus lábios se entreabriram, mas nenhuma palavra saiu nos primeiros segundos. A lembrança da forma como conhecera Aemond sempre vinha acompanhada de uma avalanche de recordações – algumas cortantes como uma lâmina afiada, que ela desejava fervorosamente esquecer. Ela precisou reunir todas as suas forças para esconder o tremor em sua voz. Não se sentia confortável em falar sobre o que realmente acontecera com ninguém, especialmente com duas desconhecidas que ainda eram primas dele.

Então, seria mais fácil para ela omitir parte da verdade.

— Eu... eu estava servindo bebidas no... no bordel em que trabalhava — disse finalmente, mantendo os olhos fixos em uma rosa vermelha que florescia perto de seus pés. — O príncipe Aemond chegou lá e me pediu uma bebida. Conversamos a noite toda e... e ele passou a me visitar com certa frequência. Até que, bem, acabamos... aqui.

Houve um breve silêncio, tão denso que parecia quase sufocante.

Rhaena foi a primeira a falar, com sua voz doce, mas firme.

— Espero que nosso primo esteja tratando você bem, lady Visenya — disse ela, com seus olhos claros cheios de uma preocupação genuína. — Pelo que me lembro da última vez que o vi, a personalidade de Aemond nunca fora fácil de lidar.

Ela sentiu seu corpo endurecer por um instante, mas conseguiu forçar um sorriso brando.

— Ele... ele tem sido correto e respeitoso comigo.

Baela arqueou uma sobrancelha, claramente nada convencida.

— Você é bem corajosa, lady Visenya — disse ela, com uma pitada de provocação dançando em sua voz. — Afinal, casar-se com Aemond... ele é caolho. E, claro, ainda roubou o dragão que pertencia à nossa mãe. Vhagar deveria ser de Rhaena por direito.

A afiação nas palavras de Baela foi como um estalo seco no ar. Rhaena pareceu encolher-se um pouco mais, com os olhos fixos no chão. Visenya, no entanto, inspirou profundamente antes de responder.

Lembrou-se de uma frase que lera em um dos livros enquanto estudava alto valiriano ao lado de Helaena: zaldrīzes buzdari iksos daor – um dragão não é um escravo. A sentença ecoou em sua mente como um lembrete claro de que, assim como um dragão não podia ser subjugado, também não podia ser herdado. Dragões eram conquistados, e se Vhagar escolheu Aemond, a culpa não era totalmente dele.

— O fato de Aemond não ter um olho não faz diferença alguma para mim, lady Baela. — Sua voz soou mais firme do que esperava. — E, sobre Vhagar... acreditava eu que um dragão não era um escravo, e muito menos uma herança a ser passada de mãos em mãos. Não há como herdar um dragão. Eles escolhem seus cavaleiros, não o contrário.

Baela a encarou por um longo momento, com seus olhos faiscando como brasas. Então, para surpresa de Visenya, a jovem Targaryen sorriu – um sorriso genuíno e travesso, como se estivesse acabado de encontrar algo que a divertisse.

Sem aviso, Baela entrelaçou seu braço ao dela, puxando-a um pouco mais perto.

— Sabe, lady Visenya, eu gostei de você — disse ela, com a voz cheia de uma confiança despretensiosa. — Acho que podemos ser boas amigas.

Visenya piscou, surpresa com a repentina mudança de clima, mas acabou sorrindo levemente.

— Eu concordo com você, lady Baela.

Rhaena ergueu os olhos, com um pequeno sorriso se formando em seus lábios, e as três seguiram caminhando pelo jardim, com os passos mais leves, como se um laço invisível houvesse acabado de se formar entre elas.

