A LUA, O CAOS E A LIBERDADE [+18]

Celine

Pether se levantou e eu logo vi os três olharem pra nossa mesa. Pra mim foi como se o tempo tivesse parado e meu coração pudesse ser ouvido a quilômetros de distância. As íris não eram mais rubras, mas agora tinham um tom azulado e estavam voltadas para mim. O olhar do homem mais alto e de cabelos negros estavam totalmente concentrados em mim. O mesmo lobo negro que avistei na beira da estrada pela janela do ônibus estava ali a poucos metros de distância. Perto do meu único ponto de fuga.

- Se quiser pode esperar lá fora. Vou pagar e logo vamos embora. - Concordei e me levantei também.

Pether foi em direção a eles e eu fui em direção a saída com passos firmes. Passei a dois metros de distância do Alpha e pude sentir o ar pesado. O cheiro de hortelã e almíscar era evidente. Eu tinha sentido essa mesma essência na floresta quando ele apareceu. Não consegui nem encará-lo direito quando entrou. De perto ele parecia ainda mais intimidante e todas as palavras de ódio que estavam guardadas dentro de mim se desmancharam. E eu esperei. Esperei que ele me parasse ou me impedisse de sair, mas ele não fez nada enquanto eu andava até a saída com o coração na boca.

Abri a porta da frente e pisei lá fora. Respirei fundo e senti parte do peso saindo das minhas costas. Encostei na parede do lado de fora e esperei Pether, com o coração ainda a mil. Se Connor saísse aqui e tentasse uma conversa, não sei se eu seria capaz de fazer meu cérebro funcionar. Passei a mão no cabelo e suspirei.

Por que Pether está demorando tanto?

Eu não ia suportar ficar ali nem por mais um segundo. Andei de um lado pro outro e acabei passando na frente da janela. Meus olhos pousaram automaticamente na figura que estava a uns 3 metros do outro lado. Estava com os braços cruzados e encostado no pilar ainda junto a Pether e o outro homem. Dominic devia ter voltado a trabalhar, pois não estava mais entre eles.

Um arrepio subiu pela minha nuca quando ele virou o rosto na minha direção e me viu através do vidro. Seu olhar era como gelo apesar de ter uma feição neutra no rosto. Automaticamente cerrei as sobrancelhas e franzi o nariz num rosnado de meio segundo. Pois quando lembrei que estava em público, me forcei a relaxar e sair de perto da janela.

Odiava olhar para aquele rosto porque era como se nada pudesse atingi-lo. Não pense que eu vou ceder tão facilmente, Alpha.

Pether

Celine tinha saído e percebi que Connor ficou incomodado quando ela passou por ele sem nem olhá-lo na cara. O Alpha logo cruzou os braços e encostou no pilar com a cara fechada. Um arrepio desconfortável pinicou meu corpo e eu segurei minhas palavras rudes. Isso devia ser novidade para ele. Ser ignorado por uma fêmea.

Logo depois que expliquei rapidamente as coisas ao Alpha sobre a resposta de Celine, paguei Dominic pelo almoço e quando me virei pra sair, Connor me chamou.

- Kai vai ficar de olho em vocês a partir de agora. - Encarei ele e depois encarei Kai que parecia mais tranquilo do que ontem.

- Não entrando no meu caminho, tudo bem. - Falei e ele riu com desdém.

- Você é só um solitário. Eu posso fazer o que eu quiser. - Respondeu.

- Eu também posso. Principalmente afundar esse seu nariz no soco. - Falei e Connor pigarreou lembrando-nos de que estávamos em um restaurante.

- Ele não vai entrar no seu caminho a não ser que veja algum de vocês fazendo algo suspeito. Como tentar quebrar o nosso combinado. - "E fugir". Foi o que Connor não disse.

- Bom senhores, vejo que estão se resolvendo, então vou voltar a trabalhar. - Dominic mal esperou e saiu de perto de nós. Não o julgo. Também ia querer ficar longe dessa rodinha.