Eu acordei com uma leve luz da fresta que se formava pelo vento que entrava na janela aberta. O cheiro dela estava espalhado pelo quarto. Passei a mão pela cama procurando por ela, mas não estava lá. Chamei o seu nome e ninguém respondeu, então vi que as malas já não estavam no quarto.
Rapidamente eu coloquei uma roupa e corri em direção ao saguão, ligando para o celular dela que só dava caixa postal.Quando cheguei no saguão do hotel, Lorenzo e Mia se viraram e olhar deles em mim era de quem sente muito.
Ela foi embora e nem se despediu.
Anna
E lá estava eu retornando a minha pequena cidade. Aquela estrada pela qual passei tantas vezes indo em busca de apoio e conforto nos braços da minha família, mais uma vez era molhada com as minhas lágrimas.
Mais uma vez eu chorava pelas dores que Victor havia me causado, mas desta vez, entre todas elas, foi a pior.Apesar de todas as promessas que eu e Charles fizemos um ao outro, não podia ter certeza de que tudo iria se resolver como esperávamos. Não depois das ameaças que eu recebia por celular e que escondi de Charles, depois de fugir do amor da minha vida para que ele não corresse riscos.
— Vai dar tudo certo. — disse Beatriz segurando minha mão.
Não conseguia responder, apenas fiz que sim com a cabeça. Ali eu podia ser fraca, sentir medo e chorar como uma criança que rala o joelho.
Beatriz me olhava com preocupação, mas também com aquela firmeza que só ela tinha. Era como se quisesse me transmitir toda a força que sabia que eu precisava, mesmo que eu me sentisse esgotada demais para aceitar.
A paisagem familiar passava pela janela, mas minha mente estava presa em um turbilhão de pensamentos. Cada quilômetro que nos aproximava da cidade parecia trazer um peso maior ao meu peito. Eu estava voltando para casa, mas ao mesmo tempo sentia como se estivesse fugindo.
— Não precisa se culpar por tudo isso, sabe? — Beatriz continuou, sua voz tranquila. — Você está fazendo o que acha certo, e isso já é mais do que muita gente faria.
Eu respirei fundo, tentando conter as lágrimas que teimavam em cair.
— Mas e se eu estiver errada? — finalmente murmurei, minha voz quase inaudível. — E se eu perder tudo por causa dessa decisão?
Ela apertou minha mão com mais força, seus olhos fixos nos meus.
— Você não vai perder nada que realmente importe, Anna. O que é seu, de verdade, vai continuar sendo seu, não importa o que aconteça agora.
Suas palavras eram reconfortantes, mas minha mente insistia em questionar. Victor havia roubado tanto de mim, não apenas momentos e segurança, mas também a paz que eu achava que nunca mais voltaria a ter. E agora, estava levando embora a chance de viver plenamente o amor que encontrei com Charles.
A estrada parecia interminável, e mesmo com Beatriz ao meu lado, eu me sentia terrivelmente sozinha.
Os dias que passei em Vale das Pedras foram monótonos e eu tentei ficar longe do telefone o máximo que podia. Beatriz passou aqueles dias comigo e todos os dias ela me levava uma flor e falava que foi Charles quem havia mandado. Sinceramente? Não sei se era verdade ou se era apenas ela tentando me ajudar a ser tudo um pouco mais suportável.
Eu não perguntei. Não tinha coragem de saber a verdade, e, no fundo, queria acreditar que eram mesmo dele. Cada flor que Beatriz colocava ao meu lado parecia trazer um pouco da presença de Charles para aquele lugar. Era uma pequena chama no meio de toda a escuridão que me envolvia.

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MORE THAN I CAN SAY
FanfictionUma jovem brasileira vai para a Itália fazer um curso de história da arte, lá ela consegue uma oportunidade com a qual sempre sonhou, a de ir em uma corrida da F1. Em meio ao cheiro de borracha queimada, gritos de torcida e muita competi??o, Anna co...