{...}

A noite estendia seu manto negro sobre Porto Real, com estrelas espalhadas pelo céu como joias perdidas, enquanto uma brisa suave dançava através das frestas das janelas dos aposentos de Visenya. Seu quarto estava mergulhado em uma penumbra acolhedora, iluminado apenas pela tênue luz das velas espalhadas em pontos estratégicos. E, ali, entre os lençóis desarrumados e respirações entrecortadas, ela estava sentada no colo de Aemond, sentindo seu membro duro roçar contra sua bunda, presa entre o corpo quente dele e a fria realidade de suas circunstâncias.

Desde que o rei Viserys decidira que seria mais adequado que eles não compartilhassem o mesmo quarto – uma tentativa fútil de impor distância entre os recém-casados – Aemond e Visenya passaram a usar as passagens secretas do castelo para se encontrarem nas sombras da noite. Uma rotina arriscada, mas que ambos pareciam incapazes de abandonar.

Os lábios deles se encontravam com um fervor quase desesperado, como se cada beijo fosse uma batalha por domínio. As mãos de Aemond exploravam sua cintura, deslizando por sua curva até a coxa, seus dedos longos e hábeis apertando sua pele macia. Visenya arfava contra sua boca, uma mistura de desejo e cautela, cada toque acendendo um fogo em seu ventre. O Targaryen rosnou baixinho quando ela arranhou levemente sua nuca, puxando-o ainda mais para si.

— Me diga — ele sussurrou contra seus lábios, com a voz rouca e carregada de luxúria. — O que você e minhas primas tanto conversaram hoje no jardim?

Visenya piscou, a pergunta agindo como um balde de água fria sobre sua mente nublada. Seu coração ainda martelava, e ela demorou um momento para recuperar o fôlego.

— Nada demais... — sua voz veio trêmula, não tanto pela mentira, mas pelo peso da lembrança. — Apenas... assuntos de garotas.

Aemond arqueou uma sobrancelha, o brilho em seu único olho violeta sugerindo que ele não estava totalmente convencido. Mas, em vez de insistir, ele deslizou a mão para a base das costas dela, puxando-a para outro beijo ardente. As palavras foram esquecidas rapidamente.

Os dedos dela começaram a desabotoar a blusa de dormir dele, cada movimento revelando mais da pele pálida e marcada por cicatrizes. O príncipe, por sua vez, puxou as amarras da camisola dela, ansioso demais para ser gentil, com um sorriso malicioso brincando em seus lábios.

Então...

TOC TOC TOC.

A batida na porta ressoou como um trovão no silêncio do quarto.

Visenya congelou, seus olhos arregalados encontrando o único olho de Aemond. A respiração dele estava pesada, seu peito subindo e descendo, claramente irritado pela interrupção.

— Fique quieta. — ele murmurou, levando um dedo aos lábios dela. — Assim, quem quer que seja, vai embora.

— Visenya? — A voz de Baela rompeu o silêncio do lado de fora. — Você está aí?

A platinada arregalou ainda mais os olhos. O Targaryen, por sua vez, fechou o único olho dele com força, como se implorasse aos deuses por paciência.

— Visenya? — Rhaena chamou em seguida. — Viemos ver você!

Para piorar, Helaena acrescentou, com sua voz suave:

— Espero que não estejamos incomodando...

Baela bufou. — Não é possível que ela já esteja dormindo!

As batidas continuaram insistentes. Visenya mordeu o lábio, lançando um olhar nervoso para Aemond.

— Elas não vão embora — sussurrou ela, enquanto se levantava do colo de seu marido.

Ele levantou-se, seguindo-a apressadamente. — Então, finja que não está aqui.

— Eu preciso atendê-las, Aemond! — ela retrucou, empurrando-o em direção à passagem secreta.

— Está me expulsando? — O príncipe pareceu ofendido, embora seus lábios ainda tivessem um traço de diversão.

— Sim. — Ela rosnou. — Agora vá.

Aemond lançou-lhe um olhar teatralmente ferido. — Preferindo a companhia delas à minha? Estou magoado com você, minha doce esposa.

Visenya empurrou-o mais uma vez. — Vá logo!

