Fazia uma semana desde que eu voltara de Mônaco e vi Charles pela última vez. Alguns colegas do meu curso de História da Arte chegaram a fazer algumas piadinhas comigo, pois me reconheceram nas fotos que vazaram na mídia. Eu não dizia nada para não aumentar ainda mais a fofoca e não criar falação.
Donatella era a pessoa mais próxima que eu tinha nas aulas e ela brincou que tinha percebido que eu andava mais feliz e que agora entendia o motivo. Não sei se a considero minha amiga, mas ela era a minha parceira em tudo na universidade, inclusive quando precisava fugir mais cedo das aulas, agora ela entendia quem era o causador das minhas fugas.
Eu estava sentido falta de Charles, mas não tinha muito o que fazer. Precisava estudar e ele voltar aos treinos, já que as corridas voltavam em algumas semanas.
Estava revisando algumas anotações para o trabalho final de um seminário, mas minha cabeça não conseguia focar. A saudade de Charles estava constante, quase como um peso no peito. A última semana tinha sido um misto de emoções. Desde que voltei de Mônaco, parecia que tudo ao meu redor lembrava ele — a música que tocava no rádio, o cheiro do café pela manhã, até mesmo os momentos de silêncio ou o barulho da chuva.
Quase todos os dias ele me ligava ou mandava mensagens. Algumas vezes, quando eu menos esperava, chegava uma foto engraçada ou uma mensagem curta, mas cheia de carinho.
— Por que você está sorrindo desse jeito? — Donatella perguntou, me arrancando dos meus pensamentos enquanto revisávamos juntas na biblioteca.
— Estou? — tentei disfarçar, mas era impossível negar.
— Claro que está. Desde que voltou de Mônaco, parece que vive nas nuvens. — ela riu, me cutucando com o cotovelo. — Deixa eu adivinhar, ele te mandou uma mensagem agora, não foi?
— Talvez — admiti, um pouco envergonhada.
Donatella soltou uma risada baixa, balançando a cabeça.
— Você tem noção de que está vivendo o sonho de metade da população mundial, não é?
Revirei os olhos, mas acabei rindo junto.
— Não é bem assim.
— Ah, claro que não — ela disse, sarcasticamente. — Por isso você parece uma adolescente apaixonada sempre que fala com ele.
Tentei voltar a focar nos estudos, mas a verdade é que eu sentia falta dele mais do que estava disposta a admitir.
Quando cheguei em casa naquela noite, depois de uma longa tarde na biblioteca, encontrei um envelope deixado por baixo da porta. Meu coração disparou antes mesmo de abri-lo. Era um pequeno cartão, com uma letra que reconheci imediatamente:
Anna, espero que esteja aproveitando as aulas e seus projetos, mas quero te lembrar de tirar um tempo para você também. Estou morrendo de saudades.
Com carinho,
Charles.Dentro do envelope, havia uma passagem de trem para o fim de semana seguinte e um bilhete extra:
Pensei que você gostaria de uma visita à Maranello.
Me sentei no sofá, segurando o cartão e a passagem, sentindo tão feliz pelo convite. Charles sempre sabia exatamente o que fazer para me surpreender.
Peguei o telefone quase tremendo de ansiedade. Meu coração parecia bater mais rápido do que o normal, e eu sentia um sorriso involuntário surgir no meu rosto só de imaginar ouvir a voz dele. Assim que apertei para chamar, fiquei encarando a tela, cada toque parecendo uma eternidade.

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MORE THAN I CAN SAY
FanfictionUma jovem brasileira vai para a Itália fazer um curso de história da arte, lá ela consegue uma oportunidade com a qual sempre sonhou, a de ir em uma corrida da F1. Em meio ao cheiro de borracha queimada, gritos de torcida e muita competi??o, Anna co...