Por fim, ele desapareceu pela passagem secreta, mas não sem antes lançar um último olhar cheio de promessas silenciosas. Quando a figura do Targaryen se dissolveu nas sombras, ela rapidamente fechou a passagem, empurrando a parede de pedra de volta ao lugar com um gesto apressado.

Antes de abrir a porta, ela se dirigiu ao espelho para verificar sua aparência. No pescoço, as marcas de beijo que Aemond fizera estavam lá, visíveis para todos, e ela tentou escondê-las com seus cabelos longos, sem muito sucesso. Com um suspiro suave, ajustou as amarrações da camisola que ele desamarrou com facilidade, dando-se ao menos o conforto de parecer mais composta.

Quando terminou, caminhou até a porta e a abriu. Baela estava ali, com os braços cruzados e a expressão impaciente. As garotas estavam todas com suas vestes de dormir, observando-a em silêncio.

— Finalmente! Achamos que você tinha morrido.

Visenya tentou controlar sua respiração. — Desculpe, eu... estava ocupada.

Baela arqueou uma sobrancelha, claramente notando o rubor em seu rosto, mas decidiu não comentar.

— Bem. — Rhaena interveio com um sorriso doce. — Viemos fazer uma... noite das garotas para podermos nos conhecer melhor. Espero que não se importe.

— Não... claro que não. — Visenya balbuciou. — Por favor, entrem.

As três entraram, e ela fechou a porta atrás delas, tentando ignorar a sensação dos lábios de Aemond ainda queimando sua pele.

A noite das garotas começou devagar, mas logo se transformou em uma troca leve de confidências e risos. Baela, sempre direta, iniciou uma conversa sobre os cavaleiros de Porto Real.

— Eu vi Sor Arryk no pátio de treinamento hoje — disse ela, se jogando na cama de Visenya com os braços estendidos. — Não me importaria de vê-lo sem a armadura...

Rhaena corou violentamente. — Baela!

Visenya sorriu de canto, ainda um pouco desconfortável, mas achando a sinceridade da gêmea mais velha intrigante.

Helaena, por outro lado, estava acariciando uma mariposa que encontrara perto da janela, falando suavemente sobre como aquelas criaturas eram incompreendidas.

— As mariposas voam para a luz, mesmo sabendo que podem morrer — disse ela, quase como um sussurro.

Baela olhou sorrindo para a princesa. — Sim, Helaena, infelizmente a natureza pode ser tragicamente trágica.

Elas riram da fala da pentoshi, e Visenya começou a relaxar.

À medida que a noite avançava, as garotas começaram a fazer penteados umas nas outras, com Visenya trançando os cabelos prateados de Baela, enquanto Rhaena, ao seu lado, trançava os cabelos de Helaena. A gêmea mais velha, com um sorriso satisfeito nos lábios, comentou:

— Amanhã vai ser divertido. Estou ansiosa pela chegada do meu pai, da minha madrasta, dos meus irmãos e dos meus primos. Tenho certeza de que você vai gostar de conhecê-los, Visenya.

Rhaena sorriu suavemente. — Vai mesmo, especialmente nossos irmãos e primos; eles são adoráveis.

Visenya, enquanto trançava os cabelos de Baela, nada respondeu; apenas perdeu-se em seus pensamentos. A ideia da família Targaryen inteira reunida em um mesmo lugar pesava em sua mente. Um encontro de dragões, como as lendas diziam. E ela não pôde deixar de se perguntar o que aquilo traria... e o que a aguardava.

☼ ☽ ༄

Notas: passando aqui só para agradecer (porque eu não tenho nada para falar 🙏🏻) aos 4k de favs e aos mais de 2k de comentários djakahsjakhshak. Eu amo vocês, véi! Nunca imaginei que essa história tomaria tamanhas proporções em tão pouco tempo. Fico muito feliz que vocês aparentam estar gostando e também saibam que o meu passatempo favorito é escrever isso aqui! Obrigada por me incentivarem cada vez mais a querer escrever essa história! 💗

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